Manter Daniel Alves preso é um forte indício. O julgamento por estupro tende a ser muito pesado para o brasileiro
O tribunal de Barcelona negou hoje o recurso para que o jogador deixasse a prisão e aguardasse o julgamento por estupro em liberdade. Medo de que fugisse para o Brasil e evidências do possível ataque à mulher pesaram contra
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Um duro golpe.
"São diversos indícios da criminalidade do senhor Daniel Alves, e eles não partem apenas das declarações da denunciante.
"[O acusado] só vai a Barcelona de férias" e "toda a família, com exceção da atual esposa, vive no Brasil."
Esses foram os principais e poderosos argumentos que fizeram a Justiça de Barcelona recusar o último apelo dos advogados de Daniel Alves para que ele esperasse seu julgamento pela acusação de estupro em liberdade.
O jogador da seleção brasileira tinha certeza de que os argumentos de seu advogado principal, Cristóbal Martell, convenceriam o tribunal de Barcelona a permitir sua saída da cadeia.
Ele está preso há 31 dias pela acusação de estupro na noite de 31 de novembro, em um banheiro da boate Sutton, em Barcelona.
Mas os três juízes encarregados de avaliar o recurso do advogado de defesa de Daniel Alves foram diretos.
Eles acreditam que as provas contra o jogador são muito contundentes. De acordo com a análise do pedido de liberdade provisória, não haveria coerência em soltar uma pessoa com tantas evidências que levam a acreditar que cometeu um crime.
E também pesou o "efeito Robinho".
Não é segredo a excelente condição financeira de Daniel Alves, capaz, mesmo se entregasse os passaportes brasileiro e espanhol, de alugar um jato e fugir da Espanha para o Brasil. E repetir a situação confortável de Robinho.
O ex-atacante da seleção foi condenado a nove anos por estupro na Itália. Fugiu para o Brasil e desfruta de sua liberdade como se nada tivesse ocorrido.
Além disso, a postura contraditória, as quatro versões do que aconteceu naquela noite, evidentemente mentindo na primeira delas ao garantir que nunca havia visto a mulher de 23 anos que o acusa, o que ficou provado por vídeos da boate e até sêmen do jogador encontrado no vestido da suposta vítima e na pia do banheiro onde os dois ficaram.
As provas da relação sexual são concretas.
A liberdade provisória foi negada, como continua negada a possibilidade de Daniel Alves pagar fiança e deixar a prisão.
Ele terá de aguardar preso até o julgamento.
O que pode levar muitos meses.
A defesa divulgou uma nota em que discorda da decisão do tribunal de Barcelona.
"Daniel Alves da Silva segue sendo tão inocente como era antes da resolução. Sua vontade de abandonar a Espanha e iludir o processo era e é inexistente.
"A resolução é assimétrica.
"Utiliza como indícios as afirmações que oferece o atestado policial, em troca, os elementos contraditórios que oferece a defesa os anula para o Juízo Oral", diz, em livre tradução para o português.
A negativa do pedido de liberdade provisória tem tudo para ser um grande indício do que pode acontecer com Daniel Alves.
Houve uma profunda mudança na legislação espanhola, em outubro de 2022, e as acusações de estupro, de violência sexual, são punidas como muito mais vigor.
As penas vão de 4 a 12 anos de prisão.
A situação de Daniel Alves se complicou ainda mais hoje.
Esse foi o último recurso possível de liberdade provisória.
E deu sério indício do que pode acontecer no julgamento.
Daniel Alves completa um mês de prisão na Espanha; relembre o que já aconteceu com ele nesse período
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.