O Brasil renasceu. Despachou a Argentina do genial Messi
Foi a melhor partida da Copa América. O Brasil sofreu. Viu Messi inspirado. Tomou duas bolas nas traves. Mas mereceu vencer e chegar à final
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
Belo Horizonte, Brasil
Mineirão
O Brasil sofreu.
Mas mereceu o coro que dominou o Mineirão ao final da melhor partida da Copa América.
E justificou a volta de um velho coro.
"O campeão voltou, o campeão voltou, o campeão voltou."
Justo no amaldiçoado gramado dos 7 a 1.
Com gols de Gabriel Jesus e Roberto Firmino, a Seleção Brasileira derrotou a Argentina na semifinal da Copa América.
Vai decidir o título com o vencedor de Chile e Peru.
Mas a sensação aqui em Belo Horizonte, era que a final havia acontecido.
Contra o adversário que dá mais prazer derrotar.
A Argentina.
Com direito a uma grande partida de Lionel Messi.
O que se esperava, aconteceu.
A rivalidade conseguiu despertar o melhor de brasileiros e argentinos. Os dois times mostraram nesta semifinal o futebol que esconderam durante toda Copa América.
É a tese de que o amor próprio, a gana de não perder para o principal adversário, faz aflorar a santa ira de se impor em campo.
Todos que estavam aqui, no Mineirão lotado, e os milhões de pessoas, em 170 países, que viam o jogo ao vivo, sabiam: a final do torneio sul-americano era hoje.
Tite e Scaloni optaram por sua melhor estratégia.
O brasileiro queria o espaço, a velocidade no ataque. Sabia que os três volantes e os zagueiros argentinos são pesados, vigorosos. Mas não têm a mesma explosão muscular de Gabriel Jesus e Éverton Cebolinha, abertos como dois pontas dos anos 50.
Tite queria forçar que eles saíssem para tentar travar o toque de bola brasileiro na intermediária. Casemiro, Arthur, Phillippe Coutinho atuavam como três volantes, longe da área. Firmino também fechava a saída de bola argentina.
Mesmo Alex Sandro teve o seu lado ofensivo podado. Guardava posição, como Filipe Luís faz normalmente. Daniel Alves era o único que aproveitava o espaço que tinha.
O Brasil queria que a Argentina se abrisse naturalmente, não forçando no ataque, como previram muitos.
Havia dois lados na estratégia escolhida por Tite. Ela proporcionava espaço principalmente na intermediária para que o maior do mundo acordasse.
Messi, que está visivelmente desgastado, começou o jogo adiantado, se poupando, esperando a bola chegar. Scaloni esperava a Seleção marcando forte, fazendo pressão. Por isso havia montado seu time para contragolpear.
Foi o próprio Messi que percebeu que o Brasil oferecia campo, espaço, para tocar, driblar, lançar.
E ele começou a jogar.
Suas arrancadas, dribles, que tanto encantam o mundo, foram vistos, desfrutados pelos brasileiros.
Com Messi puxando a Argentina, o que se viu foi o inevitável. Contragolpes brasileiros.
E muitos, muitos pontapés.
O árbitro equatoriano Roddy Zambrano passou a ter muita dificuldade ao ver a raiva na disputa de cada bola. Muitas jogadas violentas e maldosas, Dois dois lados.
A tensão já dominava o ar quando Daniel Alves quebrou o protocolo.
Deu um chapéu em Acuña, passou como quis por Paredes e serviu Firmino na direita. Ele cruzou para Gabriel Jesus, que não estava bem, estufar a rede de Armani.
Delírio no Mineirão.
Gol do Brasil, aos 18 minutos do primeiro tempo.
Gabriel Jesus acabou com seu jejum em jogos oficiais com a camisa da Seleção.
Foram 724 minutos de espera em campo.
Até que veio o sonhado, desejado gol.
Parou de ser o artilheiro dos amistosos.
Mas a resposta veio imediata.
O time argentino adiantou a marcação.
E aos 29 minutos, um lance cinematográfico.
De tirar o fôlego.
Messi cobrou falta, a zaga brasileira não acompanhou Agüero. A cabeçada encobriu Alisson que estava mal colocado, adiantado. A bola beijou o travessão.
O jogo ficou muito tenso.
Pior para Éverton Cebolinha, que demonstrou toda sua inexperiência, acabou se intimidando. Sumiu da partida.
Tite tinha a obrigação de trocá-lo.
E foi o que fez, colocando Willian.
Scaloni percebeu que, mesmo só com 14 partidas como treinador, teria a chance de conseguir um resultado histórico.
Partiu de vez para tentar o empate.
A Argentina viveu excelentes 20 minutos, com Messi seguindo com suas arrancadas, toques inesperados, dribles. Casemiro tinha grande dificuldade em travá-lo.
Martínez tentou bater para o gol, a bola bateu na zaga e sobrou justo para Messi. O chute foi violentíssimo. Na trave direita do desesperado Alisson.
Quando a Argentina vivia seu melhor momento e merecia o empate, veio um contragolpe mortal do Brasil.
E puxado por Gabriel Jesus, que partiu com a bola dominada, enfrentando Otamendi e serviu, com carinho, para Roberto Firmino.
Ele estava livre dentro da área.
2 a 0, Brasil, aos 25 minutos.
O Mineirão de novo tremeu.
Só que desta vez com a certeza de que a partida estava decidida.
Pela primeira vez, Tite conseguiu levar a Seleção à sua primeira final.
Da maneira mais instigante.
Contra a Argentina.
Sem Neymar em campo.
Só na tribuna.
Quem sabe ele não aprenda de vez a importância do jogo coletivo?
E pare com sua carreira egocêntrica com a camisa da Seleção?
O resultado ganha importância por outro personagem.
Lionel Messi estava em campo.
Inspirado.
E ele foi batido pelo time de Tite.
Fez o técnico realizar o sonho de sua vida.
Comandar o Brasil no Maracanã.
Em uma decisão.
A data está marcada.
Domingo sete de julho.
Dia da final da Copa América...
Neymar comemora vitória contra a Argentina em vestiário da seleção
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