'Não volto nunca mais ao Brasil', jura Willian. Ameaças de morte, esquecimento de Tite e fracasso no Corinthians, os motivos
O meia-atacante de 34 anos revela seu medo da violência brasileira. Sua esposa não aceita o retorno ao país depois das ameaças de morte. Para completar, houve o fracasso do sonho de Willian de disputar a Copa do Catar
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Willian não quer voltar nunca mais ao Brasil.
Ele e sua família foram ameaçados de morte, no ano passado. O motivo era a péssima campanha do Corinthians.
Ficou traumatizado com o clima de violência, de ódio.
Ele havia voltado ao clube que o lançou em agosto de 2021. O meia-atacante acreditou nas promessas do presidente Duilio Monteiro Alves de montar um grande time. Que brigaria por títulos, principalmente pela Libertadores de 2022.
Só que a "grande equipe" não deu liga. Renato Augusto, Róger Guedes, Paulinho, Ivan, Balbuena, Robson Bambu, Rafael Ramos, Bruno Melo, Maycon, Fausto Vera, Yuri Alberto e Júnior Moraes.
E os jogadores consagrados como ele e Cássio receberam ameaças de morte.
O que assustou profundamente a esposa de Willian, que viu seus filhos serem ameaçados também. Daí a decisão radical, já que a família vive ótima situação financeira, consequência da carreira vitoriosa de Willian, com passagens por Shakhtar Donetsk, Anzhi, Chelsea e Arsenal.
Além de Seleção Brasileira.
"Não quero voltar para o Brasil, nunca mais!"
"Eu já tinha esse pensamento desde antes do Corinthians. Acabou acontecendo uma situação de voltar ao clube onde eu comecei porque eu quis e o Corinthians também, mas eu já pensava em continuar até o fim na Europa."
"É um assunto complicado porque, quando você critica o jogador na bola, você fala que ele não foi bem, isso acontece. Jogador não é uma máquina, também vai haver os dias bons e ruins. Só que, às vezes, os torcedores não aceitam os dias ruins."
"O que eu vejo no Brasil é uma pressão, às vezes desumana, que leva para a base da violência, ameaça à família, aos filhos… Quando toca nessa parte, para mim, já muda. Tenho de preservar a minha família, é meu bem mais precioso."
As declarações claras, em entrevista ao site oficial da Premier League, chocam.
O "nunca mais" é real por causa das ameaças, do medo de sequestro.
E também porque o seu plano esportivo deu completamente errado.
Ele sonhava em disputar a Copa de 2022. Estava muito mal no Arsenal. Sabia da força de massa que o Corinthians possui. É a segunda maior torcida do Brasil. E o clube tem uma ligação umbilical com Tite.
Willian apostou que jogando bem, com o "grande time" descrito por Duilio, a ida ao Catar poderia acontecer.
Só que, além de o Corinthians não conseguir resultados, Willian enfrentou uma situação muito difícil. Duilio Monteiro Alves apostou não só nele, mas em Róger Guedes. Duas estrelas que rendiam muito mais pelo mesmo setor: a ponta esquerda.
O ex-treinador Vítor Pereira se desgastou muito porque preferia claramente Willian pelo setor. E tentou escalar Guedes pelo meio, como atacante de referência, e até pela direita. Mas o rendimento não era o mesmo.
Willian teve a garantia da polícia de São Paulo de que ele e sua família estariam protegidos e poderiam continuar morando na cidade. Cássio, por exemplo, aceitou.
Mas a esposa de Willian, não. E o jogador analisou seu futuro. Estava perdendo muito dinheiro jogando no Corinthians. Recebia R$ 1,5 milhão entre salários e luvas. No Arsenal, ele ganhava R$ 2,8 milhões mensais.
O meia-atacante tinha ótimo relacionamento com Róger Guedes, a concorrência pela vaga na esquerda também o incomodava. Ele sabia que o elenco corintiano era desequilibrado, com dois jogadores importantes em sua posição. E faltava, já em 2022, outro meia talentoso para atuar com Renato Augusto, por exemplo.
A ameaça de morte foi o principal motivo, sem dúvida.
Mas o fracasso esportivo acabou sendo muito importante.
Willian voltou à Inglaterra ao sair do Corinthians.
Seu contrato com o Fulham caminha para o fim.
Aos 34 anos, não tem certeza de que o clube britânico queira a renovação. Ele deseja. Mas já visualiza a ida para os Estados Unidos ou o Oriente Médio.
Mas para o Brasil não volta.
Nem depois do fim da carreira...
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