O argentino que faz o limitado Santos liderar o Brasileiro
Após dominante vitória contra o Corinthians, o Santos chega à primeira colocação do Brasileiro. Sampaoli consegue uma façanha com jogadores esforçados
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"Ganhamos a partida sendo muito superiores ao Corinthians."
"Sabemos que o Palmeiras tem muita força em casa, mas hoje vamos dormir sendo líderes.
"Nunca imaginei que isso aconteceria isso no Brasileirão, um dos torneios mais difíceis do mundo
O sorriso de Jorge Sampaoli se destacava na entrevista coletiva após a vitória do Santos contra o Corinthians, jogando na Vila Belmiro, que ele tanto insistia com o presidente José Carlos Peres.
E Sampaoli fez seu time encurralar o time de Fábio Carille.
O ritmo santista foi impressionante, com muita velocidade, intensidade.
A contagiante vontade de vencer superou as muitas deficiências técnicas.
O resultado de 1 a 0 foi mentiroso.
Sua equipe merecia ter goleado.
Deu nada menos do que 16 chutes a gol contra apenas dois do histórico rival.
O argentino entende muito melhor a importância, a força de atuar no pequeno e ultrapassado caldeirão do que no neutro Pacaembu.
"Aqui estamos na nossa casa."
O treinador argentino conseguiu que o time santista fizesse uma campanha impressionante nesta primeira fase do Brasileiro.
Nos nove jogos antes da Copa América foram seis vitórias, dois empates e uma só derrota.
Mais do que os importantes 20 pontos, e a liderança que pode durar horas, com uma provável vitória do Palmeiras diante do lanterna Avaí, Sampaoli trouxe ao Santos a confiança de ter um perfil tático.
Jogadores com limitações técnicas, mas que se aceitam cegamente as suas orientações, sabendo que vale a pena.
O Santos deve cerca de R$ 300 milhões. Não tem dinheiro para oferecer um elenco importante ao técnico que comandou a Argentina na Copa da Rússia.
Sampaoli desfaz na prática a desculpa de inúmeros treinadores brasileiros de que sem grandes jogadores não se faz um time.
É mentira.
O Santos dificilmente será campeão.
Mesmo com essa parada obrigatória de três semanas, o restante do Brasileiro será disputado em ritmo muito pesado.
Restarão 27 jogos, com o Santos com elenco pequeno e sem dinheiro para grandes contratações.
Mas tem tudo para conseguir chegar ao verdadeiro objetivo: conseguir uma vaga para a Libertadores de 2020.
E com a marca registrada de Sampaoli.
Uma equipe com coragem de encurralar o adversário, jogar com objetividade, intensidade, trocas de posição do meio para a frente, ataques em bloco.
Corrigindo aos poucos a grande falha da equipe: a exposição aos contragolpes.
Não é por acaso que o argentino foi sondado pelo Flamengo, antes da contratação do português Jorge Jesus.
Em apenas seis meses, o argentino de 59 já ganhou espaço importante no futebol brasileiro.
A xenofobia está esquecida na Vila Belmiro.
Está fazendo o Santos ir além que a sua própria diretoria acreditava.
Além de tudo, integrado na vida provinciana da cidade.
Se o time caiu no Campeonato Paulista, na Copa do Brasil, na Sul-Americana, a culpa é do elenco limitado que possui.
Em um torneio longo disputado com pontos corridos, o treinador mostra seu trabalho.
E o de Sampaoli está sendo ótimo...
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