O Brasil de Vadão perde. E demonstra toda falta de estrutura psicológica
O time de Marta desabou depois de tomar o primeiro gol da Austrália. É uma falha pesada demais que Vadão não consegue corrigir. A perspectiva é péssima
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"Nós fizemos um primeiro tempo brilhante. Tivemos que fazer duas substituições no intervalo e mexeram com o equilíbrio do time. A Marta estava muito bem no jogo e perdemos essa qualidade chegando por trás.
"A Formiga, para fazer essa função (de volante)... Ela sabe o momento de dar o bote, fazer antecipação. Mas eu não vi o adversário nos encurralando. Nós tomamos dois gols acidentais."
Essas foram as principais desculpas de Vadão ao explicar a frustrante derrota do Brasil diante da Austrália, por 3 a 2, na Austrália.
A postura do treinador foi decepcionante, como durante a partida. O treinador nada fez para impedir a virada australiana.
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Ficou apático diante dos erros de passes, das feições assustadas depois do primeiro gol das australianas, nem parecia que o Brasil estava vencendo a partida.
Desde que ele assumiu o lugar de Emily Lima, a falta de atitude da Seleção Brasileira tem sido uma maldição.
Mesmo com veteranas como Formiga, Marta e Cristiane, o time depois de abrir 2 a 0, se acovardou e aceitou de maneira passiva a pressão das australianas. E com a defesa muito mal posicionada, sofreu três gols.
O Brasil repetiu a mesma situação dos nove jogos que perdeu antes da estreia na Copa do Mundo. A instabilidade psicológica não conseguiu ser corrigida por Vadão.
Ficou evidente que o time não suportou a responsabilidade da cobertura de duas tevês abertas cobrindo a Copa do Mundo. As inúmeras matérias em portais, jornais e rádios.
Jamais tiveram tanto apoio em uma Copa do Mundo.
Mas de nada adianta essa torcida se os setores atuam distantes. Dando liberdade para a Austrália trocar passes, triangular pelos lados do campo, a marcação brasileira foi frágil, ingênua, insegura.
A goleira Barbara transmitia falta de convicção.
O primeiro tempo 'brilhante' dito por Vadão não passou de dois contragolpes bem encaixados. No primeiro, Letícia Santos foi puxada por Knight. Pênalti que Marta, longe de sua melhor forma física, converteu. Cristiane aproveitou cruzamento de Debinha.
2 a 0.
Placar para dar tranquilidade. Mas para um time confiante, equilibrado, compacto, com poder de recomposição e objetividade com a bola nos pés. Tudo o que o Brasil não mostrou.
O time de Ante Milicic percebeu a tensão das brasileiras. E adiantou ainda mais o seu meio de campo. Sabia que as chances de gols surgiriam. O poder de marcação do Brasil é fraco demais. O problema está no sistema.
O gol de Foord aos 46 minutos do primeiro tempo foi tóxico. O medo, a tensão dominou as brasileiras. Na segunda etapa, as australianas fizeram o que quiseram. E imprensaram a Seleção.
Bastaram 12 minutos para Logarzo empatar. Até que veio o gol contra de Monica, aos 23 minutos.
Virada por 3 a 2.
Andressa Alves ainda sofreu pênalti nos acréscimos. Foi agarrada por Kennedy na área. Os árbitros de vídeo não alertaram a árbitra Esther Staubli.
A derrota brasileira traz um peso enorme para uma equipe fraca psicologicamente.
E Vadão está longe de transmitir confiança.
O time irá jogar sua sobrevivência na Copa do Mundo contra a Itália.
Mas entrará abalado em campo.
Esse grupo não tem mostrado força para superar derrotas.
A começar por seu treinador...
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