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Cosme Rímoli - Blogs

Na maior vitória da história do Fluminense, Renato ironiza críticos. ‘Tem gente que acha que não entendo de tática. É o que eu mais entendo..."

A Inter de Milão era franca favorita para eliminar o Fluminense do Mundial. Mas estratégia de Renato, intensidade do time e defesas de Fábio consagraram o futebol brasileiro. 2 a 0 foi merecido. Foi o segundo clube deste país a estar entre os oito melhores do planeta

Cosme Rímoli|Do R7

Logo aos dois minutos, Cano começa a implodir o favoritismo da Inter de Milão Marcelo Gonçalves e Lucas Merçon

“É uma vitória de todo mundo, mas não deixa sem dúvida alguma de ser uma vitória pessoal minha também, porque eu sou pago para pensar.

“E no momento que eu armo o esquema de jogo, eu sei o que estou fazendo.

“Muita gente acha que o Renato é isso, é aquilo.

“Que não entende muito de parte tática.


“A coisa que eu mais entendo é de parte tática.”

Renato Portaluppi tem todos os motivos para fazer uma das coisas que mais gosta como treinador: ironizar quem duvida dele.


Foi a maior vitória da história do Fluminense.

Mas também a mais importante da sua carreira como treinador.


Nem quando venceu a Libertadores, com o Grêmio, em 2017.

Hoje, no estádio Bank of America Stadium, em Charlotte, nos Estados Unidos, Renato se superou.

De maneira completamente inesperada, ele usou os quatro dias que teve, depois do frustrante empate diante do sul-africano Mamelodi Sundowns, para mudar radicalmente a estratégia para enfrentar o vice-campeão da Champions League.

A Inter de Milão, com seu bilionário elenco, é bancada pelo grupo norte-americano de investimento, o Oaktree Capital Management, com seu patrimônio de 205 bilhões de dólares, R$ 1,1 trilhão de reais.

O time italiano era francamente favorito.

Só que o romeno Cristian Chivu não esperava a manobra estratégica de Renato Gaúcho, que transformou o Fluminense, de uma equipe lenta, espaçada, em um time intenso, vibrante, superpopuloso nas intermediárias, travando as laterais e muito veloz nos contragolpes.

O que Renato fez? Foi colocar três zagueiros, seis no meio-campo e mesmo o avançado Cano, com obrigação de ajudar na marcação, sem a bola. E muita perseguição individual dos seus jogadores, a ordem era não deixar os rivais respirar com a bola.

“Estudei bem o jogo, pensei bastante durante a noite qual esquema usar. E, na minha cabeça, o melhor seria com três zagueiros, a gente espelharia a equipe deles, uma equipe forte, rápida, com jogadores altos e decisivos. Conversei com o grupo, eles compraram a ideia. Tivemos dois, três dias apenas pra treinar”, disse o técnico, se aproveitando muito bem dos treinamentos secretos.

Chivu, confiante na vitória, apostou em um burocrático 4-4-2. Esperava o Fluminense na retranca, com as linhas baixas. E foi surpreendido. O time carioca mostrou muita coragem, vibração acima do normal. E alta velocidade no ataque.

O horizonte ficou maravilhoso quando, aos dois minutos, quando Arias, onipresente, cruzou, a bola desviou em Bastoni e sobrou para o argentino cabecear, diante da indecisão do goleiro Sommer. 1 a O, Fluminense.

O gol teve um aspecto psicológico fundamental. O time de Renato Gaúcho, que já estava muito melhor distribuído, ganhou confiança, vibração. Os jogadores da Inter não esperavam tamanha aplicação tática do time brasileiro. Não havia espaço para trocas de bola, para os avanços dos laterais Darmian e Dimarco. O que obrigou a Inter a centralizar seus avanços, o que só favoreceu o Fluminense.

Mesmo assim, diante da marcação implacável, houve chances para arremates dificílimos, que Fábio, aos 44 anos, mostrou o quanto o dirigente Ronaldo Fenômeno tem sérios problemas de avaliação.

Forçou o goleiro a ir embora e 2021. Jornalistas mineiros foram claros, Ronaldo acreditava que Fábio estava velho. Isto, quando ele tinha ainda 40 anos.

Aos 44 anos, ele está melhor do que nunca. Mantém o mesmo nível de Weverton, John e Hugo Souza. Sofre, no entanto, com o etarismo, preconceito com as pessoas mais idosas.

A Inter adiantou seu time, tentando pressionar o Fluminense. Não conseguiu, porque os contragolpes era perigosos demais.

Mas o segredo da equipe do Rio de Janeiro era a fortíssima marcação e dedicação assustadora sem a bola.

“O Arias falou uma coisa certa. Eu acho que foi o jogo da humildade, soubemos respeitar o adversário, com a bola jogamos, tivemos algumas oportunidades também e fomos letais.

“Eu acho que no momento que o grupo compra o barulho do esquema, ele é fundamental. Essas ideias eu troquei com eles. Eu falei para eles, o Arias é testemunha aqui, durante os três dias.

“Nós vamos nesse esquema, se vocês entregaram, se vocês resolverem jogar e se ajudarem do jeito que fizeram contra o Borussia, nós vamos classificar.

“Nós temos respeito pelo nosso adversário, sabemos do poderio, sabemos da força deles. Agora, eu confio em vocês, se vocês jogarem do jeito que vocês jogaram contra o Borussia, com atenção durante os 90 minutos, a gente vai passar.”

Lautaro Martínez e Thuram estavam completamente frustrados pelas pouquíssimas chances que tiveram.

E quando conseguiram chutar, lá estava o ‘paredão’ Fábio.

O tempo foi passando.

Aos 37 minutos, um lance para testar os cardíacos.

Lautáro Martínez conseguiu girar e acertou a trave.

O Fluminense passou a se defender mais ainda.

E a Inter se escancarou de vez.

Foi o convite para no final do jogo, Samuel Xavier cobrar lateral, De Vrij desviar e a bola sobrar para Hércules. Com muita personalidade, velocidade e sangue frio, ele invade a área e bate cruzado, sem chance para Sommer.

Fluminense 2 a 0.

Classificado entre os oito melhores do mundo.

O time carioca que tinha menos expectativa, se classificou.

Botafogo e Flamengo fazem as malas para ir embora.

Renato foi direto, após a partida.

“Hoje, nós não enfrentamos qualquer equipe. Nós enfrentamos a grande do futebol europeu, uma equipe que até poucos dias atrás está fazendo a final da Champions contra o PSG. Estamos bastante orgulhosos de nós mesmos por esse carinho, por essa alegria que a gente está proporcionando para o nosso torcedor e, sem dúvida alguma, para o futebol brasileiro.

“Tanto o Fluminense como o Palmeiras. A gente está provando que se tem entrega, tem atitude em campo. Fora não dá para competir coisa na parte financeira, mas dentro do campo são 11 contra 11.”

Ele está certo.

Mas os gigantes europeus têm mais recursos financeiros, para contratar o jogador que desejar.

Situação que faz do jogo do Fluminense ainda mais admirável.

Manchester City ou Al-Hilal.

Quem passar para as quartas terá um adversário preparado para lutar até o último minuto.

E que segue cegamente o que Renato Gaúcho determinar...

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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