Os alucinados cinco anos de Deyverson no Palmeiras estão no fim. Herói da Libertadores irá embora
Clube contratou o jogador com mera compensação por não ter conseguido Diego Costa. Com direito à muita confusão e pouco futebol, Deyverson foi ficando. Mas seu contrato em junho não será renovado
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
O ano, 2017.
O Palmeiras queria Diego Souza.
Cuca o considerava a peça ideal, que faltava ao seu time, no objetivo maior daquele ano: a Libertadores.
O jogador estava no auge. O Sport Recife pediu R$ 30 milhões ao executivo Alexandre Mattos. O presidente Mauricio Galiotte achou o preço absurdo, por um atleta com 31 anos.
Mattos recebeu a indicação de empresários que havia um atacante alto, definidor, vibrante na Espanha, era do Levante, mas estava jogando emprestado no Alavés. Com apenas 26 anos. E ele custaria R$ 19 milhões.
Ele se chamava Deyverson.
Cuca o conhecia. E entendeu bem a situação. Diego Souza não viria. E se titubeasse ficaria também sem Deyverson.
Autorizou sua contratação, o elogiou.
A Crefisa, patrocinadora, emprestou o dinheiro. E ele foi comprado.
Desde os primeiros treinos, no entanto, ficou claro que ele não tinha nem a metade do potencial técnico de Diego Souza. Tentava compensar com dedicação total aos treinos e aos jogos. Exagerava, no entanto, nas provocações e simulações. Caiu no gosto dos torcedores, mas não da imprensa, foi muito criticado não só pelo futebol ruim. Mas por expulsões infantis.
Com Cuca, o Palmeiras fracassou na Libertadores de 2017, logo nas oitavas-de-final, em pleno Allianz Parque, diante do Barcelona de Guayaquil. O técnico foi mandado embora, em outubro.
Chegou Felipão, o protegeu como pôde, o tratou quase como um pai. Ele não rendia, mas treinava de forma aluciada, ao contrário do acomodado Borja. Daí atuar várias vezes como titular. Com futebol inconvincente e problemático, com direito à expulsões incompreensíveis. Até por cusparada contra Richard, em um clássico contra o Corinthians.
No entanto, em 2019, o inesperado aconteceu. O Shenzhen da China ofereceu 15 milhões de euros, cerca de R$ 69 milhões, na época. Houve festa na diretoria. O clube teria R$ 50 milhões de lucro e devolveria o dinheiro emprestado que a Crefisa cedeu. Só que Deyverson se recusou a ir, revoltando os dirigentes palmeirenses.
A avaliação geral no Palmeiras o transformou Deyverson em um reserva dispensável. Tanto foi emprestado ao Getafe, depois ao Alavés, com a esperança de venda. Os dois clubes não quiseram comprá-lo, por conta do desempenho fraco.
Voltou ao Palmeiras. Abel Ferreira percebeu que ele seria reserva para situações extremas. E a final da Libertadores de 2021 foi uma delas. Deyverson entrou e sua estrela brilhou, ao tomar a bola do desatento Andreas Pereira e marcar 2 a 1 para o Palmeiras, contra o Flamengo, na prorrogação.
Foi seu grande momento no clube.
Agora, o contrato de cinco anos, terminará em junho. A diretoria já deixou bem claro: não haverá renovação. Ele já pode assinar pré-contrato com quem quiser.
Teimoso, como sempre, Deyverson pretende esperar o quanto puder, para mostrar que merece seguir no Palmeiras.
Só que a questão está fechada para Abel Ferreira. Ele quer, precisa, de um atacante alto, que atue como pivô, mas seja muito mais técnico e veloz que Deyverson. O sonho é Pedro, do Flamengo.
O jogador fará 31 anos em maio.
Foi um erro de avaliação do clube, que gastou muito dinheiro, fez um contrato de cinco anos, com um jogador de potencial técnico baixo. Graças à pressão pelo clube não conseguir contratar Diego Costa.
Deyverson vive seus últimos meses de Palmeiras.
Em 122 jogos, marcou 28 gols e deu nove assistências.
Números muito baixos para um artilheiro.
Ainda espera uma milagrosa reviravolta.
Que a direção do clube já antecipa que não virá.
Os cinco intensos anos de Deyverson caminham para o fim.
Nem o paterno Felipão o salvaria.
Assim como o gol que marcou na decisão da Libertadores...
De Neymar a Guardiola: veja os gandulinhas que viraram estrelas do futebol mundial
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.