Guerreiros, Corinthians e Vasco na final. Levados pelos renascidos Dorival e Diniz. Estão livres dos traumas da Seleção Brasileira
Os favoritos e estruturados Cruzeiro e Fluminense caíram. Não sobreviveram a rivais menos talentosos, mas com muito mais garra. E estratégia. Decidirão a Copa do Brasil de 2025
Cosme Rímoli|Do R7
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Os dois sofreram demais.
Estiveram à beira da depressão.
Fracassaram no cargo que mais sonharam durante suas carreiras.
Foi um difícil, terrível recomeço.
Mas finalmente Fernando Diniz e Dorival Júnior reconquistaram o direito de sorrir.
Ambos conseguiram o que quase ninguém no mundo do futebol acreditava.
Despacharam os favoritos e estruturados Cruzeiro e Fluminense da semifinal da Copa do Brasil.
Clubes que, por sinal, foram demitidos, de maneiras doloridas, inesquecíveis. Dorival em 2007, depois de classificar a equipe mineira para a Libertadores.
E Diniz, em junho de 2024, depois de levar, pela primeira vez a taça da Libertadores, às Laranjeiras.
Corinthians e Vasco fazem a decisão mais improvável de 2025.
Superação, dedicação, trabalho árduo, com elencos mais limitados e com número muito menor de opções táticas.
Os estrangeiros Leonardo Jardim e Luiz Zubeldía foram superados por dois treinadores brasileiros.
Fernando nascido em Patos de Minas e Dorival, Araraquara.
Mais ‘raízes’ impossível.
Se Hugo e Léo Jardim estão nas capas dos portais e no coração dos torcedores, defendendo pênaltis decisivos, que eliminaram Cruzeiro e Fluminense, foi o trabalho dos dois últimos brasileiros a comandarem a Seleção deste país que garantiu a decisão da Copa do Brasil a dois clubes gigantes, atormentados por dívidas, lutando contra transfer ban a cada mês.
Sem potencial humano para a disputa do Brasileiro, com suas 38 partidas, eles focaram no caminho mais curto da redenção.
A Copa do Brasil, com suas batalhas que exigiram mais sangue, luta, entrega e estratégia.
Com o apoio inacreditável de duas torcidas apaixonadas, que transformaram Itaquera, São Januário e Maracanã, bunkers de desvairados, capazes de fazer cada corintiano e vascaíno deixar sua alma no gramado, seguindo cegamente o que foi determinado por Diniz e Dorival.
Foi a entrega de quem precisava, e não sabia se receberia o salário no final do mês. De quem já sentiu o dinheiro faltar.
“No Brasileiro, os resultados não foram o que gostaríamos, eu reconheço, mas o caminho mostrou que algo poderia acontecer e estamos buscando na Copa do Brasil.
“São dois jogos finais.
“Minha quinta decisão na carreira, graças a Deus minha sexta semifinal, vamos fazer para que tudo aconteça por merecimento, a todos que acreditaram no trabalho de toda equipe que aqui está”, desabafou o treinador do Corinthians.
Ele tratou de reavivar sua autoestima, tão massacrada, quando saiu da Seleção Brasileira. Dorival sabia que estava sendo pressionado para fazer o Corinthians reagir.
E que poderia até perder seu emprego, caso seu time não reagisse. Já foi assim na quarta-feira passada, quando, em Belo Horizonte, no Mineirão, dobrou o Cruzeiro do português Leonardo Jardim.
Em Itaquera, o Cruzeiro se lançou ao ataque, para reverter a derrota por 1 a 0. E com Arroyo marcou dois gols. 2 a 0 garantiria a vaga na decisão.
Só que Dorival havia sido cirúrgico. Colocou Garro e Raniele e mudou o andamento da partida.
Matheus Bidu descontou, depois de uma blitz impressionante corintiana. Empurrado pela vibração da torcida, o Corinthians quase empatou a partida. Cássio e a trave salvaram o Cruzeiro.
“O Cruzeiro teve, a partir de um determinado momento, os dois volantes jogando muito. Estávamos tentando uma correção para buscarmos uma compactação maior e não estava acontecendo. Mudamos a postura, mudamos o entendimento.”
