O 'inimigo' São Paulo faz Palmeiras valorizar final de Paulistinha
Abel Ferreira percebeu o clima no Palmeiras. A exigência de conquista do título contra o São Paulo. Ele partilha dessa obsessão
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
Jailson; Danilo Barbosa, Henri e Vanderlan; Lucas Lima (Gabriel Menino), Danilo, Zé Rafael, Gustavo Scarpa e Esteves; Wesley e Willian.
Esse é um time 'alternativo', como virou moda classificar. Na verdade é reserva.
E não vai ter pela frente uma partida do "Paulistinha", como classificou o presidente Mauricio Galiotte.
Foi treinado ontem e vai enfrentar o Independiente del Valle, hoje, pela Libertadores. Os jogadores da equipe principal entrarão em campo na quinta-feira, contra o São Paulo, pela final do Campeonato Paulista de 2021.
"O Corinthians é rival. São Paulo é inimigo", resumia Oberdan Cattani, um dos maiores goleiros da história do Palmeiras.
A frase é repetida constantamente entre conselheiros importantes que sustentam Galiotte na presidência.
A postura bélica vem desde 1942, quando o Palestra Itália foi obrigado a mudar de nome para Palmeiras, por conta da ligação umbilical com um país que estava em guerra com o Brasil. Escritores e jornalistas, da época,garantem que o São Paulo tentava apoio governamental para tomar o Parque Antártica, antigo estádio, que foi reconstruído e se tornou o Allianz Parque.

Desde então a relação entre os dois clubes jamais foi de parceria. Longe disso.
Foram vários embates.
Cercados por muito rancor.
Abel Ferreira é um treinador que respeita a história. Faz de tudo para saber a história das equipes que comanda. Ele sabe o quanto pesa para o Palmeiras não só vencer o São Paulo na decisão do Estadual.
Mas evitar que o inimigo rompa um jejum de nove anos sem títulos.
Daí o esmero, o cuidado, em segurar os titulares para os dois clássicos, na quinta-feira e no domingo.
Brigar pelo bicampeonato paulista, de repente, ganhou todo o sentido. Mesmo correndo o risco de o clube arriscar uma das metas que facilitaram a conquista da Libertadores, na temporada 2020: fazer a melhor campanha na fase de classificação, que garantiu o direito de decidir todos os mata-matas no Allianz Parque.
Weverton, Luan, Gustavo Gómez e Renan; Mayke, Danilo, Patrick de Paula, Raphael Veiga e Viña; Rony e Luis Adriano.
Foram poupados para as finais do Paulista.
Abel Ferreira não gosta tanto de marketing como Jorge Jesus. Mas também é fã da palavra hegemonia. Ele analisou bem o torneio que considerava pré-temporada. E o peso que tem chegar a final. Principalmente para o clube que perde.

A pressão incomoda, atrapalha jogadores, técnicos.
Ainda mais se perder o título para um adversário em ascensão, buscando recuperar a autoconfiança e a admiração de sua torcida, da imprensa.
O Palmeiras tirou o rival, com enormes problemas financeiros, o Corinthians. O Santos, também endividado, se sabotou e lutou na última rodada para não ser rebaixado.
O São Paulo deve quase R$ 700 milhões, mas possui um elenco muito forte e conta com a visão moderna, diferenciada de Hernán Crespo.
Travar a ascensão do tricolor no Paulista, para tirar a confiança até em possíveis duelos na Libertadores, Brasileiro e na Copa do Brasil, é o ideal.
Por isso a escolha dos titulares contra o São Paulo.
Conquistar o bicampeonato paulista virou algo muito importante para o Palmeiras.
Por conta de seu rival.
São Paulo Futebol Clube.
Seu inimigo favorito...