Na festa por Daniel Alves, o juiz não precisava ajudar. Vergonhoso...
O capitão da Seleção teve a estreia dos sonhos. O São Paulo ganhou por 1 a 0, gol seu. O árbitro estragou o jogo. Não marcando pênalti claro para o Ceará
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
A estreia de Daniel Alves precisa ser dividida.
Em duas partes.
A primeira, a fácil, para enganar os torcedores.
A que merece a capa de portais, manchetes de jornais, destaques na televisão e rádios.
O capitão da Seleção voltou para o Brasil, depois de 17 temporadas na Europa. O jogador de 36 anos jogou a partida toda contra o Ceará.
Correu, driblou, tabelou, deu chapéu.
Orientou, cobrou, liderou.
Mostrou porque é o recordista mundial de títulos com 40 conquistas na carreira.
E ainda marcou o gol da vitória por 1 a 0.
Graças à sua presença em campo, 47 mil orgulhosos torcedores lotaram o Morumbi.
Essa é a versão que ficará para a história.
É sensacional e verdadeira.
Mas a outra, a vexatória.
Que completa o jogo
E será esquecida.
Houve um pênalti vergonhoso para o Ceará.
Aos 14 minutos, Fellipe Cardoso se viu sozinho, depois de passe mágico de Thiago Gallardo, diante de Volpi, que saía desesperado, tentando abafar o chute.
O atacante do time nordestino tocou fraco na bola, Anderson Martins a tirou em cima da linha.
Mas o goleiro do São Paulo seguiu sua trajetória de desespero e derrubou Fellipe Cardoso.
Pênalti claro.

O árbitro pernambucano Gilberto Rodrigues Castro Júnior teve visão privilegiada do lance.
Nada marcou.
Pior, os responsáveis pelo VAR no Morumbi viram a jogada faltosa de inúmeros lances. Mas optaram por não estragar a festa da estreia de Daniel Alves.
O juiz tinha de ver a imagem no vídeo.
Foi inacreditável o que aconteceu no Morumbi.
O time cearense foi terrivelmente prejudicado.
Isso, ninguém se lembrará daqui um ano.
Mas, daqui cem anos, estará registrada na história a volta de Daniel Alves ao Brasil e a tarde incrível que viveu na primeira vez que vestiu a camisa do São Paulo.
Ninguém também sequer saberá que o técnico Cuca apostou alto demais, se deixou levar com a chegada do jogador tão importante.
E não escalou nenhum volante de marcação.
Apostou em Liziero e Tchê Tchê.
Escalou o lateral da Seleção como meia, sem necessidade de marcar.
O também veterano Juanfran jogou pela primeira vez pelo São Paulo. Atuou como fazia no Atlético de Madrid. Cuidando apenas da marcação pela direita.
Para atrapalhar ainda mais a atuação do São Paulo, Antony estava absolutamente individualista. Egoísta, cansou de dar dribles desnecessários e atrapalhar ataques do São Paulo.
Se Cuca colocou seu time em um angustiante 4-3-3, Enderson Moreira tratou de organizar o limitado e esforçado elenco do Ceará no 4-4-2. Esteve muito bem no jogo. Enfrentou sem medo o São Paulo.

O fator desequilibrante a favor dos paulistas estava na qualidade individual do time. Empurrado pela liderança de Daniel Alves e pela força da torcida, o time não jogou bem, mas teve personalidade para ganhar o jogo.
A estrela de Daniel Alves mostrou o quanto é impressionante.
Coube a ele, aos 39 minutos de jogo, estar no lugar certo, no instante exato.
Juanfran fez um dos raros apoio ao ataque, serviu Raniel, que descobriu Daniel Alves na área. Mesmo acossado pela zaga, ele conseguiu levar a bola e bater cruzado, sem chances para Diogo Silva.
Ele marcou o gol decisivo da partida.
O Ceará reagiu, foi para cima.
Principalmente no segundo tempo, quando não teve o pênalti marcado a seu favor. Cuca, acordou, colocou Luan no lugar de Liziero e Vitor Bueno no do irritante Antony. E recuou suas linhas.
Contando com o cansaço do Ceará, o São Paulo conseguiu segurar a importantíssima, histórica vitória.
Com o auxílio fundamental de Gilberto Rodrigues Castro Júnior.
"Era uma festa. Não podíamos atrapalhar", resumiu, com acerto, Enderson Moreira.

Mas o dono da festa não tinha nada a ver com isso.
"Nem no meu melhor sonho imaginei uma estreia dessa maneira. Com vitória e eu tenho o privilégio de marcar.
"Mas o que interessa é que estou no melhor time que poderia estar no Brasil.
"E que caminhamos para solidez que o São Paulo quer", dizia, empolgado, Daniel Alves, empolgado como um menino.
A festa foi incrível.
Só que que o Ceará não precisava ser prejudicado.
O pênalti não marcado foi vergonhoso.
Ainda bem que ele não passará para a história...