‘O Corinthians sou eu! Ia jogar com o Maradona, no Napoli. O Vicente Matheus não quis me vender. Falei, tudo bem.’ Biro-Biro
Cabelos parafinados, apelido marcante, guerreiro em campo, plenamente identificado com a torcida do Corinthians. O grande jogador midiático, amado pelos publicitários. Os bastidores de uma carreira inesquecível. Em entrevista exclusiva

1977 foi um ano mais do que especial.
Enquanto o Corinthians quebrava o tabu de 23 anos e era campeão paulista, em Pernambuco, o Sport não só era campeão.
Mas conseguia lançar no cenário nacional um jogador polivalente, vibrante, habilidoso, artilheiro.
Cabelos queimados de sol, parafinados, compridos, parafinados contrastando com sua pele morena.
Muito simples, pelo pouco estudo.
Mas nascido para jogar futebol.
Mudou o sonho de virar marinheiro.
Clubes do Rio de Janeiro e de São Paulo foram avisados do garoto talentoso de 17 anos.
Ele tinha o apelido Biro-Biro, uma distorção do nome da fruta biribiri, muito conhecida no Nordeste.
O então presidente do Corinthians, Vicente Matheus, se antecipou.
“Ele combinou com os dirigentes do Sport e eu vim para São Paulo. Fique escondido, trancado em um hotel, por quatro dias, enquanto eles negociavam.
“O Matheus sabia que tinha gente do São Paulo atrás de mim, para me comprar. Vim de camiseta e chinelo. Passei um frio absurdo. Mas deu tudo certo.”
Biro-Biro, apresentado por Matheus como ‘Lero Lero’, mesmo nos assuntos mais difíceis, ele termina as frases com um sorriso, otimista.
Ele sabe que o futebol transformou completamente sua vida simples, sem grandes perspectivas.
’Não foi o futebol. Foi o Corinthians, que virou minha vida. O Corinthians sou eu!’, me corrige.
O sucesso do pernambucano foi imediato. A identificação com o jeito simples, a vibração em campo, o ritmo intenso que impunha ao time, os cabelos amarelos, os gols.
Virou o artilheiro entre todos os volantes da história do clube. 75 gols.
Tudo seduziu a torcida.
Formou um meio-campo marcante com a chegada de Sócrates, que soube aproveitar todo o potencial de Biro-Biro. Ganhou quatro títulos paulistas, participou da Democracia Corintiana.
Virou amigo do inimigo do novo regime no Parque São Jorge. ‘Sacaneava o Leão, que não queria saber da falta de treinos. Mas ele se tornou um grande companheiro. Vou falar o que ninguém sabe. Ele tentou me levar para o Palmeiras. Cheguei a conversar com os dirigentes de lá. Só que seria uma loucura. Desisti.
“Ele revela que o famoso presidente Vicente Matheus não deixou que fosse jogar no Napoli, com Maradona.
‘O Matheus me disse assim: ‘já vendi o Sócrates e o Casagrande para o Exterior. Se vender você, a torcida me mata. E eu não fui. Falei ‘tudo bem’. Foi o Alemão."

Biro-Biro também tem a triste lembrança depois da Copa de 1982. “Encontrei o Telê Santana e ele me disse: ‘deveria ter te levado para a Copa’. Eu respondi: ‘Se você me leva, o Brasil ganha.’ Falei mesmo estava no auge’.”
Desde 1978, ele se assume como o primeiro jogador midiático no Brasil. Seus cabelos louros, o apelido e a simplicidade foram usadas em inúmeras publicidades.
Até hoje, é chamado para propagandas e eventos. Virou um dos jogadores mais conhecidos do Corinthians na história.
“Eu tomei uma decisão. Vou registrar em cartório meu apelido. Meu nome será Antônio José da Silva Filho Biro-Biro. Sério.
“Está mais do que decidido.“
Com a energia de um garoto, não parece, de jeito algum, 66 anos.“Falei muito nesta entrevista”, desabafa... Falou mesmo.
Ainda bem, Biro-Biro...
A entrevista inteira está no canal Cosme Rímoli, no youtube.
Uma parceria com o R7.
Já são 140 personagens importantes do Esporte.
Mais de 13 milhões de acessos.
Toda semana há uma nova exclusiva...
