Palmeiras pressiona Abel Ferreira a explicar, e assumir, pré-contrato assinado com clube do Catar
O Al-Saad, do Catar, cobra na Fifa o não cumprimento do pré-contrato assinado pelo treinador do Palmeiras, no dia 15 de novembro de 2023. Garantia que assumiria no dia 27 de dezembro do ano passado. Não foi. Árabes exigem R$ 27 milhões por ter ficado no Brasil

Abel Ferreira sempre foi um defensor da transparência.
Desde que chegou ao Palmeiras, em outubro de 2020, cobra o futebol brasileiro por seu calendário caótico, a falta de critério na arbitragem, o estado dos gramados, a ética na imprensa.
Mas Abel foi acionado judicialmente pelo Al-Sadd, do Catar.
Junto à Fifa.
O motivo não é nada nobre.
Os árabes alegam que assinou um pré-contrato, garantindo que iria trabalhar do outro lado do mundo, a partir do dia 27 de dezembro de 2023.
Abel não foi, renovou como o Palmeiras.
E os catarianos querem paga multa de 5 milhões de euros, cerca de R$ 27,7 milhões, que constaria no documento.
Abel Ferreira já havia dito para Leila Pereira desse pré-contrato.
E, de acordo com conselheiros muito ligadas a ela, a dirigente o convenceu a ficar.
Tanto que seu compromisso com o clube paulista foi renovado até o final de 2025.
Só que a direção do Al-Sadd não digeriu bem essa mudança nos planos.
Uma situação é carta de intenção de trabalho.
Outra é um pré-contrato, garantia que o profissional vai assumir o cargo ou pagar a multa por mudar de ideia.
O dinheiro precisa ser pago, com urgência.
Porque a difícil situação pode respingar no Palmeiras.
Basta o clube catariano alegar que houve aliciamento por parte da equipe onde ele já trabalha.
Ou seja, a interferência financeira para que Abel não cumprisse seu pré-contrato.
A situação é constrangedora.
Abel e Leila Pereira já consultaram o departamento jurídico palmeirense.
E para que o treinador ou o clube sofram sanções, a decisão é que o dinheiro tem de ser pago.
Conselheiros ficaram surpresos e decepcionados com a atitude do português.
Em momento algum havia dito claramente que deseja trocar o futebol brasileiro pelo catariano.
Seu discurso interno é que sonha em evoluir na carreira, trabalhando em um grande da Europa.
Vale lembrar que ele viajou para o Catar e conheceu as instalações do Al-Sadd, em 2023.
A viagem não foi secreta.
Mas Abel jamais tocou no assunto pré-contrato.
A data alegada no qual o documento foi assinado foi pouco antes da reviravolta do Palmeiras no Brasileiro, de 2023, que parecia perdido.
O treinador português tem duas saídas.
A primeira, mais coerente do que tanto cobra no Brasil, seria explicar, em detalhes, o motivo que o fez assinar o pré-contrato.
Se estava no ‘seu limite’, cansado do futebol deste país.
Se queria ganhar muito mais dinheiro.
Se ficou encantado com a infraestrutura do Al-Sadd.
Assim também como mostrar o que o fez mudar de ideia.
A insistência de Leila Pereira, que montou todo o planejamento do futebol em cima dos pedidos de Abel.
E o pedido de sua mulher Ana Xavier, para não trocar o Brasil pelo Catar.
Ou, a segunda, pior.
Dizer que é um problema pessoal.
E se calar, não admitindo questionamentos.
Dirigentes, conselheiros e torcedores palmeirenses adoram Abel.
Não importa o que faça.
Seus dez títulos, entre outubro de 2020 e 2024, se tornando o melhor treinador da história do Palmeiras, fazem com que tudo seja permitido.
Abel Ferreira irá reencontrar a imprensa nesta quinta-feira, depois da partida pela Copa do Brasil, em Ribeirão Preto, contra o Botafogo.
Conselheiros e membros da direção palmeirense querem que se posicione, esclareça toda a situação.
O treinador sabe que dificilmente escapará de um certo desgaste.
Há, sim, decepção com sua atitude, no Palestra Itália.
Exatamente por não mostrar o que cobra quase que diariamente.
Transparência.
O Al-Sadd não procuraria a Fifa à toa.
E ele sabe muito bem disso...