Constrangedor adeus de Anderson. Nocauteado, aos 45 anos. Final de carreira foi feio
UFCSão Paulo, Brasil
O mundo se despediu hoje de dois Anderson Silva.
O primeiro é o genial.
Inovador, transgressor, lutador surpreendente.
Que foi importantíssimo para o UFC, em um momento de expansão pelos cinco continentes.
Principalmente nos acordos de transmissão pela tevê.
Pelo pay-per-view.
Se impôs com sua agilidade, potência, personalidade e, principalmente, movimentos surpreendentes dentro do octógono.
Lutou e ganhou decisão de cinturão com costela quebrada.
Durante seis anos, 16 lutas, ele dominou a categoria dos médios.
Mereceu livros, filme sobre sua carreira, sobre sua vida.
Midiático, carismático.
Apaixonado pelo Homem-Aranha improvisava golpes que via nas histórias em quadrinhos.
O paulista, de família humilde, que cresceu em Curitiba, e que em uma história de superação, se transformou em um milionário.
Montou academias nos Estados Unidos.
Se envolveu tanto com o país que se naturalizou norte-americano.
Anderson Silva teve momentos fantásticos. Como o nocaute em Vitor Belfort
UFCO segundo não tem trajetória exemplar.
Longe disso.
Um atleta de artes marciais que menosprezava adversários.
Não os levava a sério, brincava, abaixava a guarda.
Se perdeu na autosuficiência.
Caiu nocauteado, perdeu o cinturão de campeão do UFC, diante de um lutador medíocre, Chris Weidman.
Ele deu um soco no rosto do brasileiro que abaixava a guarda, o provocando, de maneira descabida.
E acabou com seu reinado, derrota patética.
Depois, desespero e falta de sorte se juntaram na revanche, que acabou na fratura da perna esquerda, depois de um chute.
Anderson sabotou a carreira ao brincar com o medíocre Weidman. Nocaute infantil
UFCHá também Anderson Silva que foi suspenso por doping.
Duas vezes, em 2015 e 2017.
Dois anos de suspensão.
Decepção dos fãs, dos patrocinadores.
Há também o lutador decadente que, depois de Chris Weidman lutou sete vezes.
Ganhou uma.
E perdeu cinco vezes.
Teve um resultado anulado por doping.
A despedida foi ontem.
Constrangedora para o lutador que foi.
Aos 45 anos, tinha um adversário comum, decepcionante.
Anderson Silva não foi páreo para o limitado Uriah Hall. Nocaute constrangedor
UFCO jamaicano Uriah Hall, de 36 anos e que jamais fez o que prometia no The Ultimate Fighter.
Décimo quinto do ranking dos médios.
O máximo que chegou foi sétimo, em 2015.
Quanto terminaram os dois primeiros rounds, com os dois lutadores se respeitando muito, acabou o fôlego, o poder de reação, de absorção dos golpes de Anderson.
Foi a senha para Hall, no final do terceiro assalto, acertar um direto de direita que derrubou Anderson. O jamaicano começava a mostrar seu ground and pound, com socos que destruíam o brasileiro, quando o gongo tocou.
O brasileiro foi salvo.
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Com o olho esquerdo inchado, abatido, Anderson voltou para o quarto assalto.
Sem tempo de luta, lento, com golpes sem potência, foi um alvo fácil para Hall. Ainda mais, lutando aberto, como fazia há dez anos. Só que o tempo passou.
O jamaicano acertou outro direto e aí, o cronômetro não salvou Anderson Silva. Ele caiu. E ficou à mercê dos violentos socos do rival.
O árbitro Herb Dean tentou esperar, mas viu que o brasileiro estava vencido.
Nocaute e muito sangue jorrando do seu nariz.
Anderson, tonto, terminou agarrando a perno do árbitro, acreditanto estar segurando a do adversário.
Cena clássica de quem perdeu totalmente a noção da luta.
Despedida triste, de quem já devia ter parado.
Assim que se viu vencedor, Hall chorou muito.
Por ter vencido seu ídolo, o lutador que o inspirou.
A cena foi emocionante.
Com abraço, reverência e declaração de amor a Anderson, pelo lutador que foi, por parte do jamaicano.
O brasileiro retribuiu falando que acreditava que Uriah seria 'campeão mundial'.
Anderson chorou muito no octógono.
Dana White não apareceu para a despedida.
A relação dos dois sempre foi péssima.
Anderson, por seis anos, foi espetacular.
Ídolo mundial, com a expansão do UFC.
Mas não teve estrutura psicológica para lidar com seu talento.
Se não brincasse teria ficado mais alguns anos com o cinturão.
Seus treinadores sempre imploraram para que lutasse a sério.
A decisão de brincar, desrespeitar os rivais foi de Anderson.
Anderson Silva passará para a história como um dos melhores. E foi mesmo
UFCO legado merece respeito, reverência.
Mas poderia ter sido muito melhor.
Se não deixasse se levar pelo ego, pelo narcisimo no octógono.
É um ídolo do UFC.
Teve sucesso em dez defesas de cinturão, consecutivas.
Mas sua trajetória final não pode ser esquecida.
O mundo se despediu dos dois hoje.
Do genial.
Do destrutivo arrogante, que sabotou a carreira.
Esse talento bipolar disse adeus ao octógono...