O genial Anderson Silva. E seu triste adeus ao UFC
Brasileiro sofreu cruel nocaute do limitado Uriah Hall, na despedida dos octógonos. Anderson foi espetacular. Mas errou no final constrangedor da carreira
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
O mundo se despediu hoje de dois Anderson Silva.
O primeiro é o genial.
Inovador, transgressor, lutador surpreendente.
Que foi importantíssimo para o UFC, em um momento de expansão pelos cinco continentes.
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Principalmente nos acordos de transmissão pela tevê.
Pelo pay-per-view.
Se impôs com sua agilidade, potência, personalidade e, principalmente, movimentos surpreendentes dentro do octógono.
Lutou e ganhou decisão de cinturão com costela quebrada.
Durante seis anos, 16 lutas, ele dominou a categoria dos médios.
Mereceu livros, filme sobre sua carreira, sobre sua vida.
Midiático, carismático.
Apaixonado pelo Homem-Aranha improvisava golpes que via nas histórias em quadrinhos.
O paulista, de família humilde, que cresceu em Curitiba, e que em uma história de superação, se transformou em um milionário.
Montou academias nos Estados Unidos.
Se envolveu tanto com o país que se naturalizou norte-americano.

O segundo não tem trajetória exemplar.
Longe disso.
Um atleta de artes marciais que menosprezava adversários.
Não os levava a sério, brincava, abaixava a guarda.
Se perdeu na autosuficiência.
Caiu nocauteado, perdeu o cinturão de campeão do UFC, diante de um lutador medíocre, Chris Weidman.
Ele deu um soco no rosto do brasileiro que abaixava a guarda, o provocando, de maneira descabida.
E acabou com seu reinado, derrota patética.
Depois, desespero e falta de sorte se juntaram na revanche, que acabou na fratura da perna esquerda, depois de um chute.

Há também Anderson Silva que foi suspenso por doping.
Duas vezes, em 2015 e 2017.
Dois anos de suspensão.
Decepção dos fãs, dos patrocinadores.
Há também o lutador decadente que, depois de Chris Weidman lutou sete vezes.
Ganhou uma.
E perdeu cinco vezes.
Teve um resultado anulado por doping.
A despedida foi ontem.
Constrangedora para o lutador que foi.
Aos 45 anos, tinha um adversário comum, decepcionante.

O jamaicano Uriah Hall, de 36 anos e que jamais fez o que prometia no The Ultimate Fighter.
Décimo quinto do ranking dos médios.
O máximo que chegou foi sétimo, em 2015.
Quanto terminaram os dois primeiros rounds, com os dois lutadores se respeitando muito, acabou o fôlego, o poder de reação, de absorção dos golpes de Anderson.
Foi a senha para Hall, no final do terceiro assalto, acertar um direto de direita que derrubou Anderson. O jamaicano começava a mostrar seu ground and pound, com socos que destruíam o brasileiro, quando o gongo tocou.
O brasileiro foi salvo.
Veja mais: Relembre todos os nocautes e finalizações do ex-campeão Anderson Silva
Com o olho esquerdo inchado, abatido, Anderson voltou para o quarto assalto.
Sem tempo de luta, lento, com golpes sem potência, foi um alvo fácil para Hall. Ainda mais, lutando aberto, como fazia há dez anos. Só que o tempo passou.
O jamaicano acertou outro direto e aí, o cronômetro não salvou Anderson Silva. Ele caiu. E ficou à mercê dos violentos socos do rival.
O árbitro Herb Dean tentou esperar, mas viu que o brasileiro estava vencido.
Nocaute e muito sangue jorrando do seu nariz.
Anderson, tonto, terminou agarrando a perno do árbitro, acreditanto estar segurando a do adversário.
Cena clássica de quem perdeu totalmente a noção da luta.
Despedida triste, de quem já devia ter parado.
Assim que se viu vencedor, Hall chorou muito.
Por ter vencido seu ídolo, o lutador que o inspirou.
A cena foi emocionante.
Com abraço, reverência e declaração de amor a Anderson, pelo lutador que foi, por parte do jamaicano.
O brasileiro retribuiu falando que acreditava que Uriah seria 'campeão mundial'.
Anderson chorou muito no octógono.
Dana White não apareceu para a despedida.
A relação dos dois sempre foi péssima.
Anderson, por seis anos, foi espetacular.
Ídolo mundial, com a expansão do UFC.
Mas não teve estrutura psicológica para lidar com seu talento.
Se não brincasse teria ficado mais alguns anos com o cinturão.
Seus treinadores sempre imploraram para que lutasse a sério.
A decisão de brincar, desrespeitar os rivais foi de Anderson.

O legado merece respeito, reverência.
Mas poderia ter sido muito melhor.
Se não deixasse se levar pelo ego, pelo narcisimo no octógono.
É um ídolo do UFC.
Teve sucesso em dez defesas de cinturão, consecutivas.
Mas sua trajetória final não pode ser esquecida.
O mundo se despediu dos dois hoje.
Do genial.
Do destrutivo arrogante, que sabotou a carreira.
Esse talento bipolar disse adeus ao octógono...
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