Na marra, o líder Palmeiras mantém o Flamengo a nove pontos de distância. Dudu mudou o jogo. 1 a 1
Jogo frenético. Com cheiro de decisão, o Palmeiras se superou, depois de ótimo primeiro tempo dos reservas do Flamengo. Mas Abel mudou taticamente o jogo. E conseguiu o importante empate no Allianz
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Não há a menor dúvida de que o clima foi de final, no Allianz Parque lotado.
Dorival Júnior tentou fazer o Flamengo jogar com seus reservas, poupar os titulares fundamentais para a semifinal da Copa do Brasil, contra o São Paulo.
E até que estava no caminho, depois de um primeiro tempo excelente dos suplentes rubro-negros diante do Palmeiras mais forte, de Abel Ferreira.
Vencia por 1 a 0, gol de cabeça do garoto Victor Hugo, que não foi acompanhado por Zé Rafael.
Só que, no segundo tempo, duas alterações táticas importantes do treinador português mudaram o jogo e os planos de Dorival. Abel fixou Dudu na ponta-direita, para explorar o menor poder de marcação de Ayrton Lucas.
Além disso, adiantou a marcação palmeirense. A ordem era marcar o Flamengo como se fosse uma equipe inferior, pequena. E foi assim que o jogo teve uma reviravolta. Com as chances se acumulando. Até que Raphael Veiga, que não fazia boa partida, anulado pela marcação, acertou um chute perfeito, da entrada da grande área, sem chance para o ótimo Santos.
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1 a 1.
Dorival Júnior sabia da necessidade do Flamengo vencer, para diminuir a vantagem do líder Palmeiras. E apelou para as suas estrelas. Arrascaeta, Pedro, Gabigol, Vidal e Everton Ribeiro. A pressão passou a ser do time carioca.
O quinteto mais talentoso, e descansado, imprensou o time de Abel Ferreira na defesa. Como se a partida estivesse acontecendo no Maracanã. Foi um sufoco.
São 49 pontos contra 40.
O Flamengo ficou travado na terceira colocação, um ponto atrás do Fluminense.
O resultado foi excelente para o Palmeiras.
"Foi um jogo muito igual, duas grandes equipes. Flamengo vem crescendo no campeonato. Quando você fala em primeiro, segundo, se você não ganhar, não pode deixar seu adversário ganhar pontos. Foi o que aconteceu", reconhecia Dudu, o grande personagem do confronto.
Era nítida a animação do atacante palmeirense. E que o empate teve mesmo gosto de vitória.
"A gente veio aqui com o intuito de ganhar os três pontos. Temos que ter o reconhecimento do trabalho do Palmeiras que vem de anos, nunca é fácil jogar aqui", resumia, com acerto, o vivido David Luiz.
Foram explícitas as intenções dos times no confronto entre os dois melhores elencos do país, favoritos a decidirem novamente a Libertadores da América.
Os jogadores do Palmeiras pisaram no gramado do Allianz Parque com a convicção de que não poderiam perder. A vantagem de nove pontos sobre o Flamengo era fundamental no objetivo explícito de Abel Ferreira, de ser pela primeira vez campeão do Brasil.
E colocou seu melhor time. Sem poupar titular algum. Mas com a frieza dos números não deixando contagiar a empolgação da torcida, que desejava a vitória de qualquer maneira.
Abel Ferreira sabia da armadilha montada por Dorival Júnior.
No primeiro tempo, o Flamengo, com excelentes reservas, iria entrar para tentar sair na frente do placar. Tem frenética movimentação do meio para a frente. Se não conseguissem deixar o time carioca em vantagem no placar, ao menos cansariam o poderoso rival.
Para que, no meio do segundo tempo, entrassem os titulares flamenguistas, poupados para o confronto da quarta-feira (24) contra o São Paulo, pela semifinal da Copa do Brasil. E, em 20 minutos, garantiriam a vitória, a conquista dos três pontos, diminuindo a diferença de pontos para seis. Além de o clube da Gávea assumir a segunda colocação no Brasileiro, desbancando o Fluminense.
