'Não sou médico.' Edinho justifica estar longe de Pelé, treinando o Londrina. Mas internautas não perdoam a ausência
Pelé sempre esteve ao lado de Edinho. Mesmo quando ele foi preso, acusado de tráfico de drogas. Mesmo com o pai no hospital, com o câncer do cólon se espalhando pelo corpo, Edinho continua no Paraná
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"Eu gostaria de alguma maneira de estar presente, mas estou comprometido na minha missão aqui também. Eu não sou médico, não ia poder ajudar muito de fato. Quanto mais sucesso eu conseguir aqui, na minha trajetória, isso leva alegria para ele lá também.
"Estou em paz com isso. Mas sempre com o pensamento lá. Às vezes me desligo um pouco e vou para um canto refletir, orar. É uma questão natural, mas muito difícil, que todos passam eventualmente."
Pelé já disse várias vezes que sua maior alegria em 1970 não foi a conquista do tricampeonato pelo Brasil, no México. Mas o nascimento de Edson Cholbi Nascimento, conhecido pelo apelido Edinho.
Ele causou grande alvoroço ao vir ao mundo, há 52 anos. Pelé já estava mais do que consagrado. Não era chamado de "rei do futebol" por acaso. Jogador espetacular, autor de mais de mil gols. Responsável direto por duas Copas do Mundo, conquistadas pelo Brasil. Se não se machucasse em 1962, com toda certeza teria tornado o título mais fácil.
O cuidado com seu primogênito foi tão grande que Pelé não quis dar o nome óbvio: Edson Arantes do Nascimento Filho. Ele ficou tentado, mas evitou o peso que colocaria nas costas do filho. Mas fez questão de dar o primeiro nome a ele. Edson. Daí o apelido Edinho.
O mundo esperara que o DNA do talento imensurável de jogador de futebol chegasse ao filho. Não chegou. Edinho quis jogar. Desde criança se encantava com torcidas, viagens, confrontos que paravam o Brasil. Ele decidiu ser profissional de futebol.
Mas em uma posição que era a antítese daquela do pai. Foram nove anos como goleiro.
Em 2005 foi detido, acusado de ligação com o tráfico. Foi condenado a 12 anos e dez meses de prisão. Ficou entre 2017 e 2019 na cadeia.
Pelé não cansou de defender o filho. Colocou os melhores advogados à disposição do seu filho. Enfim, sempre o teve ao seu lado.
Edinho se tornou treinador.
Passou por Mogi Mirim, Água Branca, Tricordiano, estava no sub-20 do Londrina desde 2021. Foi promovido a treinador do time profissional, em outubro. Há dois meses.
Enquanto isso, seu pai piorou muito do câncer no cólon. Foi internado no hospital Albert Einstein no dia 29 de novembro. A doença está se espalhando, apesar da quimioterapia e de todos os tratamentos mais modernos.
Aos 82 anos, enfrenta o mais grave problema de saúde.
Seu estado tem piorado, com a doença se espalhando. E o hospital assume que o estado dos rins e do coração de Pelé tem piorado.
As críticas a Edinho, por não estar ao lado do pai, que ficou tanto ao seu lado, até quando foi preso, só aumentaram..
Chegaram até a direção do clube paranaense.
E Edinho deu entrevista hoje para tentar justificar sua ausência.
"Minhas duas irmãs mais velhas estão lá acompanhando, estão com ele diariamente, 24 horas por dia, revezando. Então, isso nos conforta. É o nosso elo de comunicação, de contato. Através delas, eu e meus irmãos que estão nos Estados Unidos, a gente consegue estar próximos dele de alguma maneira."
Pelé vai passar o Natal internado no hospital. Não há previsão de alta.
Edinho não confirmou que estará ao lado do pai.
Insiste no argumento de que "não é médico".
Segue trabalhando com o Londrina.
As críticas nas redes sociais também.
Internautas não aceitam o filho longe do Rei do Futebol.
Neste momento tão delicado.
Depois de tudo o que Pelé fez por Edinho...
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