“Os jogadores acreditaram, tomamos o gol logo no início, foi um pecado. Depois, fizemos um segundo tempo quase que impecável. Merecíamos uma sorte um pouco melhor em relação ao volume e oportunidades que criamos”, resumiu, orgulhoso, Dorival.
Ele tem toda a razão.
O Corinthians merecia ganhar a vaga nos 90 minutos.
Mas veio a primeira decisão da semifinal da Copa do Brasil nos pênaltis.
Cássio defendeu a cobrança de Yuri Alberto, em péssima fase.
E trouxe toda dramaticidade.
A decisão estava empatada em 4 a 4.
Bastaria Gabigol marcar a sua e o time mineiro estava na final.
Mas mostrando, outra vez, o erro que foi a sua contratação midiática, o reserva fez muita pose e facilitou a defesa de Hugo.
Wallace, visivelmente tenso diante da responsabilidade, bateu muito mal e Hugo ‘cresceu’ debaixo das traves e defendeu.
Por último, o duelo foi de Bidon, 20 anos, contra seu ídolo, Cássio, 38 anos. A cobrança foi perfeita.
Corinthians 5 a 4.
Clube classificado para a decisão.
O enriquecido Cruzeiro eliminado, sem conquistar qualquer título em 2025. E com reformulação à vista.
Gabigol é o primeiro nome a não seguir na Toca da Raposa.
Mas havia o clássico do Maracanã.

O Vasco havia vencido o primeiro jogo por 2 a 1.
O Fluminense de Zubeldía lutaria por uma reviravolta.
E partiu para o ataque.
O treinador argentino sabia que seu time, desgastado pelo excesso de jogos no ano, tinha fôlego para só um tempo. E buscou vencer o clássico, e definir a classificação, nos primeiros 45 minutos.
E conseguiu marcar 1 a 0, depois de muita pressão, Paulo Henrique fez contra, aos 35 minutos.
Diniz havia montado sua equipe para contragolpear. E também apostava no cansaço do rival, na segunda etapa.
E o Vasco criou várias chances para liquidar o jogo.
Não conseguiu.
Veio a segunda decisão por pênaltis na Copa do Brasil.
E aí, brilhou Léo Jardim.
Se Vegetti desesperou os vascaínos, desperdiçando sua cobrança no meio do gol, facilitando a defesa do espetacular Fábio, Jardim foi sensacional.
Defendeu as cobranças de John Kennedy e Cannobio.
Vasco 4 a 3 no Fluminense.
O goleiro, que já havia sido o personagem da classificação nas quartas da Copa do Brasil, ao defender a cobrança de Alex Telles, e eliminar o favorito Botafogo, deu grande alegria ao clube cruzmaltino, que teve outro ano péssimo.
E teve de apelar a um empréstimo de R$ 80 milhões da presidente do Palmeiras, Leila Pereira, para o clube não travar, com falta de pagamento aos jogadores e aos seus funcionários.
Mas quem chamou a atenção foi Fernando Diniz.

Ele estava entusiasmado ao levar o Vasco à final. Ele não se esquece como sofreu ao ser demitido da Seleção.
E vibrou muito com a classificação.
“Foi um momento de profundo êxtase, de alegria, ver a torcida celebrar algo que ela merece muito. A gente deu mais um passo rumo a um sonho de todo vascaíno.
“O Vasco soube melhorar nos momentos de dificuldade. Acho que a gente nesse sentido também imitou a torcida. Quanto mais é testada, mais se apaixona, mais mostra dedicação e se declara cada vez mais apaixonada pelo Vasco.
“O time, no momento que desceu, vacilou, fomos reconhecendo nossos erros, e se juntando e se fechando como time. Dessa forma, chegamos muito fortes para disputar esses jogos contra o Fluminense.”
A primeira partida será em Itaquera, na quarta-feira.
E a decisão, no Maracanã, domingo.
Seja qual for o campeão, há dois vencedores nesta final.
Dorival Júnior e Fernando Diniz.
Renascidos para as conquistas.
Depois de suas traumáticas passagens pela Seleção Brasileira...














