Palmeiras se impôs em Itaquera. O líder sofreu. Mas venceu o Corinthians. O líder no Brasileiro disparou
Cesar Greco/PalmeirasSão Paulo, Brasil
Cruel, muito cruel.
O futebol foi duro demais com o Corinthians.
O time de Vítor Pereira superava na garra, na luta, na superação a diferença técnica que tinha diante do líder Palmeiras.
Mais de 44 mil corintianos apoiavam, incentivavam a entrega, a busca pela vitória, obrigatória, não só pelo Brasileiro. Também para recuperar a dor da eliminação da Libertadores pelo Flamengo, e para dar ânimo no sonho de reverter a derrota por 2 a 0 para o Athletico Goianiense, nas quartas da Copa do Brasil.
Só que em um erro de Fagner, ao tentar inverter o jogo, a bola foi parar para Dudu. Ele invadiu a intermediária, serviu Wesley. Dele para Piquerez, que descia livre pela esquerda. Da linha de fundo, o cruzamento forte, buscando López.
Desesperarado, o volante Roni tentou evitar que a bola chegasse no argentino. Se antecipou, tocou na bola, mas ela foi para o fundo do gol de Cássio. 1 a 0, injusto, para o Palmeiras.
O gol foi uma ducha de água congelada para o Corinthians. E fez o time de Abel Ferreira jogar como gosta. Fechando as intermediárias e articulando os contragolpes em velocidade.
E, liderado por Gustavo Gómez, o sistema defensivo palmeirense mostrou porque é o time menos vazado do Brasileiro.
Mesmo pressionado, o Palmeiras soube sofrer. Weverton não teve grandes sustos durante o clássico
Cesar Greco/PalmeirasVenceu a partida, de forma injusta. Mas quem falou que a vida e o futebol são justos?
Abriu nove pontos de vantagem na liderança do Brasileiro, diante do próprio Corinthians, segundo colocado. O entusiasmo no lado verde é muito diferente da tensão que domina o Parque São Jorge. Vencer hoje era a dose de confiança que Vítor Pereira sonhava.
"Acho que sim (a semana foi perfeita para o Palmeiras), né? Muito feliz, primeiro pelo rendimento do nosso time. Acho que entramos muito ligados, focados, com tudo para buscar a vitória. Fizemos um jogo muito bom. Sabíamos que seria difícil aqui. Eles são os melhores mandantes. Deixamos tudo em campo para conseguir a vitória", dizia o grande jogador da partida, Gustavo Gómez.
"Eles aproveitaram nosso erro, acho até que jogamos melhor, criamos bastante, buscamos o resultado do começo ao fim. Mas futebol tem disso, nem sempre quem joga melhor vence.
"(O Palmeiras) É uma equipe mortal, se der brecha eles fazem. Eles jogam juntos há muito tempo. A gente fez um grande jogo, não podemos achar que está tudo errado. Infelizmente, a vitória não veio", desabafava Renato Augusto.
O experiente meio-campista corintiano tinha toda a razão ao fazer, de forma consciente, o resumo do clássico em Itaquera.
O time de Abel Ferreira é mesmo mortal. Todos os erros são punidos sem dó, de forma cruel pelo elenco e treinador que estão conseguindo o ciclo mais vencedor da centenária história palmeirense.
O português sabia o quanto seus atletas estava extenuados, depois da batalha contra o Atlético Mineiro, quando durante uma hora, o time atuou com um jogador a menos. E durante mais 14 minutos, com dois atletas a menos, expulsos.
Dudu deu a arrancada. E o passe para Wesley. A bola chegou em Piquerez. E o gol contra de Roni
Cesar Greco/PalmeirasEle tinha a certeza que Vítor Pereira, mesmo com atletas mais fracos tecnicamente, não tinha outra saída a não ser buscar vencer. Porque a eliminação na Libertadores, diante do Flamengo, havia sido muito tensa para o ambiente no Parque São Jorge. Seguida com a rescisão de Willian, cansado das ameaças de morte, para ele e para sua família, por resultados frustrantes do Corinthians.
Era evidente que, jogando em casa, diante de sua fiel torcida, o time corintiano iria 'dar a vida' para tentar vencer o líder do Brasileiro. Diminuir a diferença para apenas três pontos. Dos 39, saltaria para 42. Deixando o rival em primeiro, mas 'só' com 45 pontos.
Abel sabia que até o empate em 0 a 0 seria ótimo, diante das circunstâncias. Do esgotamento físico e mental do elenco diante do Atlético Mineiro.
