Messi. Seis vezes melhor do mundo. Mas com um gosto de injustiça
O holandês Virgil Van Dijk, campeão da Champions e melhor pela Uefa, pagou por ser zagueiro. Gols e votação do público deram a vitória ao argentino
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
51 gols em 50 jogos.
Chuteira de ouro pela sexta vez.
22 assistências.
Conquista do Campeonato Espanhol.
Eliminado na semifinal da Champions com o Barcelona.
Terceiro colocado com a Argentina na Copa América.
Essa foi a temporada importante que fez de Messi o melhor jogador do mundo em 2019, na votação da Fifa.
Acumulou seis prêmios, deixou para trás Cristiano Ronaldo, com cinco.
Mas pela primeira vez, na sua coleção de prêmios, há controvérsia.
E muita discussão.
Não em relação ao seu eterno rival, Cristiano Ronaldo.
Mesmo com o português vencendo o Campeonato Italiano e o Torneio das Nações, tendo marcado 28 gols, ele sabia que a eliminação da Juventus, nas quartas de final da Champions, pesaria
Por isso, nem apareceu no teatro Scala, em Milão, para a premiação.
O injustiçado para inúmeros veículos de comunicação foi um zagueiro.
O holandês Virgil van Dijk.
Campeão da Champions League.
Vice do Torneio das Nações.
Vice do Campeonato Inglês.
Jogador que ficou 65 partidas sem ser driblado.
Líder do Liverpool e da Seleção Holandesa.
Ele teve um desempenho incrível e vitorioso na temporada 2018/2019.
Mas acabou sendo prejudicado na votação.
25% dos votos são dos torcedores.
E um goleador talentoso, do calibre de Messi, sempre agrada mais aos olhos do que um zagueiro, que tem como principal função travar, evitar o momento mais sublime do futebol.
Van Dijk foi eleito o melhor jogador da Premier League.
Foi o melhor também na votação da UEFA.
Desbancou Messi e Cristiano Ronaldo.
Mas caiu diante da votação de jornalistas, técnicos, jogadores e torcedores do mundo todo.
"Na verdade, eu sempre digo que o prêmio individual é secundário, o mais importante é o coletivo.
Mas hoje é especial para mim, tive a oportunidade de estar ao lado da minha mulher e de dois dos meus três filhos. O Thiago já veio aqui, mas era muito pequeno, hoje vê-los ali não tem preço.
"São dois apaixonados por futebol, e estão adorando ver tantos jogadores aqui, não sabem se pedem autógrafos, estão tímidos."
O discurso sem emoção, vibração, desinteressado de Messi, foi uma confissão de quem sabe que não teve uma temporada fabulosa, vitoriosa.
Mas venceu pelos gols espetaculares.
Ninguém no mundo costuma acampanhar os melhores desarmes, antecipações, contragolpes evitados com um toque na bola.
Por isso, Van Dijk perdeu.
Ele não tem o mesmo poder de mídia que Messi.
Para o Brasil, a cerimônia dentro do campo teve três sabores.
O doce, pela conquista de Alisson, como o melhor goleiro do mundo.
Superou o alemão Ter Stegen, do Barcelona.
E Ederson, do Manchester City.
O gosto amargo ficou com Neymar, que não ficou entre os três melhores. Acabou de fora até da Seleção da Fifa.
Alisson, De Ligt, Van Dijk, Sergio Ramos, Marcelo; Frenkie De Jong, Eden Hazard, Luka Modric; Cristiano Ronaldo, Lionel Messi e Kylian Mbappé formaram o time.
Do lado de fora dos gramados, o momento mais emocionante ficou com a brasileira Silvia Grecco. Ela ganhou o troféu Fifa Fan World pela dedicação ao filho Nickollas, que é cego.
Silvia costuma levar o Nickollas ao estádio e descrever os jogos do Palmeiras para que o filho imagine o que acontece no gramado.
Seu discurso foi tocante.
"Eu gostaria de compartilhar este prêmio com o senhor Justo Sánchez, que também tem uma linda história de amor com o filho dele.
"Nikollas, aqui na frente estão muitas pessoas, muitos jogadores, muitos ídolos, estamos aqui representando nosso time, Palmeiras, e todos os torcedores do Brasil e do mundo, todos aqueles que torcem pela pessoa com deficiência.
"O futebol pode transformar a vida dessas pessoas."
Jurgen Klopo foi escolhido, com toda a justiça, desta vez, como o melhor treinador do mundo na temporada. O que pesou foi a conquista da Champions League.
"Quero agradecer muita gente. Minha família está em casa assistindo, há 20 anos ninguém esperava que eu iria vencer.
"O Liverpool é um time incrível, tenho que agradecer meus jogadores. Tenho orgulho de ter transformado essa equipe em uma equipe vitoriosa."
Entre as mulheres, a vencedora foi a norte-americana Megan Rapinoe. A melhor treinadora também foi a comandante dos Estados Unidos, Jill Ellis.
Veenendaal, Lucy Bronze, Renard, Fischer e O'Hara; Henri, Ertz e Lavelle; Alex Morgan, Marta e Megan Rapinoe foi a seleção feminina da Fifa.
E o prêmio Puskas, pelo gol mais bonito do ano, foi do húngaro Dániel Zsóri.
A cerimônia foi muito bem feita.
Teve um tom feminista, pelo sucesso da Copa do Mundo.
Mas a vitória de Messi merece ser contestada...
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