Neymar não encaixa na Seleção de Ancelotti. Com velocidade, intensidade, conjunto e objetividade, o Brasil vence o Senegal. E mostra como quer jogar a Copa. ‘Time com talento e sacrifício’
Futebol de personalidade, marcando pressão, com toques de bola solidários, sem shows particulares. A Seleção venceu o ascendente Senegal por 2 a 0, gols de Estêvão e Casemiro. Time objetivo, mas vibrante, com velocidade, força física. Incompatível com Neymar de 2025

"Foi um jogo muito bonito. Com sacrifício e concentração a nível defensivo.
“Gostei do trabalho feito, do sacrifício, dessa ideia do jogo que queríamos fazer bem com qualidade, concentrado defensivamente e todos os jogadores trabalharam muito bem.
“Muita pressão na primeira parte, controle na segunda parte, porque não precisamos da pressão muito alta como na primeira parte. A qualidade dos jogadores na frente fez a diferença.”
Carlo Ancelotti é assim, ‘fala... Sem dizer.’
Ou seja ele deixou explícita sua felicidade com a vitória impositiva do Brasil, diante do Senegal, hoje, em Londres, por 2 a 0.
Pouco importou para ele a tola invencibilidade do time africano, que estava há mais de dois anos sem perder, goleando neste período, o sem rumo Brasil de Ramon Menezes.
Ancelotti estava feliz porque ele encaixou a equipe, como desejava. Colocou Éder Militão como terceiro zagueiro. Ao lado de Marquinhos e Gabriel Magalhães.
Alex Sandro ficou quase como um lateral esquerdo do século passado, só marcando no campo brasileiro.
Fez Casemiro, Bruno Guimarães, Rodrygo e Matheus Cunha se adiantarem na intermediária senegalesca.
E Estêvão e até Vinicius Júnior correrem para fechar a saída de bola africana, pelos lados do campo.
Sem um ‘nove’, sem a necessidade de um centroavante, com a missão apenas esperar cruzamentos ou sobras na área.
Quando o Brasil tinha a posse de bola, a ordem era os jogadores se aproximarem, atacar em bloco, desnortear a física marcação do Senegal, com tabelas, dribles objetivos, não para dar show, mas para servir o time.
Chega a ser impossível ver o Neymar atual nesta equipe tão vibrante, com tanto espírito de sacrifício, atuando pela vitória do time, sem privilégios táticos.
A Seleção não jogou ‘para ninguém’, como defendem muitos. Colocar Neymar como uma estátua na frente, apenas esperando bola para definir as jogadas de ataque. Nem no futebol de botão isso funciona.

Com a palavra, o homem que comanda o futebol do Brasil.
E os elogios para a movimentação constante, a agressiva marcação na saída de bola dos africanos. E o espírito solidário na frente, tabelando, buscando o companheiro, sem a obsessão de ter de marcar o gol. Pensando antes no time.
Matheus Cunha fez um papel importantíssimo.
“A posição de Matheus Cunha é muito importante, porque ajuda na saída de bola entre o meio e o atacante. Com ele, os três da frente podem fazer jogadas fantásticas.
“Vinícius pode mudar de posição de Rodrygo, porque está acostumado, e o Estêvão com um talento incrível pela direita.
“É uma surpresa ver um jogador tão jovem com esse tipo de talento. É muito preciso e muito contundente. O Brasil com ele tem um futuro garantido”, decretou Ancelotti.
Estêvão está cada vez mais à vontade, confiante.
Marcou seu quarto gol desde a chegada de Ancelotti.
“Um cara (Ancelotti) que tem inúmeros títulos, currículo importante. Fico feliz por Deus ter colocado ele na minha vida. Treinador espetacular, conversa no dia a dia, me dá conselho, ajuda bastante.
“A sensação é incrível de estar aqui na Seleção”, disse o atacante do Chelsea.
Ancelotti não se deixou levar pela empolgação geral, dos jornalistas brasileiros que acompanhavam a Seleção, na Inglaterra.
Sua análise do jogo, quando foi fria, calculista.
“A primeira parte foi muito boa. Pressão alta, agressividade, e na segunda parte poderia ser melhor.
“Defendemos bem com bloco baixo e aproveitamos a transição, só que às vezes forçamos demais, poderíamos controlar mais o jogo, mas é característica dos jogadores que temos na frente.”
O Brasil conseguiu a vitória de forma que impressionou os europeus.
A partida foi disputada em Londres por conta de acordos financeiros da CBF. O que foi ótimo para os atletas que atuam na Europa estarem mais descansados, prontos para o confronto, sem a necessidade de longas viagens e jogos logo em seguida.
Na terça-feira, o Brasil enfrentará a Tunísia, na França.
Ancelotti pode fazer alguns novos testes na equipe.
Mas o perfil, a espinha dorsal do time já está encaminhada.
Sem contar com Raphinha, esse sim, considerado também essencial.
Nesta equipe vibrante e solidária que está articulando, fica cada vez mais evidente.
Não há lugar para um veterano de 33 anos e meio.
Sem disposição para marcar a saída de boa adversária, sem explosão muscular, sem velocidade.
Muito técnico, talentosíssimo, mas que centraliza qualquer partida, exige que a bola passe nos seus pés.
E atua para ele e não para o time.
Não se submete a ‘sacrifícios’.
Neymar não combina com a Seleção Brasileira de Ancelotti.
Não a que vai lutar como equipe pela Copa de 2026...
