Palmeiras busca se vingar. Plano é ganhar Paulista e desprezar FPF
Acossado pelo regulamento que evita boicote e impede uso de filmagem extra-oficial nos tribunais, Galiotte articula retaliações ao 'Paulistinha'
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
No regulamento oficial do Campeonato Paulista de 2019, há um nada singelo quarto parágrafo, no artigo 45, Arbitragem.
"A eventual existência de outros vídeos com outros ângulos obtidos em partidas com
transmissão direta são oficiosas e não afetarão as decisões da arbitragem, seja para
impugnação do resultado, seja para obter qualquer espécie de reparação pelos clubes
disputantes ou por terceiros."
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E também vale detalhar o quarto parágrafo do artigo Condição de Jogo.
Dentre os atletas relacionados na súmula, entre titulares e reservas, poderão ser
incluídos no máximo 5 (cinco) na condição de não profissionais, com menos de 20 (vinte)
anos completos e mais de 16 (dezesseis) anos completos.
A cúpula do Palmeiras, principalmente o presidente reeleito Mauricio Galiotte, tomou como medidas de retaliação do presidente Reinaldo Carneiro Bastos.
O dirigente ainda não conseguiu digerir o fato de Galiotte ter qualificado o torneio de "Paulista", deixar claro sua insignificância. E ainda boicotar a festa de entregas de prêmios da FPF. O clube tinha o melhor treinador, o artilheiro da competição e oito jogadores dos 11 que formavam a 'seleção' do Estadual.
A comemoração foi vergonhosa.
Tudo por conta de Galiotte ter a certeza de que houve interferência na arbitragem de Marcelo Aparecido de Souza, que marcou um pênalti de Ralf e Dudu. E depois voltou atrás. Sua decisão levou dois minutos e cinquenta segundos, o que despertou a desconfiança de infererência externa, o que é proibido pela Fifa.
Além de vetar Marcelo Aparecido de Souza para sempre, o Palmeiras tomou outras providências. Brigou na justiça desportiva brasileira tentando anular a final vencida pelo Corinthians. Utilizou vários vídeos independentes, mostrando a movimentação de pessoas ligadas à Federação Paulista que estavam ao lado do gramado. E que poderiam ter visto o lance por celular e alertado sobre o erro do árbitro.
Galiotte não foi à Fifa e à Justiça Comum para evitar o desgaste do Palmeiras. Em reuniões com conselheiros importantes do COF e do Conselho Deliberativo entendeu que não 'valeria a pena'.
Várias pessoas ligadas à Reinaldo Carneiro Bastos tentaram, em vão, a reaproximação de Galiotte.
Não conseguiram.
O presidente da FPF ouviu várias vezes os boatos de que o Palmeiras desprezaria o Paulista. E repetiria o que fez o Athetico Paranaense no seu estadual, colocar o time sub-23 em campo.
Ele se preveniu ao colocar no regulamento da competição de 2016, o número máximo de 26 atletas inscritos e desses, apenas cinco entre 16 e 20 anos poderiam estar entre os titulares e reservas.
Galiotte poderia esquecer, se fosse aplicar o boicote.
Mas a estocada final foi proibir o uso de vídeos 'extra-oficiais' nos tribunais, em caso de divergência.
O que vale, principalmente serão as imagens do VAR, que será usado a partir das quartas-de-final. A Federação Paulista de Futebol conseguiu o respaldo legal para eventuais cobranças.
Outra medida que conselheiros palmeirenses acreditam ter sido elaborada especialmente para travar Galiotte.
Evidente que o dirigente ficou revoltado.
Porque se eventualmente acontecer um erro grave, que decida o campeonato, e for registrado fora da filmagem oficial da FPF, não terá validade alguma.
Depois de conversar com lideranças históricas, como o presidente do Conselho Deliberativo, Seraphim del Grande, e também com Felipão e Alexandre Mattos, o Palmeiras decidiu dar 'o troco' na FPF.
Primeiro ponto. Apesar de não ter 'validade legal', o Palmeiras filmará todas as suas partidas no Paulista na sua arena. Não há como a FPF impedir, já que o estádio é uma propriedade privada.
E se o clube se considerar prejudicado, divulgará as imagens. Os dirigentes acreditam que elas poderão ter força para desmoralizar a competição, caso fique provado um erro do VAR.
Além disso, a tendência, de acordo com Felipão e Mattos, é o Palmeiras disputar para ganhar o Paulista.
O elenco mais caro e com mais opções da América do Sul poderá jogar a sério a fase de grupos da Libertadores e o Estadual.
A primeira fase para o Palmeiras na competição internacional será disputada entre 5 de março e 9 de maio.
O Paulista, ou Paulistinha, como diz Galiotte, acontecerá entre 20 de janeiro e 21 de abril.
O Palmeiras terá como usar a força máxima nas duas competições.
Principalmente na fase aguda do torneio de Bastos.
O título vale R$ 5 milhões e R$ 1,6 milhão ao vice.
O clube arrecadou R$ 17,9 milhões, só com seus torcedores, em 2018.
A previsão, se colocar titulares importantes, em partidas em casa, chegar a R$ 20 milhões, caso dispute o título.
Felipão é tradicionalista e considera qualquer conquista importante, até o estadual.
A vingança completa de Galiotte seria estragar de vez a festa da FPF, de Bastos.
Fazer o Palmeiras, campeão, não ir buscar o troféu.
E novamente boicotar a comemoração.
Para depois organizar a sua festa, com seus jogadores, sócios e torcedores.
O Palmeiras estará pronto para enfrentar o regulamento da FPF.
E seguirá rompido com a Federação Paulista.
Principalmente se for campeão de São Paulo em 2019...
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