O péssimo Cruzeiro empata com o Avaí. E namora o rebaixamento
O time de Abel Braga não mostrou a menor imaginação ou plano tático. O rebaixado Avaí não teve dificuldade para segurar o 0 a 0 no Mineirão
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
As vaias e palavrões se justificavam.
O futebol foi assustador.
Esse é um dos piores times do Cruzeiro na história dos Brasileiros.
A equipe de Abel Braga mostrou, outra vez, nenhuma imaginação ou plano tático para superar o último colocado e já rebaixado Avaí, em pleno Mineirão.
Mereceu o lastimável empate em 0 a 0.
O time catarinense vinha de oito derrotas seguidas.
Mas os cruzeirenses mostraram uma falta de repertório impressionante. Nada de dribles insinuantes, tabelas surpreendente, infiltrações.
Levantaram 41 bolas para a área catarinense, a maioria da intermediária. Apenas Thiago Neves cabeceou com perigo no final da partida.
Foi muito triste acompanhar que a maior expectativa da torcida no Mineirão esteve nos 16 escanteios.
Não é por acaso que o Cruzeiro está seriamente ameaçado de rebaixamento. O elenco é ruim, com jogadores-chave envelhecidos. O time não mostra atitude, personalidade. E muito menos dinâmica, coordenação.
O trabalho de Abel Braga é fraquíssimo.
Um ponto afasta o time dos quatro últimos.
O que preocupa, ainda mais, são os cinco jogos restantes para acabar o Brasileiro.
Santos, na Vila Belmiro. CSA no Mineirão. Vasco em São Januário. Grêmio, em Porto Alegre. Palmeiras, no Mineirão.
O clube mineiro jamais foi para a Segunda Divisão.
Mas em 2019, depois dos escândalos na sua diretoria, e o péssimo trabalho na montagem do elenco, o Cruzeiro se expõe, namora o vexame.
"O Avaí se defendeu bem. Não temos desculpa, temos que trabalhar. O torcedor fica chateado e nós ficamos mais ainda. Nosso torcedor ama muito o clube, portanto, nessa situação, mais amor e mais sofrimento", tentava filosofar, Dodô.
Evando Camillato fez o óbvio. Duas linhas de cinco. Centralizadas, no espaçado Mineirão. Obrigou o fraco Cruzeiro de 2019 a explorar, e mal, as laterais.
Foi até monótono, perturbador assistir.
Festival de cruzamentos da intermediária para a área catarinese. O trabalho defensivo do lanterna, do último colocado no Brasileiro, foi facilitado. De frente para a bola, os zagueiros aliviavam com cabeçadas fortes e chutões.
Grande parte da partida foi a mesma coisa.
Futebol para colocar à prova o amor dos torcedores cruzeirenses. Abel Braga não teve reação, diante da bem postada defesa do Avaí. Como se não fosse previsível que a equipe catarinense iria se defender o máximo que pudesse.
Os jogadores cruzeirenses brigaram, tiveram raça.
Faltou talento, neurônios na articulação dos ataques, força física para jogadores envelhecidos como Thiago Neves e Fred, que foram muito vaiados durante e depois da partida.
Abel Braga assumiu uma postura paternalista em relação à dupla.
Compreensível, até pelo mal montado elenco cruzeirense.
O discurso do técnico foi absurdamente previsível.
"Não tem protecionismo. Esses jogadores (Thiago Neves e Fred) deram um bicampeonato de Copa do Brasil para o Cruzeiro. Então, não concordo com essas críticas.
"Hoje, por exemplo, estamos desolados, não era o resultado que esperávamos. Estamos pressionando bastante durante os jogos, mas não estamos sendo felizes. O Thiago, é o único meia nosso que entra na área, deu duas boas assistências no primeiro tempo e teve uma boa chance no segundo.
"Eu acredito. Quando tivemos a sequência de Fluminense, Inter, Chapecoense, São Paulo e Corinthians, muitos nós colocaram como mortos, mas conseguimos se sair bem. A palavra do momento é superação. Não estamos deixando de tentar. Tentamos pela direita, pela esquerda, vários escanteios. Temos agora quatro grandes adversários, porém, já passamos por uma sequência de forma invicta, e vamos buscar isso agora."
"Ainda continuamos fora da zona (do rebaixamento). O Cruzeiro não depende de ninguém, apenas dele mesmo. Então, essa tristeza, essa dor, da arquibancada, onde vem a vaia, temos que saber conviver com isso. Esse clube é ganhador, os jogadores são vencedores, e ainda não morremos. Não gostaríamos de estar nesta situação, mas o trabalho vai continuar."
O risco da inédita queda para a Segunda Divisão é muito grande na Toca da Raposa.
A sorte que os adversários mais próximos pela sobrevivência são ainda mais fracos. Fluminense e Ceará.
Mas o Cruzeiro atual não merece a mínima confiança.
Desolada, a torcida sabe.
E lamenta...
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