‘Não me comparem com o Jorge Jesus. Ele é muito mais treinador do que eu. Ainda.’ Filipe Luís. Mas quem pode parar esse Flamengo na Libertadores? E no Brasileiro?
O Flamengo não tomou conhecimento do Internacional, em pleno Beira Rio. Venceu pela terceira vez seguida o time de Roger Machado. 2 a 0 e se classificou para as quartas da Libertadores. Terá pela frente, como favorito, o argentino Estudiantes

Flamengo líder absoluto do Brasileiro.
Classificado ontem para as quartas da Libertadores.
Sem esforço, em Porto Alegre, com nova vitórias incontestável contra o Internacional, por 2 a 0, gols de Arrascaeta e Pedro.
Completou três vitórias seguidas contra o time de Roger Machado, ameaçado de demissão. A primeira, no Maracanã, como jogo de ida das oitavas, por 1 a 0. A segunda, 3 a 1, com os dois clubes atuando com equipes mistas, em pleno Beira Rio.
E ontem, mais um triunfo carioca, para desespero da torcida colorada que lotou, em vão, o estádio do Internacional.
Diante da autoridade com que o Flamengo é primeiro no Brasileiro. E da facilidade que atingiu as quartas da Libertadores, a comparação com Jorge Jesus, campeão das duas competições, veio à tona na coletiva.
E Filipe Luís deu uma lição de humildade.
“Evito (a comparação), claro, por mais que eu ame o Jorge Jesus, foi um cara que me ensinou, um pai para mim, continuo falando com ele sempre.
“Nunca me comparem com ele. Nunca façam isso. Ele é muito, muito mais treinador do que eu ainda.
“Muito mais experiente, tem mais títulos, história. E eu estou começando a minha. Nunca façam isso. Não cometam esse erro comigo, porque é injusto comparar um cara com a grandeza dele comigo que estou só começando.”

Mas o trabalho de Filipe Luís é impressionante.
Ele assumiu o Flamengo profissional em setembro de 2024. Em menos de um ano, venceu a Copa do Brasil, a Supercopa do Brasil e o Campeonato Carioca. Lidera o Brasileiro e levou seu time às quartas da Libertadores.
Controla o melhor elenco da América do Sul. Colocando no banco jogadores como Pedro, Danilo, De La Cruz, Luiz Araújo, Everton Cebolinha, Emerson Royal, Ayrton Lucas. Sem dar espaço para crises de ego.
E monta o time de forma consistente, intensa, vibrante. E que tem controlado a maioria das partidas de forma assustadora. Como foi ontem em Porto Alegre. E explorando ao máximo a forma física dos atletas. Indo ao limite.
O Flamengo vence na técnica, na estratégia e na força física.
“Muito difícil jogar contra o Internacional e, praticamente, eles não chutarem no seu gol. No Maracanã, por mais que tenha sido um grande primeiro tempo e muito criticado no segundo tempo, a verdade é que o Inter teve pouco perigo naquele jogo.
“A gente conseguiu dominar bem. É uma ilusão pensar que vai dominar os 90 minutos, o adversário também tem suas armas, tem grandes jogadores.
“A primeira diferença foi a volta do Arrascaeta, que não jogou o primeiro jogo, e alguns ajustes táticos, detalhes pequenos que foram corrigidos. Esse jogo aqui também tem coisas para corrigir.
“Não gosto de me iludir pelo resultado. Gosto de analisar friamente e corrigir os erros, que, com certeza, existem, e potencializar o que vem sendo feito de bom.”

Como a noite estava para comparações. Filipe Luís teve outra vez de tentar mostrar a diferença entre o time de 2019 e o de 2025.
“Bom, primeiro que eu não posso nunca comparar times passados ao meu time, são jogadores totalmente diferentes. Não posso nunca, jamais me colocar à altura do treinador que estava naquele momento, que era o Jorge Jesus.
“Se não é o melhor da história, é um dos melhores que passaram aqui no Flamengo. Nunca parecerei, nunca vou fazer algo parecido com o que ele fez. Vou fazer a minha história, o que eu estou aqui para fazer do meu jeito, da minha história, mas sim com esse DNA do Flamengo que eu aprendi e que eu conheço desde pequeno.
E que é tentar fazer isso, amassar o adversário o máximo tempo possível. Já falei várias vezes, muitas vezes não conseguiremos, muitas vezes jogaremos mal, muitas vezes até jogaremos bem e vamos perder jogos, vamos jogar mal e ganhar.
“Assim é o futebol, mas a proposta, o modelo de jogo é tentar sempre propor jogos, estar jogando com a bola no chão.”
O destino também agiu a favor de Filipe Luís.
Em dezembro de 2023, ele foi convidado para ser auxiliar de Jorge Jesus, no Al-Hilal.
Mas preferiu apostar na carreira como técnico principal. Assumiu a base do Flamengo, em janeiro de 204. E foi logo vencendo a Copa Rio sub-17, em junho. Assumiu o sub-20 e foi campeão Intercontinental, em agosto, há um ano.
Em setembro de 2024 assumiu ‘interinamente’ o profissional, no lugar de Tite.
A diretoria iria procurar outro treinador.
Até que Filipe Luís começou a mostrar o que aprendeu com Jorge Jesus.
E começou a colecionar títulos...