'O último dos últimos' está pronto para ser a 'surpresa' da Copa. Gabriel Jesus veio para o Catar bem diferente daquele da Rússia
Tite está surpreso com a personalidade de Gabriel Jesus, depois da péssima Copa que fez, há quatro anos e meio. Embora seja o menos badalado atacante aqui no Catar, jogador está pronto para 'roubar a cena'
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
Doha, Catar
Neymar - PSG, Vinicius Júnior - Real Madrid, Antony - Manchester United, Rodrygo - Real Madrid, Raphinha - Barcelona, Richarlison - Tottenham, Pedro - Flamengo, Gabriel Martinelli - Arsenal e Gabriel Jesus - Arsenal.
O último da lista de atacantes convocados por Tite para estar aqui no Catar é mesmo o último na sua preferência atual.
Gabriel Jesus.
Em quatro anos e meio tudo mudou.
Na Rússia ele era considerado, não só por Tite, mas por grande parte da imprensa mundial, como o companheiro ideal de Neymar.
Os dois estariam prontos para se transformar em peças fundamentais para o hexa.
Mas começou o Mundial.
E Gabriel Jesus foi o grande sacrificado de Tite. Para que Neymar tivesse fôlego e toda a energia para partir com a bola dominada diante dos adversários, o então atacante do Manchester City teve de correr atrás dos laterais e volantes que recuavam para sair jogando.
Faltou vivência, personalidade, aos 21 anos, também quando a bola chegava aos seus pés. Embora habilidoso e muito veloz, ele acabava por procurar, de forma previsível e insistentemente, passá-la para Neymar.
O camisa 9 da Seleção Brasileira, grande esperança de gols, passou em jejum na Rússia.
E foi perdendo cada vez mais espaço com Tite.
Na final da Copa América de 2019, mostrou enorme descontrole emocional. Acabou expulso diante do Peru, com direito a dar soco na cabine do VAR e fazer sinais de que a arbitragem estava "roubando" o Brasil.
Nos anos sequentes, viu surgir Raphinha e Antony, dois jogadores excelentes, canhotos, mas que ocupam exatamente a faixa em que gosta de atuar, onde mais rende.
Se a Fifa não abrisse a possibilidade da convocação de 26 atletas, por conta da Covid-19, Gabriel Jesus não seria chamado.
Mas ele entrou na cota de atletas que Tite teve a mais.
Gabriel Jesus perdeu espaço não só na Seleção como no Manchester City. Guardiola não se opôs à sua venda para o rival Arsenal. Por 289 milhões.
O jogador teve excelente início de temporada.
O que deu mais convicção a Tite para chamá-lo e deixar de lado, para surpresa do treinador alemão Klopp, Roberto Firmino.
Gabriel Jesus tem treinado muito bem.
Ao contrário de 2018, tem mostrado personalidade para lances individuais, chutes. Acabou a fixação por Neymar.
Gabriel Jesus aplaudiu de pé Richarlison, autor de dois gols contra a Sérvia. Um deles, maravilhoso, de voleio.
Viu a camisa 9 que já foi sua balançar a rede.
Agora, veste a 18, reserva. Com a desculpa matemática de que oito mais um dá nove.
Sabe que chegou muito atrás também de Raphinha, Antony. Menos badalado do que Rodrygo. Até de Pedro do Flamengo e do jovem Gabriel Martinelli, seu companheiro do Arsental, vai ganhando espaço.
Substituiu Richarlison, aos 32 minutos da partida contra a Sérvia, e mostrou ótima movimentação, deu opção para o ataque.
Muito mais parecido com o atacante talentoso que o Palmeiras lançou para o mundo do que a sombra que foi na Copa da Rússia.
Se em 2014 ele fez questão de ajudar na pintura das ruas do Jardim Peri, com as cores do Brasil, na Copa do Mundo, desta vez, em 2022, ele deu o dinheiro para a pintura.
Gabriel Jesus fez questão de não falar na zona mista, após a partida da Sérvia. Embora cercado de jornalistas, não quis dizer uma palavra sequer.
Sabe o quanto sua convocação foi contestada, o quanto perdeu espaço na Seleção.
Mas, amigos do jogador garantem, ele nunca esteve tão motivado na carreira para uma reviravolta.
Agora, aos 25 anos, está no auge de sua forma física.
E querendo mostrar que não merece o carimbo de "último dos últimos".
Tite e a comissão técnica estão animados com o jogador.
Ele garante que está preparado para ser a "supresa"' desta Copa...
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