Odiosos racistas do Zenit forçam saída de Malcom. Pela pele negra
O clube que nasceu em homenagem a Stalin, ditador sanguinário e racista, segue envergonhando a Rússia. E rejeita Malcom. Por ser negro
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
"Não somos racistas, mas para nós a ausência de futebolistas negros no plantel do Zenit é uma importante tradição que reforça a identidade do clube.
"Somos a equipe mais ao norte das grandes cidades europeias e nunca tivemos vínculos com a África, a América Latina, Austrália ou Oceania.
"Não temos nada contra habitantes destes continentes, mas queremos que joguem no Zenit atletas afinados com a mentalidade e o espírito da equipe.
"Grande parte desses campeonatos é jogada em climas duros. Nessas condições, às vezes é difícil para os jogadores técnicos de países quentes exibirem seus talentos no futebol de forma completa.
Queremos jogadores mais próximos da nossa alma e mentalidade para jogar pelo Zenit. E somos contra a inclusão de representantes das minorias sexuais no time."
Manifesto das maiores torcidas do Zenit
2012
“Agora, os jogadores negros de futebol estão sendo impostos quase pela força ao Zenit. E isso causa apenas uma reação adversa.
"Deixe-nos ser o que somos."
Manifesto das maiores organizadas do Zenit
2019
Desta maneira vergonhosa, chefes das principais torcidas do Zenit, querem pressionar o clube a se livrar de Malcom.
O que deveria ser motivo de orgulho, afinal o clube contratou o atacante brasileiro do Barcelona, por 40 milhões de euros, R$ 172 milhões, se tornou vexame mundial.
Pela postura racista dos torcedores de San Petersburgo.
Malcon está sendo rejeitado por ser negro.

Assim que sua contratação foi anunciada, já houve demonstração de ódio nas redes socias dos ultra, parte radicalmente racista do clube.
Esses torcedores têm orgulho de 'proteger'o clube de negros e homossexuais.
É uma tradição que vem desde a fundação do clube, que nasceu em1925, em uma usina siderúrgica. Primeiro, o clube foi batizado de Stalinets, em homenagem Joseph Stalin.
Sim, levava com orgulho o derivado do nome de um dos 'heróis' da Revolução Russa, de 1922.
Stalin foi também um dos mais sanguinário ditadores da história da humanidade. E, além de tudo, profundamente racista. Não tolerava negros.
Essa tradição se manteve no clube até o final da década de 40, quando assumiu o apelido popular, Zenit.
Zênite significa o ponto mais alto do céu.

Só que a mentalidade racista continua, até hoje.
Foram inúmeros de casos levados até a UEFA. De jogadores negros em equipes adversárias reclamando dos torcedores organizados, com seus gritos e imitações de macacos.
O caso mais famoso para o Brasil foi quando o lateral esquerdo Roberto Carlos, jogando no Anzhi, do Daguestão.
Em 2011, a equipe iria enfrentar o Zenit, em San Petersburgo, e bananas foram mostradas ao brasileiro. Os torcedores o comparavam a um macaco.
A foto ficou famosa no mundo todo.
Mas a Federação Russa não tomou providência alguma.
Além do que acontece nos estádios, há relatos de jogadores negros humilhados em aeroportos, supermercados, postos de gasolina. Onde os torcedores radicais os encontram, os ofendem. Mandam embora da Rússia. É vergonhoso.
Só que além de racistas, eles são hipócritas.
Porque nos últimos anos, com o fortalecimento econômico do clube, alguns jogadores que não eram absoltuamente brancos, como o brasileiro Hulk, foram aceitos e tratados como ídolos.
Na partida de estreia de Malcom, de sábado, contra o Krasnodar, a festa esperada pelos dirigentes, pela chegada do jogador do Barcelona, virou uma enorme frustração.

Além das vaias dos radicais aos jogador negro, eles levaram uma faixa. Nela a mensagem irônica, ressaltando a intolerância.
"Obrigado aos diretores por respeitarem nossas tradições."
As "tradições" eram referência ao racismo que nasceu com a equipe que reverenciava Stalin.
Já circula pelas agências de notícias do mundo todo que Malcom deverá ser vendido pelo Zenit no final do ano. Não importa se ele for bem, marcar muitos gols.
Sua pele seguirá sendo negra.
A pressão está muito forte.
Os dirigentes têm medo de serem atacados fisicamente pelos ultras.
Infelizmente, a UEFA e a FIFA assistem de camarote essa selvageria, esse racismo absurdo na Rússia.
Malcom e seu empresário, Fernando Garcia, precisam entender que estão no olho do furação.
Deveriam saber onde estavam se metendo.
Não pensar apenas no dinheiro recebido.
O Corinthians já demonstrou solidariedade ao ex-jogador.
O presidente da CBF, Rogério Caboclo, tem a obrigação de fazer o mesmo.
E exigir que o presidente da Fifa, Gianni Infantino, intervenha.

Puna a Federação Russa para que o Zenit tire do seu estádio em São Petersburgo os racistas. Ou que seus jogos sejam disputados com as arquibancadas vazias.
O que não se admite é esse silêncio cúmplice.
Esse abaixar a cabeça aos racistas.
O Zenit envergonha a Rússia diante do mundo...