O desespero do pai de Sala. E quem paga os R$ 74 milhões?
Com avião localizado no fundo do Canal da Mancha, vem a realidade. Quem bancará pelo prejuízo da morte do jogador? Ele já havia assinado contrato
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Amor de pai é profundo demais.
Tanto como a dor de perder um filho.
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A lei natural da vida prega o contrário.
Só não é maior que a esperança.
Era, no caso de Horacio Sala.
O destino foi cruel demais.
O caminhoneiro,que veria sua vida mudar profundamente e de vez.
Graças à transferência do seu amado filho Emiliano, do Nantes para o Cardiff, por 15 milhões de libras esterlinas, cerca de R$ 73,4 milhões.
Só assim, Horacio teria coragem de largar a sofrida profissão, parar de rasgar a Argentina na boleia de caminhões.
Mas o desaparecimento do avião monomotor Piper PA-46 Malibu, no dia 21 de janeiro, sobre o Canal da Mancha, foi um baque terrível. Ele transportava seu filho e o piloto David Ibbotson, que partiram de Nantes e iam para o país de Gales. Emiliano iria se apresentar como o maior reforço da história do Cardiff.
Horacio nunca perdeu a esperança de que o avião tivesse pousado em uma praia distante e seu filho e o piloto não conseguissem entrar em contato com ninguém. O caminhoneiro ficou desperado quando as autoridades resolveram abandonar as buscas, dois dias depois. Acreditavam que, pelas condições terríveis do inverno europeu, jamais encontrariam sequer os destroços do avião.
O amor do pai entrou em ação e sua família, com o apoio discreto de Messi, Higuain, Otamendi e alguns jogadores argentinos, conseguiram levantar dinheiro em uma campanha da Internet.
E contrataram a empresa Bluewater, especializada em buscas submarinas.
A esperança secreta de Horacio era de que o avião que transportava seu filho de 28 anos não fosse encontrado.
Mas foi.
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E graças a uma mulher que passeava ontem pela praia francesa de Surtainville. Ela encontrou dois assentos que pareciam de avião. E se apressou a avisar as autoridades, acreditava que poderiam ser do Piper PA-46 Malibu.
Ela redirecionou a busca da Bluewater.
Graças a potentes sonares de última geração, a carcaça do avião foi localizada."A maior surpresa para nós é que a maior parte do avião está aí. Esperávamos encontrar apenas restos. Está rompida (a aeronave), mas está quase completa", disse David Merns, chefe da equipe de busca.
E imagens, de acordo com a agência inglesa de Investigação de Acidentes Aéreos (AAIB), demonstram ser possível visualisar um corpo na cabine do avião.
A notícia foi um choque de realidade para Horacio Sala.
Sua esperança de ver o filho Emiliano vivo acabou.
"Eu não posso acreditar, estou desesperado.
Minha esposa, meus dois filhos e alguns amigos de Emiliano estão lá.
Hoje, eu não me comuniquei com ninguém.
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Eu falo todos os dias, mas o meu telefone não tem Whatsapp.
Me custa chamá-los e eles me chamam."
A única coisa que Horácio quer agora é que as autoridades europeias façam sua obrigação.
A família conseguiu bancar uma empresa que encontrasse o avião no fundo do Canal da Mancha.
Agora, que elas retirem a aeronave para que, pelo menos, possa enterrar o filho.
Isso se o corpo de Emiliano ainda estiver no avião.
Depois da descoberta da aeronave está prevista uma guerra jurídica.
A direção do Cardiff não quis pagar a primeira parcela de 6 milhões de libras, R$ 28,9 milhões. Acusa o Nantes de irresponsabilidade em relação ao voo de Emiliano para o País de Gales.
O Nantes promete recorrer na Justiça.
Assim como o Bourdeaux, que tem 50% dos direitos do atleta.
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O Cardiff realmente não tem nada a ver com o avião que caiu no Canal da Mancha.
E nem o Nantes.
O avião foi um oferecimento de Jack Mckay, filho do empresário Willie McKay, que intermediou a transação. Foi ele quem bancou o aluguel do avião e contratou o piloto, David Ibbotson.
Na Argentina, Horacio está transtornado.
Seu desejo mudou com a localização do avião.
Ele quer ter o direito de enterrar o filho na Argentina.
E já começou a pressão da mídia para as autoridades retirarem o avião do fundo do mar.
Enquanto isso, em Cardiff, em Nantes e em Bourdeaux, advogados já se preparam para uma guerra.
Que nada tem a ver com o amor de um pai pelo filho morto.
Mas por dinheiro.
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Por R$ 74,5 milhões.
Os contratos estavam assinados com o Cardiff.
Mas o Nantes é responsável pela morte de Sala?
A queda do avião isenta o clube galês do pagamento?
E a parte que seria do jogador?
Será paga à família?
As respostas podem levar anos.
Com cada item discutido nos tribunais.
Independentemente das lágrimas do caminhoneiro Horacio...
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Em seu primeiro jogo em casa desde o desaparecimento de Emiliano Sala, o Cardiff prestou neste sábado (2) inúmeras homenagens ao jogador. Os torcedores do time do País de Gales, novo clube do atacante que vinha do Nantes, da França, criaram um mosaico com as cores da bandeira da argentina e o nome do atleta. Sala, de 28 anos, desapareceu em voo quando cruzava o Canal da Mancha. Com a bola rolando, o Cardiff venceu o Bournemouth por 2 a 0, com dois gols de Bobby Reid Curta a página do Esportes R7 no Facebook
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