E, sem nenhum constrangimento, tratou de colocar o Palmeiras no 4-5-1. Fechado, defensivo, deixando toda a iniciativa para o Corinthians. Orientou para seu time marcar muito forte, se desgatar o menos possível. Ele apostava que, aos poucos, como tortura chinesa, os comandados de seu compatriota, Vítor Pereira, iriam se enervar. Se abrir. Dariam espaço para o contragolpe perfeito.
O Corinthians assumiu a responsabilidade com extrema personalidade. O time estava distribuído como o protagonista do jogo. Com linha de quatro defensores, Du Queiroz como primeiro volante. Fausto Vera e Renato Augusto mais preocupados em construir jogadas ofensivas. E, na frente, um trio. Gustavo Mosquito, Yuri Alberto e Róger Guedes.
Abel mandou Danilo marcar Renato Augusto, Zé Rafael ajudar na marcação de Gustavo Mosquito, orientado para explorar Piquerez. E o restante da equipe marcaria em zona.
O Corinthians centralizava muito as jogadas e insistia em levantamentos na área e tabelas óbvida em frente à zaga palmeirense. O que fez com que Gustavo Gómez se firmasse como o melhor zagueiro na América do Sul. Ele cansou de cortar levantamentos na área de cabeça, de se antecipar aos atacantes corintianos. Sempre de cabeça erguida. Teve atuação excepcional no clássico.
Vale destacar as grandes decepções que, até agora, são Yuri Alberto e Róger Guedes. Dois atacantes previsíveis, fáceis de serem anulados.
Weverton nem teve muito trabalho no primeiro tempo. A pressão corintiana era até a intermediária. Depois, os jogadores se chocavam com as duas linhas baixas, de forte marcação do Palmeiras.
Rafael Ramos e Lucas Piton apoiavam pouco, com medo de lançamentos às suas costas, para os velocistas Rony e Dudu.
O primeiro tempo terminou sem grandes emoções.
Para o Palmeiras, que forçava para o ritmo da partida ser lento, estava tudo ótimo. O 0 a 0 era um resultado muito atraente, em termos de classificação.
O Corinthians veio de 'peito aberto' no segundo tempo, querendo vencer, de qualquer maneira.
E ninguém joga impunemente de 'qualquer maneira' contra o Palmeiras.
Aos 13 minutos iria ganhar, teoricamente, mais força ofensiva, com a entrada de Fagner, no lugar de Rafael Ramos, que sofreu distensão na coxa esquerda. O titular estava sendo poupado para enfrentar o Atlético Goianiense, na quarta-feira.
Vítor Pereira adiantou de vez a marcação, na saída de bola palmeirense. O time corintiano lutava muito mais do que o rival. A frieza da equipe de Abel Ferreira era porque os jogadores sabiam da importância em não perder. Daí os passes burocráticos, a lentidão preparada, para atrair os corintianos.
Abel Ferreira soube como não desgastar seus jogadores e explorar o desespero de Vítor Pereira
Cesar Greco/PalmeirasDeu certo.
Graças a um passe completamente errado de Fagner, que tentava inverter o jogo. Errou e o contragolpe em velocidade foi fulminante.
A movimentação dos atletas palmeirenses era ensaiada e letal. A defesa corintiana ficou desnorteada com Dudu correndo com a bola, servindo para Wesley, dele para Piquerez. E o cruzamento forte e o gol contra de Roni.
Sair na frente, era tudo o que Abel Ferreira queria.
O jogo estava 'acabado' aos 26 minutos do segundo tempo.
O Corinthians passou a marcar por pressão intensa.
Muita correria e bolas levantadas para a área.
A ótima defesa do Palmeiras foi pressionada.
Sofreu.
Mas 'soube sofrer', marcando muito forte.
Com o auxílio dos seus meio-campistas e até atacantes.
No final, a vitória importantíssima.
Os 48 pontos na liderança do Brasileiro.
Deixando estagnado o Corinthians, no segundo lugar.
E ainda mais pressionado para enfrentar o Atlético Goianiense.
O Palmeiras foi cruel, frio, calculista.
Segue firme no grande desejo de Abel, além da Libertadores.
Ele quer vencer pela primeira vez o Brasileiro.
Os três pontos de hoje são marcantes para esta caminhada.
Como Renato Augusto definiu bem.
O Palmeiras é um time mortal.
E não se erra, mesmo, contra equipes letais...
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