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Na Semana da Mulher, Athletico contrata Cuca. Com julgamento por estupro coletivo anulado, clube desafia a opinião pública

O Athletico desafiou a opinião pública. E contrata Cuca como novo técnico. Ele não inocentado de um estupro coletivo na Suíça, de uma menina de 13 anos. Seu julgamento foi anulado. Protestos já começam nas redes sociais

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli


Cuca comemora. Com julgamento por estupro anulado, ele volta a trabalhar. No Athletico
Cuca comemora. Com julgamento por estupro anulado, ele volta a trabalhar. No Athletico Reprodução/RecordTV

São Paulo, Brasil

Começa hoje, dia 4 de março, o primeiro dia da Semana Internacional da Mulher.

E nesta segunda-feira, o Athletico confirma a contratação de Cuca, como seu treinador.

O técnico foi condenado por estupro coletivo de Sandra Pfälli, menina de 13 anos, na Suíça.

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No dia 28 de julho de 1987, ele e os demais jogadores do Grêmio, Henrique, Fernando Gaúcho e Eduardo, foram acusados atrair a garota para o hotel onde a delegação se hospedava, em Berna. E, com a desculpa de dar uma camisa para Sandra, a levaram para o quarto 204 do hotel Metropolis. Ela foi com dois amigos.

Os jogadores expulsaram os garotos e estupraram a menor.

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Cuca disse que apenas olhou.

Mas o advogado da menina, Willi Egloff, o desmentiu. Garantindo que foi descoberto sêmen de Cuca em Sandra.

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Os quatro foram presos preventivamente.

A direção do Grêmio conseguiu liberá-los depois de 28 dias.

Havia a promessa que estariam em Berna, na Suíça, quando houvesse o julgamento.

Nenhum deles compareceu.

No dia 15 de agosto de 1989 saiu a sentença.

Cuca, Henrique e Eduardo pegaram 13 meses de detenção, em regime aberto. Teriam de dormir na cadeia. Fernando, só três meses.

Como não estavam na Suíça, não cumpriram pena.

A sentença 'caducou' depois de vinte anos. 

Cuca foi o mais vitorioso do quarteto. Enriqueceu jogando e treinando clubes grandes.

Acabou campeão da Copa do Brasil, da Libertadores, com o Atlético Mineiro.

A conquista do maior título da América do Sul foi em 2013.

Foi campeão brasileiro com o Palmeiras.

Foi cotado para a Seleção Brasileira.

Mas, como os tempos mudaram, a história do estupro coletivo voltou à tona.

Depois de sua passagem pelo Santos, quando levou o clube ao vice-campeonato da Libertadores, voltou para o Atlético Mineiro. Mas em 2021 e, principalmente, em 2022, a pressão pela condenação por estupro o perseguiu.

O máximo foi no Corinthians, quando foi contratado no dia 21 de abril de 2023. Justo o clube pioneiro na defesa das mulheres contra agressões sexuais empregou um técnico condenado por estupro.

Foi caótico.

Cuca e Henrique, Eduardo e Fernando Os quatro foram condenados por estupro de uma menina de 13 anos
Cuca e Henrique, Eduardo e Fernando Os quatro foram condenados por estupro de uma menina de 13 anos Reprodução/Revista Placar

Cuca não resistiu à pressão das redes sociais, do time feminino do próprio Corinthians, da opinião pública, dos patrocinadores.

Foi demitido depois de apenas dois jogos, em uma semana.

E a partir do dia 27 de abril, jurou que iria 'limpar seu nome na Suíça'.

Contratou advogados caríssimos que foram à Berna.

E conseguiram não a sua absolvição.

Mas a anulação do julgamento.

Com o argumento que Cuca não estava presente para se defender.

E nem seu advogado.

Se Cuca tivesse ido ao julgamento, ele poderia ter sido preso imediatamente, em 1989.

Ele alega que nem sabia que haveria julgamento.

Só duas partidas no Corinthians, no ano passado. Pressão pela demissão pela condenação por estupro
Só duas partidas no Corinthians, no ano passado. Pressão pela demissão pela condenação por estupro Rodrigo Coca/Divulgação/Corinthians

A juíza Bettina Bochsler acatou o pedido da advogada de Cuca, Bia Ságuas, de anulação do julgamento, por falta de defesa. 

E o julgamento foi anulado no dia 28 de dezembro de 2023.

Sandra Pfälli morreu em 2002.

Seu filho não quis exigir da justiça novo julgamento, como seria seu direito, como herdeiro.

Cuca, aos 60 anos, ficou livre.

Não inocentado.

Teve seu julgamento anulado.

Cruzeiro, Santos e, principalmente, Botafogo, pensaram em contratar o treinador.

Mas não quiseram enfrentar a pressão da opinião pública.

Por conta do estupro coletivo.

De uma menina de 13 anos.

Só havia um clube no Brasil que teria firmeza de contratá-lo, sem se importar com pressão de patrocinadores, movimentos feministas, da opinião pública.

É o Athletico Paranaense.

O dirigente Mauro Celso Petraglia comanda a importante agremiação paranaense.

Seu domínio político é impressionante.

Faz o que quer. Contrata e demite treinadores, jogadores, dirigentes, sem contestação de ninguém.

E foi ele quem decidiu que o novo comandante do time seria Cuca.

Aliás, Petraglia já o queria no ano passado, sem medo de ninguém, quando o julgamento do técnico nem ainda havia sido anulado.

Cuca assume no lugar do colombiano Juan Pablo Osorio, que ficou apenas dois meses no cargo.

Teve apenas uma derrota.

E no ano de centenário do Athletico.

Escolha de Petraglia que todos no clube respeitam.

Os protestos já começaram nas redes sociais.

Mas a direção já prometeu a Cuca que não cederá às críticas.

E ponto final.

Assim começa a Semana da Mulher, no Brasil...

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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