O desfalcado, e heroico, Palmeiras segurou a fórceps o Flamengo
Excelente resultado no Maracanã. Mesmo com vários reservas, o Palmeiras conseguiu o empate em 1 a 1. Quatro pontos de vantagem na liderança
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
A falta de um lateral direito evitou que o Palmeiras disparasse ainda mais na liderança do Brasileiro.
Luan e, principalmente, Gustavo Gómez foram mal demais, improvisados na posição.
E o Flamengo teve o caminho para ao menos empatar a partida fundamental neste Brasileiro de 2018.
Foi por lá que Marlos marcou o gol, depois de 77 partidas de jejum do colombiano.
No final, o 1 a 1 foi mais do que justo no Maracanã.
Palmeiras empata com Flamengo no Maracanã e segue 4 pontos à frente
Mas segue com quatro pontos de vantagem. Travou a arrancada flamenguista.
Felipão, como era de se esperar, optou por colocar seu desfalcado líder se defendendo, buscando as bolas longas e os contragolpes.
E Dorival Júnior, comandando o segundo colocado, no ataque. Utilizando seu tradicional toque de bola. Foi um sufoco no segundo tempo, mas o líder do Brasileiro conseguiu segurar o valioso empate. Dos 36 pontos disputados no segundo turno, ganhou 30. A campanha do time de Felipão segue impressionante.
São 16 partidas de invencibilidade.
A torcida palmeirense fez, com razão, festa no Maracanã lotado.
O resultado serve como incentivo para a missão terrivelmente difícil de quarta-feira, tentar tirar a desvantagem de 2 a 0 que o Boca Juniors na semifinal da Libertadores.
Ônibus da torcida do Palmeiras é apedrejado por flamenguistas
"É duro, porque estávamos na frente. Mas o time jogou bem. É difícil jogar aqui, com a torcida deles, e o time deles é muito bom. Fizemos gol e dava para ter segurado e ganhado. Mas é jogo grande, contra um concorrente direto", dizia, irritado, Dudu.
"Baita resultado, no sentido pelo momento que o Flamengo vive, porém estávamos ganhando e tomamos o gol, importante, agora é descansar e pegar confiança para o jogo de quarta-feira", dizia, mais realista, Willian.
A melhor análise do resultado, do ponto de vista palmeirense, foi de Moisés.
"Claro que quando você sai na frente quer manter o resultado, mas o que sofremos no segundo tempo não é por hoje. Domingo jogamos com mais de 50 minutos com um a menos, na Argentina fizemos um jogo desgastante, e agora tivemos esta decisão. Conseguimos jogar no primeiro tempo e no segundo mais nos defendemos. Tem de comemorar um resultado deste."
Moisés deixa claro que, quando Deyverson e Felipe Melo são criticados por suas expulsões infantis, não é exagero. Deixar o time com dez atletas compromete não só o jogo que estão envolvidos, mas desgasta a equipe e prejudica as partidas seguintes.
O cansaço também foi um ingrediente a mais no sufoco que o Palmeiras tomou no segundo tempo, no Maracanã.
Felipão não tinha outra coisa a fazer a não ser escalar uma equipe defensiva. As suspensões de Bruno Henrique, Lucas Lima e Deyverson atrapalharam. Mas a de Mayke foi terrível. Porque Marcos Rocha, seu reserva, segue machucado. Assim como a opção Jean. O treinador resolveu apostar na improvisação de Luan.
Era o ponto fraco do Palmeiras.
O zagueiro não é rápido. Ainda mais na lateral, o time não teria o apoio e ainda seria um caos no mano a mano, diante dos flamenguistas. Thiago Santos fez o que pôde para ajudar e correu por ele e por Luan.
Sorte o erro incrível de Dorival Júnior que não forçou pelo setor no primeiro tempo. O Flamengo chegou a ter 74% de posse de bola, mas faltou objetividade. Felipe Melo foi muito bem na marcação mais próxima de Paquetá. Everton Ribeiro e Vitinho não foram efetivos e nem acionados com insistência pela esquerda. O que facilitou o plano palmeirense de trava o time carioca.
Os paulistas tiveram outro problema grave. Vindo de contusão séria, Guerra estava completamente sem ritmo. Não fazendo nada de efetivo à sua equipe.
Frustrando toda a expectativa, o primeiro tempo foi monótono, sem chances de gols.
Já no segundo, tudo mudou.
A partir dos quatro minutos, quando o seguro zagueiro Antônio Carlos lançou Dudu, nas costas de Pará. O veloz atacante chegou antes na bola, cortou o desesperado lateral e bateu forte, indefensável para César. Palmeiras 1 a 0.
O Maracanã se calou.
Estava claro que seria difícil marcar gols no Palmeiras.
Dorival Júnior perdeu todo o pudor e adiantou, como deveria desde o início da partida, a marcação na saída de bola palmeirense. E forçar pela esquerda.
Foi uma pressão enorme.
Com grave defeito.
Pouquíssimos chutes a gol.
Só que o Palmeiras mostrava cansaço e distância muito grande do ataque. O time repetiu o erro da Bombonera, recuou demais. Praticamente chamou o Flamengo para sua grande área.
Para piorar as coisas, Hyoran deve ter feito a pior partida com a camisa palmeirense.
O time se defendia como podia, com alma, vibração.
Só que a justiça foi feita aos 38 minutos.
O colombiano Marlos Moreno não tomou conhecimento de Gustavo Gómez, que entrou no lugar de Luan, e estufou as redes de Weverton, 1 a 1. Há dois anos o atacante não marcava.
Depois do empate, o Flamengo seguiu pressionando.
Sem tanta organização, mas sufocava, com 72% de posse de bola.
O time todo palmeirense se ajudou na marcação.
Esqueceu o ataque.
Conseguiu não só o ponto de empate.
E manter a importante vantagem de quatro pontos contra o Flamengo.
O jogo mais perigoso desta reta final acabou sendo lucrativo.
Agora, o líder Palmeiras, terá pela frente o Santos, na sua arena. O Atlético Mineiro, em Belo Horizonte, o Fluminense, em São Paulo. O Paraná Clube, em Londrina. América Mineiro, em São Paulo. Vasco, no Rio. E Vitória, em São Paulo.
O caminho é bom.
Não se mostra muito difícil.
A partida mais complicada foi hoje.
Por isso, Felipão comemorava o 1 a 1.
Ainda mais entrando com equipe mista.
Dorival Júnior era o retrado do desânimo.
Ele sabia que a vitória era fundamental.
Mas não conseguiu...
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