O insaciável Palmeiras de Abel Ferreira. Outro recorde na Libertadores. A melhor campanha na história de grupos
O Palmeiras não teve piedade. Goleou o Deportivo Táchira, da Venezuela, por 4 a 1, no Allianz. Gustavo Scarpa marcou três gols na partida que consagrou a melhor campanha de todos os tempos na história dos grupos
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
A ambição de Abel Ferreira não tem limites.
Só ingênuo para acreditar que ele não colocaria seu melhor time.
Não só buscando ganhar do fraco Deportivo Táchira, da Venezuela, no Allianz Parque. Mas colocar outra vez o Palmeiras na história da América do Sul.
Com três gols de Gustavo Scarpa e um de Rony, a vitória foi por 4 a 1. Completando seis vitórias em seis partidas, 25 gols a favor e três contra.
Vasco, Santos e Boca haviam vencido todas as partidas na primeira fase da Libertadores. Mas não fazendo tantos gols como o Palmeiras.
Nenhum clube jamais na Libertadores venceu os seis jogos marcando tantos gols. Mais um recorde que o treinador português fez questão de garantir para o seu trabalho incrível na América do Sul.
Assegurou, evidente, o privilégio de disputar os jogos decisivos dos mata-matas, a partir das oitavas, em casa, no seu estádio, até a semifinal. Já que a decisão acontecerá no Equador, em Guayaquil.
Tudo isso depois de ser bicampeão da Libertadores seguido.
"Muito legal a campanha que a gente fez. Histórica. Era importante marcar gols para ganhar confiança. Fase boa não acontece por acaso. Apesar de todos os títulos, o nosso time não se acomoda em campo. Quer ganhar mais", disse Gustavo Scarpa após o jogo.
Mas tudo se deve à filosofia, à ambição de Abel Ferreira, impedindo a acomodação. O treinador impôs aos jogadores a gana, a vontade, a busca de vitórias, recordes, títulos. Sua passagem pelo Palestra Itália é histórica.
A maneira com que o Palmeiras foi para a partida já é algo muito raro no futebol brasileiro. Abel Ferreira conseguiu tirar a velha apatia dos times já classificados antecipadamente, que acreditam ter conquistado o objetivo. Sem querer ir além do necessário.
Mais do que dinheiro, ele conseguiu fazer com que seu elenco se superasse. Quantos times fortes já caíram em um grupo com adversários mais fracos, como o Palmeiras nesta Libertadores, mas acabaram sendo dominados pela mediocridade?
O Palmeiras, não.
Utilizando o primeiro passo básico, que poucos se arriscam. Tendo como escudo o calendário absurdo que impera no país. Que acumula jogos, não respeita data-Fifa.
Abel Ferreira faz questão de colocar, sempre que pode, seus principais jogadores. Deixando escancarada a necessidade de vencer. Cobrando, instigando os atletas. Tem a ambição de quem repete sempre que não gosta de perder "nem jogos infantis para as filhas".
Foi assim que ele preparou o Palmeiras para ganhar do Deportivo Táchira. Sim, para ganhar, não para jogar. Abel colocou seu time para bater o recorde de seis vitórias na fase de grupos com o maior número de gols já feitos na Libertadores nesta fase.
O Palmeiras marcou sob pressão o time venezuelano. Com Gustavo Scarpa sendo o grande articulador do time, já que Raphael Veiga foi diagnosticado com Covid. Atuando como se tivesse um grande adversário, com seriedade, a ordem era conseguir a vantagem que garantiria a vitória nos primeiros minutos.
Com Scarpa na articulação, Dudu na direita, Navarro centralizado e Rony na esquerda, mais Marcos Rocha e Jorge liberados para apoiarem, o Palmeiras atacando encurralava o tenso time de Alexandre Pallarés. Na primeira fase, na Venezuela, os brasileiros já haviam vencido por 4 a 0.
A desconfiança de que viria outra goleada se concretizou aos 14 minutos, quanto Gustavo Scarpa foi cruzar, pegou mal na bola, que foi fraca em direção ao goleiro do Táchira. Mas, de maneira constrangedora, Varella deixou que ela passasse no meio de suas pernas e entrasse.
Palmeiras 1 a 0.
A partir daí, era apenas esperar qual seria o placar. O vitorioso não havia dúvida. Os venezuelanos transpiravam insegurança. Havia dois destaques no muito bem montado Palmeiras. O primeiro não era Gustavo Scarpa, mas o atacante Navarro. Ele se movimentava, buscava jogo, propunha tabelas, dribles, chutes a gol. Queria mostrar que merece brigar para ser titular.
O segundo destaque era Gustavo Scarpa, muito à vontade servindo os companheiros, lançando, infiltrando, batendo para o gol.
Sete minutos depois do primeiro gol, Navarro foi derrubado dentro da área.
Gustavo Scarpa logo pegou a bola e bateu sem chances de defesa para Varella. 2 a 0.
Com Gabriel Menino na vaga de Danilo, este sim poupado, o Palmeiras dava espaço na intermediária. Zé Rafael ficou sacrificado na marcação. O Táchira até teve como atacar nos últimos minutos do primeiro tempo.
O Palmeiras perdeu um pouco de concentração no início da segunda etapa.
Teve seu merecido castigo.
Depois de escanteio, no qual a bola ficou rondando a pequena área de Weverton, Gutierrez se aproveita do vacilo de Gustavo Gómez. 2 a 1, aos dois minutos.
Abel Ferreira ficou revoltado, começou a cobrar seus jogadores.
A resposta veio rápida.
Aos 11 minutos, Navarro tocou para Dudu, que bateu forte cruzado para a área. Varella novamente falha. A bola bate em Rony e entra. 3 a 1, Palmeiras.
Mas haveria espaço ainda para a demonstração de ganância. Aos 21 minutos, Restrepo derrubou Breno Lopes. Pênalti. Navarro queria bater, de qualquer maneira. Gustavo Scarpa também. Foi o capitão Gustavo Gómez quem definiu a situação, dando a bola a Scarpa.
O meia marcou seu terceiro gol no jogo.
4 a 1, Palmeiras.
A partida estava definida.
O recorde conquistado.
Abel tratou então de poupar titulares importantes.
Para enfrentar o Santos, domingo, na Vila Belmiro, pelo Brasileiro.
A história já estava garantida na Libertadores.
Seu insaciável Palmeiras já é inesquecível...
Roland Garros também é um desfile de moda com roupas chamativas
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.