Minuto de silêncio, humilhação. A maior derrota da história das Eliminatórias. 4 a 1 para a Argentina. Dorival não pede demissão
Violência? Só tática e técnica. Goleada vergonhosa mostrou a diferença entre um time organizado contra jogadores sem rumo. Raphinha, com suas provocações, juvenis só aumentou o prazer dos argentinos. Presidente da CBF pressionado pela saída imediata de Dorival
Cosme Rímoli|Do R7

A primeira resposta já existe.
Dorival Júnior não pedirá demissão.
Precisa ser mandado embora, para a Seleção ter outro treinador.
“É uma derrota marcante. É natural, tenho que reconhecer isso. Sei o tamanho, acredito muito no meu trabalho. É um processo complicado e difícil, mas eu não tenho dúvidas em afirmar que encontraremos o caminho.
“Todos os anos de vivência no futebol talvez seja o momento mais difícil.
“Mas eu nunca desisto.
“E sempre consegui encontrar caminhos importantes nos clubes que dirigi.”
Foi constrangedora a entrevista do técnico.
Dorival se mostrava desnorteado.
Sem entender o tamanho do vexame que fez o Brasil passar, ao escalar uma equipe escancarada.
Com quatro jogadores com funções ofensivas.
E fazer a Seleção atuar com apenas dois marcadores.
Ambos com enorme dificuldade em sair com a bola dominada.
Sem habilidade ou visão tática.
Meros destruidores.
Contra cinco argentinos que se movimentavam pelas intermediárias, dominando, sem esforço, a partida.
Dorival enfrentou sozinho os poucos jornalistas que ainda acompanham a Seleção.
Número cada vez menor, pelos fracassos seguidos.
Estava muito claro que ele não tem respaldo para continuar no cargo.
Depois do vexame de ontem, a próxima partida do Brasil, pelas Eliminatórias, será no dia 5 de junho.
Em Quito, contra o Equador.
Há três meses para o baiano Ednaldo Rodrigues, que foi reeleito anteontem, escolher um novo treinador.

Especulações já começaram.
Jorge Jesus e Filipe Luís são dois nomes repetidos nos bastidores da CBF.
De novo, há o velho sonho de Carlo Ancelotti.
O italiano terminará seu contrato com o Real Madrid, em junho.
Isolado, Dorival Júnior pediu até desculpas pelo vexame.
“É natural que ninguém esperava o que nós vimos hoje, e a responsabilidade é toda minha. Tudo aquilo que nós planejamos, infelizmente, desde o primeiro minuto de jogo, não aconteceu.
“A Seleção argentina foi superior em todos os sentidos.
“Peço até desculpas ao torcedor brasileiro, porque a expectativa era muito diferente daquilo que nós vimos, daquilo que nós apresentamos.
“Foi uma noite muito complicada para todos nós.”

O futebol deste país, no entanto, não quer ‘desculpas’ de seu treinador.
E, sim, esperança de bom futebol na próxima Copa do Mundo.
O jejum, que vem desde 2002, é incômodo.
Mas a falta de perspectiva dessa geração, nas mãos de Dorival, é muito mais.
Foram 16 partida. Sete vitórias, sete empates e duas derrotas.
25 gols a favor e 17 sofridos, mostrando o desequilíbrio da Seleção.
Eliminação da Copa América nas quartas-de-final.
E quarta colocação nas Eliminatórias.
Atrás da Argentina, do Equador e do Uruguai.
O futebol da Seleção, ontem, foi fraquíssimo.
Deixando claro que os argentinos estão em outro patamar.
Três arremates do Brasil.
13 da Argentina.
Sim, dez a mais.
A Seleção que se orgulha de ser a única pentacampeã do mundo foi humilhada, no Monumental de Nunes.
85 mil argentinos foram além do grito de ‘olé, olé, olé‘.
Cantaram a cruel canção com o seguinte refrão, em homenagem ao time de Dorival Júnior.
“Um minuto de silêncio, que eles estão mortos.”
4 a 1 foi pouco para o time de Lionel Scaloni.

O treinador campeão mundial, bicampeão da Copa América, colocou sua equipe sem seus dois grandes talentos.
Messi e Lautaro Martínez, contundidos.
Scaloni fez o previsível.
Montou sua equipe no 4-5-1.
Sem a necessidade de privilegiar Messi, todo o time mostrou enorme movimentação.
Atacando em bloco.
E recompondo com coordenação, velocidade, noção de espaço.
A proximidade dos jogadores permitia a troca de passes envolventes, calculados.
Para desnortear os brasileiros.
Escalar Raphinha, Rodrygo, Vinicius Júnior e Matheus Cunha não foi ato de coragem.
Foi falta de noção.
Vontade de mostrar à imprensa brasileira que é capaz de montar equipes que vão além do previsível.
Dorival tentou se livrar das críticas que tem qualidades para ser treinador dentro do Brasil.
No máximo conduzir times na Libertadores.
Não a Seleção Brasileira.
Mas não conseguiu.
A partida de ontem foi um massacre tático.
Com toda a facilidade, a Argentina trocou passes, ‘colocou o Brasil na roda’.
Sim, porque, muito bem orientados, os argentinos sabiam o que fazer com a bola.
Como progredir, buscar a área rival com passes curto e inversões.
De nada adiantava ter André e Joelinton correndo de um lado para o outro, desorientados.
A troca de passes deixou ainda mais insegura a zaga formada por Marquinhos e Murillo.
A falta de reação da Seleção lembrou, e muito, o 7 a 1 para a Alemanha.
Aliás, desde a partida de 2014, o Brasil não sofria quatro gols.
No primeiro tempo foram três.
Julian Álvarez, Enzo Fernández marcaram, aos 4 e 14 minutos.
No único chute ao gol da Argentina, o Brasil marcou.
Um presente de Romero, que perdeu a bola dominada, para Matheus Cunha descontar, aos 26 minutos.
Mas Mac Allister trouxe a realidade, aos 37 minutos.
3 a 1.
Dorival, perdido, fez três trocas no intervalo.
Tirou Murillo, que transpirava insegurança.
Rodrygo, perdido, sem função, não tinha como organizar, já que a bola não chegava aos seus pés.
E Joelinton, que corria de um lado para o outro e não conseguia marcar ninguém.
De nada adiantou entrar Léo Ortiz, João Gomes e Endrick.
O roteiro seguiu quase o mesmo.
Porque a Argentina perdeu o ímpeto, cansou.
E diminuiu o ritmo.
Continuou superior, trocando passes, torturando os brasileiros sem rumo.
Até que Giuliano Simeone decretou a goleada histórica, aos 26 minutos.
4 a 1.
As promessas de Raphinha, de ‘dar porrada’ e ‘marcar um gol’ foram palavras ao vento.
Ele se mostrou tenso, irritadiço, improdutivo.
Vinicius Júnior não foi nem sombra do melhor jogador do mundo de 2024.
A partida deixou muito clara a superioridade argentina.
E o quanto o Brasil precisa de um treinador muito melhor que Dorival Júnior.
Ednaldo Rodrigues sabe disso...
Veja também: Seleção Brasileira faz último treino antes de encarar a Argentina
A Seleção Brasileira realizou o último treino antes da partida contra a Argentina. No gramado do Estádio Mané Garrincha, em Brasília, o treinador Dorival Jr. e sua comissão técnica ajustaram os detalhes finais para o confronto.