Palmeiras não perdoa. Mustafá, aos 82 anos, intimado pela Polícia. Pela segunda vez tem o nome envolvido com cambistas
O ex-presidente, que mandou politicamente por décadas no Palmeiras, tem de responder à polícia em investigação de cambistas. Um ingresso com seu nome foi apreendido nas mãos de um criminoso
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Sem perdão.
Sem clemência, apesar dos seus 82 anos.
Leila Pereira quer fazer de Mustafá Contursi um símbolo contra os cambistas, desde que seja comprovada a culpa de um dos homens mais poderosos da história do Palmeiras.
A história é vergonhosa.
E remonta ao ano de 2017.
Mustafá foi presidente entre 1993 e 2005. Mas seguiu comandando politicamente o clube até 2017, quando houve o rompimento com Leila Pereira.
Foi ele quem "criou" Leila como dirigente.
Ela era a presidente da Crefisa, bilionária patrocinadora do Palmeiras. Pretendia seguir apenas expondo a marca de suas empresas no clube. Mas houve um constrangedor desentendimento entre Leila e o ex-presidente Paulo Nobre, que se dizia "filho de Mustafá".
Mas Contursi ficou do lado de Leila, que decidiu presidir o clube. Os dois se aliaram a Mauricio Galiotte.
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Estava tudo acertado, ela se tornou a conselheira mais votada da história do Palmeiras. Apoiou financeiramente a Mancha Verde, a tornou pela primeira vez campeã do Carnaval de São Paulo.
Tudo caminhava bem até que a polícia encontrou ingressos nas mãos de cambistas, em 2017, que faziam parte do lote de 70 que Leila dava a Mustafá para ele distribuir a conselheiros que a apoiavam politicamente.
Mustafá foi indiciado como cambista.
Acabou condenado à multa de R$ 26 mil.
Mas a condenação foi anulada pelo Superior Tribunal de Justiça, em 2020.
O motivo da anulação: o juiz que condenou Mustafá não estava apto, porque não pertencia mais à Vara Especializada do Torcedor.
De qualquer maneira, a questão estava resolvida.
Só que, outra vez, o nome de Mustafá Contursi está envolvido com cambistas.
Na partida contra o Athletico, na semifinal da Libertadores, a polícia deteve cambistas que estavam vendendo ingressos na porta do Allianz Parque. E com um dos criminosos havia um ingresso nominal. Destinado ao ex-presidente Mustafá Contursi.
A polícia paulista o intimou para depor e ele pode sofrer outra acusação formal, por envolvimento com os cambistas.
Conselheiros da situação, contra Mustafá Contursi, passaram a tarde desta quarta-feira telefonando para jornalistas, para falarem da situação.
A atual direção não quer mais o menor envolvimento com o ex-presidente.
Mais de 600 membros do programa Avanti, de sócios-torcedores, foram expulsos. Por suspeita de trabalharem com cambistas.
Mustafá diz que não precisa de ingressos, já que tem cadeira cativa no Allianz. Garantiu que ganha ingressos e os dá a "amigos". Reafirma "não ter culpa" se um desses amigos resolveu vender o ingresso que ganhou.
A situação é constrangedora.
Mas Leila Pereira reafirma.
Quer que a investigação vá "até o fim".
Ela está obcecada em acabar com os cambistas que assediam o Palmeiras.
E Mustafá Contursi, homem que a encaminhou politicamente no clube, se tornou um símbolo involuntário dessa obsessão.
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