Neymar. Por sua conta e risco. Enfrentou o planejamento dos médicos. E quis ficar jogar contra o Fortaleza. Não aceitou ‘não’ como resposta
Neymar decidiu antecipar a fase de transição da importante lesão da coxa direita, que o tirou dos jogos desde setembro. A projeção era que atuasse apenas daqui a oito dias, contra o Flamengo

Postura de herói?
Ou de jogador pressionado, precipitado?
Ídolo maior, que não ouve não?
Contrariando a previsão dos médicos, fisiologistas e preparadores físicos do Santos, Neymar estará hoje na Vila Belmiro.
Pronto, e querendo entrar, pelo menos por alguns minutos, contra o Fortaleza.
A direção do Santos tinha, na semana passada, a notícia que o jogador de 33 anos e meio, só poderia voltar a atuar contra o Flamengo, no Maracanã, dia 9 de novembro.
A contusão retro femoral na coxa direita foi de grau 2. O que significa grau 2? O rompimento de fibras musculares. É mais grave do que estiramento.
Em março, ele teve um pequeno rompimento de músculo da perna esquerda, com direito a inchaço e edema.
Ao longo do ano teve dores musculares que o impediram de atuar com constância.
Tanto que não conseguiu estar pronto para nenhum jogo da Seleção Brasileira nesta temporada.
Já soma 43 lesões na carreira.
Não pôde impedir o Santos de fracassar no Paulista e ser eliminado da Copa do Brasil pelo fraco CRB, de Alagoas.
Sua volta ao futebol deste país tem sido enorme desilusão. Não conseguiu colocar o Santos apto a disputar qualquer título.
Sua maior vitória seria evitar o novo rebaixamento para a Segunda Divisão, o que é muito pouco para um jogador tão importante.
Este ano todo só conseguiu marcar seis gols e dar três assistências.
Neymar sabe que sua volta à Seleção está condicionada ao seu preparo físico ‘perfeito’.
E o Santos também precisa de uma longa sequência de jogos da principal estrela do elenco.
A sua vaga na Copa do Mundo está mesmo em risco.
Assim como a sua permanência no Santos.
O presidente Marcelo Teixeira quer.
Mas já há conselheiros que acreditam que o clube paga caro demais, para ele não jogar, contundido.
Entre contratos de publicidade, salários, luvas, ele ganha R$ 9 milhões mensais.
Diante desse quadro, ansioso, Neymar foi firme na quinta-feira, ao conversar com Juan Pablo Vojvoda.
Estava se sentindo bem fisicamente e queria jogar contra o Fortaleza.
Houve surpresa generalizada.
Mas a palavra de Neymar se impôs.
Até porque os exames mostram que ele está recuperado.
Esse último período de recuperação, que apontava a volta gradativa aos campos, deveria só terminar às vésperas do confronto com o Flamengo.
Tanto que esta semana, ao retornar ao campo, os choques com os companheiros de time eram evitados. Nada de faltas ou divididas com Neymar.
O treinamento ontem foi ‘para valer’ e ele não sentiu qualquer problema.
O tratamento conservador indicava calma.
E liberação depois de oito dias.
Mas ele quer estar em campo, hoje contra o Fortaleza.
Pelo menos por alguns minutos.
A direção santista adorou.
As vendas de ingressos estavam fracas.
Ainda mais para uma partida tão decisiva.
Neymar se tornou motivador para o torcedor.
Só que, na fria análise da situação, o jogador se expõe.
Despreza oito dias de condicionamento.
Por sua conta e risco.
Ninguém diz ‘não’ a Neymar no Santos.
A sorte está lançada...
