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'Meu pai foi meu anjo. E meu demônio.' Entrevista exclusiva com Ana Paula Oliveira

Ana Paula Oliveira revela o quanto teve de lutar para enfrentar o machismo no futebol. Sofreu a dor de ser pioneira. Desafiou ainda mais os preconceituosos. Posou nua. Se formou jornalista. Chegou a chefe de arbitragem

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli


São Paulo, Brasil

Ana Paula Oliveira criou um personagem para suportar pressão perto do insuportável.

Bela mulher, inteligente, intuitiva, muitas vezes oprimida pelo pai, com a família enfrentando sérias dificuldades financeiras, encontrou a saída perfeita.

Juntou seu grande talento para a arbitragem com a beleza para buscar a solução para o sustento da casa, pensando principalmente na mãe e no irmão, e também escapar da pressão paterna.

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E deu certo.

Ana enfrentou pressão do pai, cruel machismo do jornalismo esportivo. Venceu. Dentro e fora dos gramados
Twitter: seleção do Peru Divulgação/CBF

Os conflitos em casa o prepararam para o terrível machismo que enfrentou.

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Principalmente da imprensa esportiva, que, em 1998, quando começou a trabalhar, nem imaginava uma mulher bonita bandeirando, com eficiência.

Ana enfrentou rejeição e questionamentos terríveis e injustos. Inclusive deste jornalista.

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"Só eu sei o que eu sofri. Para mim, não havia perdão. Os homens poderiam errar. Eu, não.'

Mas ela conseguiu vencer o preconceito.

Ana trabalhou nas Olimpíadas de 2004.

'A Ana foi uma auxiliar excelente. Eu trabalhei muito com ela. A Ana foi a primeira mulher a bandeirar jogo de Libertadores, final de Copa do Brasil. Só tenho elogios ao seu profissionalismo', resume o ex-árbitro e comentarista da RECORD, Sálvio Spindola.

Sálvio também estava na partida fatídica de Ana Paula.

Botafogo e Figueirense. O time carioca havia perdido por 2 a 0, na primeira semifinal da Copa do Brasil de 2007. Na partida de volta, no Rio de Janeiro, Ana anulou dois gols do Botafogo. O time carioca venceu, mas perdeu a vaga na final. Faltou um gol.

"Eu posso ter errado em um lance. Não havia VAR. Foi muito rápido. O segundo, tenho convicção que acertei. Mas fui massacrada por seis meses. Se fosse um homem não enfrentaria tamanha revolta."

Em seguida, já uma celebridade, Ana sai na capa da Playboy.

"Foi minha libertação. Em vários sentidos. O dinheiro foi suficiente para cumprir a promessa que havia feito para minha mãe. Dei uma casa para ela. E fiz o que achei que deveria fazer. Não me arrependo. Muito pelo contrário."

Ana teve de arcar com as consequências. As cobranças machistas ficaram ainda mais pesadas. Para piorar, ela teve inflamação nas tíbias. E começou a não passar nos testes físicos.

Decidiu se dedicar ao jornalismo e ao estudo profundo da arbitragem.

Se tornou não só excelente comentarista como apresentadora.

Mas voltou à arbitragem, desta vez como diretora-assistente da Comissão de Arbitragem, ligada à CBF.

Assumiu a presidência da Comissão de Arbitragem da Federação Paulista de Futebol em 2020. Ficou até novembro de 2023.

"Fui ingênua em algumas situações que me prejudicaram. Mas tenho orgulho do meu trabalho na Federação. Lancei vários árbitros e árbitras com muito futuro.'

Sobre machismo, Ana Paula Oliveira, aos 45 anos, é firme.

Garante que ainda está longe de acabar.

"O que a Edina Alves está sofrendo é puro machismo. Ela erra e acerta como qualquer árbitro homem. Mas ela é forte, como eu tive de ser. Vai superar tanta pressão. Como eu superei."

Primeira mulher árbitra na Libertadores. Na final da Copa do Brasil. Ela tinha muito talento
Primeira mulher árbitra na Libertadores. Na final da Copa do Brasil. Ela tinha muito talento CBF

A entrevista está na íntegra, no Canal do Cosme Rímoli, no YouTube, em uma parceria com o R7.

Lá há exclusivas com personagens do esporte.

Por lá, já passaram Zetti, Silvio Luiz, Mauro Naves, Denilson, Milton Neves, Cléber Machado, Juca Kfouri, Dodô, Hortência, Mylena Ciribelli, Benjamin Back e muitos outros.

Toda semana, às terças, uma entrevista diferente...

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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