‘Não é azar’, sentencia Crespo. ‘Quero jogadores saudáveis.’ São Paulo bate recorde na sua história. 75% do seu elenco passou pelo departamento médico. Casares está cansado das cobranças públicas. Rota de choque entre o presidente e o técnico
A contusão de Rafael Tolói, sério desconforto na coxa esquerda, e a derrota para o Corinthians, irritou de vez o técnico argentino. Apesar de a direção pedir que ele não reclamasse mais publicamente, Crespo não se conteve

“Azar, não! Nada é azar!
“A única coisa que posso falar deste tema é que a gente tinha 13 jogadores de campo para escolher para este jogo. Depois, tive que esperar três, quatro meninos de Cotia, porque eles jogaram domingo e não podiam trabalhar segunda e terça para recuperar. Esperamos o voo de Bobadilla, Ferraresi e Tapia.
“Quero jogadores saudáveis!”
Foi assim, revoltado, que Crespo respondeu à indagação de um jornalista, ontem, na entrevista coletiva, depois da derrota para o Corinthians.
Ele se referia à lesão muscular na coxa esquerda de Rafael Tolói. O zagueiro, de 35 anos, é mais um lesionado no São Paulo.
O clube atingiu uma marca inédita na sua história.
Dos 33 jogadores do elenco, 25 já tiveram passagem pelo departamento médico.
São mais de 75% do time.
O presidente do São Paulo, Julio Casares, já havia pedido para Crespo não se manifestar publicamente em relação às lesões. Porque a força da palavra de Crespo acaba expondo o clube como um todo.
Desde as contratações de veteranos, permitidas pelo próprio dirigente, as avaliações físicas, o departamento médico e os longos períodos que os atletas levam se recuperando. A fisiologia que também não acelera os retornos. Até a psicologia é questionada.
Crespo confia cegamente nos seus preparadores físicos Federico Martinetti e Leandro Paz, com quem trabalhou no Al-Ain.
Eles são ‘intocáveis’. Para o treinador o problema gravíssimo está nos responsáveis pela estrutura do São Paulo, que não estão conseguindo manter os jogadores saudáveis.

A situação é complicada.
Casares não está gostando de Crespo estar expondo o clube, principalmente nas derrotas.
O presidente demitiu Luiz Zubeldía, por reclamar do elenco envelhecido que o dirigente montou. E pela única opção dada por Casares. Mesclar os veteranos com os garotos inexperientes de Cotia.
Agora Crespo segue expondo o clube nesta reta final de Brasileiro.
Embora tenha razão, o dirigente se vê ainda mais pressionado pelas palavras do argentino. 2025 já foi um ano de fracassos para Casares.
Se o técnico não mudar sua postura, há a chance real de ser demitido no final do ano, embora tenha contrato até o final de 2026.
Nem Crespo nem Casares estão contentes com a situação atual do São Paulo.
O problema é grave.
Ainda mais com o time despencando na luta pela Libertadores de 2026.
E pode acabar em demissão.
