Palmeiras trabalha em sigilo. Conmebol proíbe quebra de protocolo nos jogos da Libertadores. Mas Leila não esquece o racismo contra Luighi
A Conmebol multa clubes que não sigam o protocolo nos torneios que organiza na América do Sul. Mas, a direção do Palmeiras quer que seja marcante o reencontro com o Cerro Porteño. Atos racistas no Paraguai fizeram Luighi, 18 anos, chorar. Algo acontecerá no Allianz
Cosme Rímoli|Do R7

A Conmebol não permite mudanças nos seus protocolos.
As partidas da Libertadores, da Sul-Americana e de todas as competições que organiza, seguem as determinações da entidade.
Clubes que decidiram fazer homenagens ou festejar uma data particular foram multados.
Essa é a regra.
Na atual Libertadores, a entidade ordenou que, pela luta contra o racismo, jogadores dos dois times devem ficar perfilados por 20 segundos. Os jogadores se misturando. Para mostrar que não há segregação.
E só.
Mas, acontece que o destino foi irônico.
Luighi, que se tornou símbolo involuntário da luta contra o racismo, colocou frente a frente Palmeiras e Cerro Porteño.
Torcedores do time paraguaio, em uma partida no dia 7 de março, humilharam o garoto de 18 anos.
Seu crime?
Ser negro.
Houve atitudes racistas, tão comuns contra clubes brasileiros, na América do Sul.
Torcedores não só imitaram, como o chamaram de macaco.
Não satisfeitos, na partida no Paraguai, cuspiram no seu rosto.
Luighi chorou diante das câmeras da própria Conmebol, que transmitia o jogo.
Perguntado sobre a partida, ele percebeu que o repórter não iria tocar no racismo que sofreu.
E reagiu.
“Não, não. É sério isso? Vocês não vão me perguntar sobre o ato de racismo que ocorreu hoje comigo? É sério? Até quando vamos passar por isso? Me fala, até quando? O que fizeram comigo é crime, não vai perguntar sobre isso?”
Falou com lágrimas nos olhos.
O Palmeiras interpelou a Conmebol.
A entidade apenas proibiu que os dois jogos restantes do Cerro Porteño, na Libertadores sub-20, não tivessem público.
E multa de R$ 288 mil pagos à entidade.
Ou seja, a Conmebol lucrou com o ato de racismo.
A CBF pediu a eliminação do Cerro da Libertadores sub-20, mas o pedido foi desprezado.
E a vida seguiu.
A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, se recusou a ir ao sorteio dos grupos da Libertadores da América dos times profissionais.
Como protesto.
No sorteio, o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, comparou a Libertadores sem clubes brasileiros a ‘Tarzan sem (a macaca) Chita’.
Desrespeito inacreditável.
E o sorteio colocou o Palmeiras contra o Cerro Porteño.
O reencontro entre os clubes está marcado para hoje, às 21h35, no Allianz Parque.
Oficialmente, o clube paulista não pode sair do protocolo da Conmebol.
Mas, o blog teve a informação que haverá uma manifestação contra o racismo.
A maneira ainda é tratada como segredo no Palestra Itália.
Luighi, os jogadores e a Comissão Técnica esperam uma atitude marcante da direção.
E algo vai acontecer.
Provavelmente usando os telões do estádio.
Para não se chocar frontalmente com o protocolo da Conmebol.
Mas o que se passou por Luighi não será esquecido.
Muito pelo contrário...