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Cosme Rímoli - Blogs
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Palmeiras proíbe homens em coletiva de Leila. E se um presidente proibisse mulheres em uma entrevista? 

A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, que já falou que repórteres mulheres não cobram 'contratações e melhorias', decide dar uma coletiva sem a presença de homens

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli


Leila Pereira erra. Coletiva só para repórteres mulheres. Ela afirmou que elas 'não cobram'
Leila Pereira erra. Coletiva só para repórteres mulheres. Ela afirmou que elas 'não cobram' Cesar Greco/Palmeiras

São Paulo, Brasil

Jamais na história centenária do futebol brasileiro, houve uma entrevista coletiva, que jornalistas mulheres fossem proibidas de entrar.

Nunca.

Apesar de todo machismo tóxico que ainda domina o futebol, o espaço para a mulher nunca esteve tão grande.

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Merecidamente, como os homens, as competentes estão fazendo reportagens, editando, dirigindo programas, apresentando, comentando, transmitindo.

E também comandando clubes, como Leila Pereira.

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Mas a presidente do Palmeiras, com a alegação de inovação, decide ir por um caminho estranho.

Neste momento importante, de reestruturação, de início de uma temporada fundamental para o clube, opta por promover uma coletiva de imprensa 'apenas para mulheres'.

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Será na próxima terça-feira, às 13 horas, no Centro de Treinamento da Barra Funda.

Sua mais recente entrevista havia acontecido em outubro, há três meses, portanto.

A entrada de jornalistas homens, na terça-feira, será proibida.

O que pode parecer um ato de feminismo acaba com outra conotação.

A de que o sexo feminino não a cobra, só a parabeniza.

Basta lembrar o que Leila declarou em março de 2023, ao jornal Estado de São Paulo

"Quando as mulheres chegam em mim e falam: 'Parabéns, Leila, você nos representa de uma forma espetacular’ eu fico muito orgulhosa.

"As mulheres me parabenizam e me elogiam pelo meu trabalho, muitos homens também.

"Mas as mulheres não me cobram reforços e melhorias."

Como assim, não cobram reforços e melhorias?

As declarações de Leila ganham muito mais impacto com esse anúncio da coletiva feminina.

Quando ela disse que 'mulheres (jornalistas) não cobram reforços e melhorias' é um grave engano.

Porque elas cobram, sim.

A visão da dirigente se mostra turva.

Sua conquista, chegando à presidência do Palmeiras é raríssima e brilhante.

Há outros bilionários que fracassaram neste objetivo.

Mas quando acusa o futebol de ser sexista, Leila erra a mão.

Não é uma vitória das mulheres essa coletiva, como a dirigente quer fazer parecer.

Na verdade, segundo ela acredita, não haverá cobranças de reforços ou melhorias, como disse.

Como só se os homens pudessem entrar, haveria.

Uma enorme bobagem.

Ela terá de dar explicações pelas repórteres mulheres.

Tanto quanto seria cobrada por repórteres homens.

O 'pioneirismo' precisa ser analisado com mais profundidade.

São vários portais, jornais, tevês e rádios que não têm setoristas mulheres cobrindo o Palmeiras. Só alguns.

Como acontece no Corinthians, no Santos, no São Paulo.

Por exemplo, uma repórter que cobre o Corinthians tem de ir para a tal coletiva porque o colega que cobre o Palmeiras não poderá entrar.

É justo?

Não é uma 'vitória das mulheres'.

É uma derrota do jornalismo.

Do sexismo invertido.

Se um presidente resolvesse proibir mulheres de participar de uma entrevista coletiva, o que aconteceria com ele?

Ou um treinador só falasse com homens?

Ou atleta negasse a dar depoimento a mulheres?

Escolher, por gênero, quem pergunta é absurdo.

Leila está cometendo um grande erro.

Deverá ser até mais cobrada do que seria em uma coletiva normal.

Será obrigação das repórteres que estarão no Palmeiras.

Elas não nasceram para elogiar.

Mas para serem jornalistas.

E repórteres têm na essência o questionamento.

Independente de nascerem homens ou mulheres...

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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