E o primeiro tempo foi perfeito para o time de Dorival Júnior.
O treinador, que segue utilizando simplicidade tática desconsertante, mudou a alma do Flamengo. Os reservas, distribuídos no 4-4-2, clássico, utilizado há mais de 20 anos no futebol brasileiro, conseguiram preencher todos os espaços. Deram aula de intensidade, atacando e defendendo em bloco.
Ayrton Lucas fazia ótima partida, desequilibrando pelo lateral esquerda. Marcos Rocha não conseguia marcá-lo. E nem tinha o auxílio de Gustavo Scarpa. Foi um sofrimento para o Palmeiras. Em compensação, Dudu estava muito bem vigiado por Matheuzinho, na esquerda.
E Rony estava enfiado na zaga, improvisado e improdutivo. O lugar deveria ser ocupado por um artilheiro com grande talento, já que o Palmeiras tem condições financeiras. Mas investiu de novo em meras promessas: o argentino Lópes, o uruguaio Merentiel e o brasileiro Rafael Navarro estavam no banco. Por não mostrarem o futebol que se esperava do trio.
Embora a torcida palmeirense estivesse entusiasmada, querendo mudar a realidade aos gritos, o Flamengo foi crescendo. Tinha muito mais volume de jogo. Os atletas obedeciam a Dorival e se aplicavam como se fosse a final do Brasileiro, obrigando os palmeirenses a correr mais que o que pretendiam.
Até que Ayrton Lucas deu um drible humilhante em Marcos Rocha. E cruzou para Victor Hugo cabecear sozinho, bobeada absurda de Zé Rafael, que se perdeu na marcação. Aos 28 minutos, o Flamengo merecia sair na frente do placar: 1 a 0.
Se o time carioca seguisse pressionando, tinha chance de conseguir ampliar a vantagem. O Palmeiras não conseguia reagir. Raphael Veiga estava apagado e Gustavo Scarpa, com pouca inspiração, estava estranhamente egoísta.
No segundo tempo, Abel Ferreira cumpriu sua obrigação, como melhor treinador no país. Descobriu a maneira de mudar o jogo. Inverteu Dudu e Scarpa. Acabaram as avançadas confiantes de Ayrton Lucas. Ele teria de enfrentar os dribles, as arrancadas de Dudu.
E o português tratou de adiantar suas linhas e exigir que seu time corresse ainda mais, não se importando tanto com as estrelas flamenguistas que entrariam. O Palmeiras já estava perdendo a partida.
O resultado foi imediato, com o Palmeiras se tornando "senhor do jogo". Thigo Maia, João Gomes e Victor Hugo já não conseguiam dominar as intermediárias.
A partida ficou aberta, mais interessante, emocionante. O Flamengo descia em contragolpes objetivos, perigosos.
Mas o Palmeiras, incisivo, conseguiu o empate.
Justo com Raphael Veiga, que não fazia uma partida do seu nível técnico, recebeu de Dudu, que infernizava a zaga do time carioca, e bateu com muito talento, longe do ótimo goleiro Santos. 1 a 1, aos 20 minutos.
A reação de Dorival foi colocar sua tropa de elite. Arrascaeta, Pedro, Gabigol, Everton Ribeiro e Vidal entraram com a missão de fazer o Flamengo vencer.
O Palmeiras, cansado, tratou de se defender, com Abel orientando seus jogadores a se sacrificarem, mas não permitirem a perda das intermediárias. Foi um duelo impactante, com os dois times lutando, e criando chances. Mais notoriamente o Flamengo.
O time paulista segurava na marra o empate.
A partida estava terminando, quando houve um escanteio para o Palmeiras.
49 minutos.
E Vidal percebeu que Gustavo Gómez estava livre.
O experiente chileno jogou seu corpo em cima do paraguaio e evitou a cabeçada.
Lance muito duvidoso e que mereceria ser revisto várias vezes no VAR.
Tudo indicava o pênalti.
Não foi revisto.
No final, o empate com gosto de vitória para o Palmeiras...
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