Palmeiras comemora quase como se fosse um título. Reviravolta, e River compra Borja. Prejuízo com o atacante é 'só' de R$ 28 milhões
Direção dava negociação como perdida depois que o River foi eliminado da Libertadores. Mas Gallardo exigiu o jogador, que custou R$ 70 milhões ao Palmeiras. Clube brasileiro recuperou R$ 42 milhões do que gastou
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Foi um alívio quando, no fim da tarde, chegou aos celulares de membros importantes da diretoria do Palmeiras uma singela imagem.
Nela, Borja posava com a camisa do River Plate.
Era a confirmação de uma reviravolta que nem a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, acreditava que iria acontecer.
Finalmente, o clube se livrou de sua mais cara e mais frustrante contratação.
E conseguiu amenizar o prejuízo de ter investido R$ 70 milhões no atacante colombiano.
Dinheiro, por sinal, emprestado pela própria Leila Pereira quando era "apenas" presidente da Crefisa, patrocinadora do clube.
A negociação foi feita pelo ex-executivo do clube Alexandre Mattos, em 2017. E não precisou da aprovação de treinador algum. Foi iniciativa do dirigente, com a qual o ex-presidente Mauricio Galiotte concordou. E o dinheiro, emprestado pela Crefisa.
De personalidade difícil, muito introspectivo, e que pensava usar o Palmeiras como trampolim para um grande clube europeu, Borja não confirmou ser o grande jogador com que todos sonhavam depois dos jogos decisivos da Libertadores de 2016.
Como o blog já publicou, ele não conseguia mostrar o mínimo talento nos fundamentos básicos, de acordo com os técnicos que o comandaram. Como Eduardo Baptista, Cuca, Mano Menezes e Felipão.
Abel Ferreira até que tentou, mas logo desistiu do jogador.
Ele foi emprestado ao Junior Barranquilla, depois ao Grêmio, que pagou R$ 5 milhões. Fracassou também no Rio Grande do Sul, no ano passado.
E depois o Palmeiras conseguiu vender, por R$ 20 milhões, 50% do atacante ao Junior Barranquilla. A direção do clube paulista ainda combinou que, caso algum clube desejasse comprar o atacante, a equipe colombiana não poderia vender apenas a sua metade.
Pois era exatamente isso que estava acontecendo. O treinador do River Plate, Marcelo Gallardo, pediu um definidor à diretoria do clube argentino. E deu Borja como opção. Ele acreditava que o atacante de 29 anos poderia acrescentar muito ao seu time.
As negociações aconteciam desde maio. Mas apenas entre o Junior Barranquilla e o River Plate. Quando, em junho, as duas partes se acertaram em 3,5 milhões de dólares, R$ 18,7 milhões, houve revolta no Palmeiras.
A presidente Leila Pereira cobrou o executivo Anderson Barros. E ele entrou em contato com o Junior Barranquilla. Foi firme em relação ao acordo de venda integral de Borja, ou nada feito. A irritação foi tanta que os dirigentes do Palmeiras não só ameaçaram romper com o Junior Barranquila como levar o clube colombiano e até o River Plate à Fifa. Os argentinos tinham de comprar também a metade palmeirense.
O Junior Barranquilla e o River Plate cederam. E o acordo foi fechado em 6,5 milhões de dólares, cerca de R$ 34,2 milhões.
Só que houve a possibilidade de o clube argentino contratar o uruguaio Luis Suárez. E a negociação com Borja foi paralisada. Suárez gostou da possibilidade de trabalhar com Gallardo. E de ficar próximo de sua família, em Montevidéu.
Mas aconteceu o inesperado. O River Plate foi eliminado da Libertadores, nas oitavas, pelo Vélez.
Suárez desistiu publicamente da transação.
A direção do River Plate também não via motivo para investir, já que o time fora eliminado do principal torneio de 2022.
Só que Marcelo Gallardo foi firme. Precisava de um atacante como Borja para seguir trabalhando no River Plate com possibilidades de conquista.
A direção do Palmeiras já dava a negociação como perdida.
Para piorar, o governo argentino resolveu taxar as negociações, que envolviam a saída de dólares do país.
Mas os clubes conseguiram convencer o governo de que as transações de jogadores não deveriam ser taxadas.
E o River Plate pôde cumprir o que havia combinado em junho.
Sim, é verdade, a reviravolta definitiva.
Por 6,5 milhões de dólares, Borja é jogador do River.
E até fez fotos oficiais com a camisa da nova equipe.
Finalmente alívio no Palestra Itália.
Dos R$ 70 milhões investidos, R$ 42 milhões recuperados.
O prejuízo foi de "apenas" R$ 28 milhões.
E a frustração com o erro gravíssimo que foi a sua contratação.
Por isso a comemoração da venda por parte de pessoas ligadas à direção do clube.
Quase como se fosse a conquista de um título...
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