Palmeiras, avassalador, massacra o Vasco, de Diniz. Ganha o jogo em 23 minutos. Mostra rancor de Rogério Ceni. E redescobre Rafael Veiga.
3 a 0 foi muito pouco, diante da distância técnica entre Palmeiras e Vasco. Time da Abel Ferreira liquidou o jogo no primeiro tempo. E se poupa para o reencontro com o rival São Paulo, domingo

Fernando Diniz deveria ter estudado mais o Palmeiras.
Se tivesse o cuidado de analisar os últimos três jogos do time de Abel Ferreira no Allianz Parque, no Brasileiro.
O treinador português tem aproveitado adversários mais fáceis, para liquidar os confrontos no primeiro tempo.
E poupar seus jogadores para as próximas partidas.
Foi o que aconteceu com Sport, Internacional e Fortaleza.
Diniz não levou a sério o enredo previsível.
Pior para o Vasco, que tomou logo três gols, e não teve a mínima força de reação. Derrota por 3 a 0.
“Eu gostaria de dedicar essa vitória ao Lucas Evangelista. Jogador que aprendi a admirar há muitos anos, na altura que era treinador em Portugal, mas não conhecia o nível do caráter, da pessoa. Esses valores só conheces nos jogadores quando os tens contigo.
“Aconteceu essa lesão, mas esta vitória é para ele. Falei isso com os jogadores, acho que merece por tudo que representa para nós, por toda a importância que tem dentro do grupo, onde precisamos de novos líderes e ele é um líder super positivo. Mesmo quando não joga, a forma como incentiva os colegas.”

Lucas Evangelista rompeu o tendão da coxa direita contra o Bahia, no domingo.
Sua contusão refletiu diretamente na maneira tática de o Palmeira jogar.
Abel Ferreira recuou Andreas Pereira e o fez o principal jogador da saída de bola da intermediária. Enquanto Aníbal Moreno protegia os zagueiros, o ex-jogador do Fulham articulava o início dos ataques, com Felipe Anderson, que finalmente encontrou seu lugar no time.
Para completar o trio, Abel fez questão de apostar novamente em Raphael Veiga, que não consegue render seu melhor futebol há um ano e meio, quando o Palmeiras não quis vendê-lo para a Europa.
E ontem, não. Ele estava completamente encaixado, vibrante, redescobrindo a alegria de jogar. De ser peça importante para o clube da Água Branca.
O quarteto teve ótima movimentação, diante das espaçadas intermediárias vascaínas. O que foi maravilhoso para Vitor Roque, e principalmente, Flaco López, cada vez mais confiante.
Com o Palmeiras marcando forte, destemido, a saída de bola vascaína, em 23 minutos, tudo estava decidido. Quem se atrasou e chegou tarde no Allianz, deve estar arrependido.
Flaco López marcou aos sete e aos 17 minutos. E serviu seu parceiro, Vitor Roque, para marcar 3 a 0, aos 23 minutos.
Com a partida decidida, aos poucos, o Palmeiras foi diminuindo o ritmo. Travado nas intermediárias, o Vasco não tinha a menor condição de reagir. A derrota estava consumada. Seus atletas lutaram para não serem humilhados com uma goleada histórica.
Mas isso não fazia parte dos planos de Abel. Ele queria a vitória. E poupar seus atletas para um adversário incômodo, mesmo vivendo péssima fase, como agora. O São Paulo, no domingo.
E foi trocando jogadores no segundo tempo, degustando mais três preciosos pontos.
Não houve um gol de ‘ligação direta’, como garantiu Rogério Ceni, que o Palmeiras constrói seus triunfos.
Aliás, o clima de rancor contra o técnico do Bahia esteve muito presente nos vestiários palmeirenses, após vencerem, sem a menor dificuldade, o time do ex-treinador da Seleção, Fernando Diniz.

“Chega ser incrível ouvir o que a gente ouvir. Não acompanho rede social, não acompanho. Mas, falar que o Palmeiras só dá chutão e não falar do campo que jogamos domingo.
“Aquilo foi uma falta de respeito com os atletas jogar naquele campo. Era o que tinha para fazer naquele momento, porque o campo não oferecia condições de jogar, de sair jogando, correr riscos.
“Isso é passado, a gente sabe o que está fazendo. Ninguém vence tantos anos seguidos só dando chutão. É olhar dessa forma, as performances, os números.
“A história fala por si só”, desabafou Weverton, que foi quem mais expôs, de maneira sincera, o choque com o ataque gratuito de Ceni.
Abel Ferreira se mostrou magoado.
Ele sempre teve uma ótima ligação com o treinador do Bahia.
Nos bastidores do Palmeiras, acredita que o ataque de Ceni foi uma maneira para desviar os holofotes do péssimo gramado da Fonte Nova, pintado de verde, onde o Bahia se acostumou a jogar. Além da decadência do time nordestino no segundo turno do Brasileiro.

Abel deu um ‘tapa de luva de pelica’ em Ceni. Em vez de rebater o treinador do Bahia, por tentar menosprezar seu trabalho, o português o elogiou. Como sempre fez, desde que chegou ao Brasil, por sinal.
‘’Eu vou ser coerente com aquilo que eu disse até mesmo antes do jogo. Eu tenho muito respeito e consideração pelo Rogério Ceni. Eu disse antes do jogo que é um dos melhores técnicos brasileiros, é meu colega de profissão. Eu sei o quão difícil é. O meu foco não é comentar, é uma opinião dele.
“Respeito, admiro muito e sei o quão difícil é ser profissional nessa profissão. Ele é meu colega de profissão. Não é só com o Rogério Ceni que eu tenho muito respeito e admiração, mas com todos os brasileiros.
‘’Não tenho problema em dizer isso. Foi um dos técnicos que eu presentei com uma garrafa de vinho, inclusive, não lembro se ele estava no Flamengo, Bahia... Vou continuar focado em melhorar a minha equipe e os meus jogadores para que o Palmeiras continue ganhando. Opinião cada um tem a sua."
Com essa atitude de Abel, o Palmeiras fechou a noite ‘perfeita’ que viveu no Allianz Parque.
O São Paulo que se prepare...