Philippe no Barça. Alegria para Tite. Tristeza para Neymar

Era a negociação que Tite mais ansiava. Não que ele torça para o Barcelona. Mas o treinador da Seleção Brasileira sabia o quanto Philippe Coutinho estava desgostoso, tenso. O jogador de 25 anos queria jogar na Catalunha há mais de um ano. E os espanhóis não conseguiam convencer a cúpula do Liverpool a liberá-lo. Na Inglaterra não existe multa rescisória. O clube cobra quanto quiser.

Philippe Coutinho pediu nas duas últimas janelas para o clube inglês liberá-lo. Chegou a implorar para Jürgen Klopp, mas o treinador alemão não abriu mão do seu futebol. Só que desta vez, não houve jeito. Pela quantia exorbitante de 160 milhões de euros, cerca de R$ 622 milhões, do Barcelona, e mais 15 milhões de euros, R$ 58 milhões, que Coutinho deixou de cobrar do Liverpool, a transação foi fechada. 

E ele é jogador do Barcelona. Assinou contrato por cinco anos. A imprensa catalã está eufórica. Tem a certeza que, por sua polivalência, Philippe Coutinho será o substituto ideal para Iniesta, que fará daqui quatro meses, 35 anos. Ernesto Valverde insistia na contratação. Porque tem certeza que o potencial ofensivo do Barcelona ficará muito mais poderoso, com mais criatividade, intensidade.

O irônico da situação é que quem insistia há tempos para o Barcelona contratar Coutinho foi Neymar. Ele trabalhou dos dois lados. Seduziu o jogador do Liverpool, mostrando o quanto ele teria para crescer na carreira, atuando em uma equipe muito mais poderosa do que o Liverpool. Com Messi, Suárez, Iniesta, Piquet.

Não bastasse Neymar, Paulinho também seguiu na campanha. O volante brasileiro e companheiro de Coutinho na Seleção, só falou ao meia como estava feliz e valorizado na Catalunha. 

Philippe Coutinho cresceu muito nas mãos de Klopp. O meia que saiu do Vasco para a Inter de Milão por 4 milhões de euros, R$ 15,5 milhões, em 2010, não tinha um décimo da visão de jogo e inteligência tática de hoje. Sofreu na adaptação ao futebol europeu. Acabou emprestado ao Español. Retornou melhor à Itália. E acabou comprado pelo Liverpool em 2013 por 13,7 milhões de euros, R$ 57,2 milhões, em 2013.

E foi crescendo tanto em Liverpool quanto na Seleção Brasileira, se tornando aos poucos, jogador fundamental. Com Klopp aprendeu a colocar sua versatilidade de vez em campo. Atuando pela direita, pela esquerda. Marcando, tocando a bola de primeira. Usando todo o potencial. Virou quase um Iniesta jovem, só que com mais apetite para marcar gols.

Neymar insistiu tanto com Coutinho da importância de ir para o Barcelona, que acabou se arrependendo. Porque, quando foi parar no Paris Saint-Germain, ele tentou fazer o meia trocar sua obsessão. E jogar no futebol francês. Só que já era tarde demais. As conversas entre representantes do time catalão com o brasileiro estavam cada vez mais fortes.

A ponto de enganar a própria Nike. A fornecedora de material esportivo do Barcelona há mais de duas décadas se precipitou há seis dias. E divulgou o seguinte anúncio. " Philippe Coutinho está pronto para brilhar no Camp Nou. Compre a camisa da temporada 2017/2018 do Barcelona com seu nome. Mas, vá rápido: a personalização gratuita está disponível só até 6 de janeiro." A publicação aconteceu no dia 31 de dezembro. 

A própria direção do Barcelona exigiu que a Nike tirasse do ar a publicidade.

Os dirigentes do Liverpool se revoltaram.

E quase a negociação naufraga.

Mas deu tudo certo.

O Barcelona gasta com gosto 160 milhões de euros. 60 milhões de euros a menos que recebeu por Neymar. É a segunda transação mais cara no futebol, em todos os tempos. A direção do clube espanhol não se importa em não poder escalar Philippe Coutinho na atual Champions, o meia já defendeu o Liverpool nesta edição.

Mas não há problema.

Os catalães sabem que virão, no mínimo, mais quatro Champions.

Nelas Coutinho deverá ser personagem fundamental.

Para sossego de Tite, a negociação que ele queria, aconteceu.

E tristeza de Neymar no PSG.

Seu parceiro na Seleção há muitos anos...