Mais lágrimas ou vingança. O Bayern não dá meio termo para Neymar
Ou Neymar chorará de alegria e brigará de vez para ser o melhor do mundo, ou suas lágrimas, por nova derrota, mostrarão que é um grande coadjuvante
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
O cenário está aberto.
A realidade foi além da imaginação.
O tempo e os péssimos companheiros se juntaram.
E afastaram Cristiano Ronaldo, 36 anos, e Messi, a três meses dos 34 anos, do caminho.
Sem força para evitar as eliminações precoces de Juventus e Barcelona da sonhada Champions League.
E o sorteio de hoje, das quartas-de-final colocou no caminho do Paris Saint-Germain, justo o time que o fez chorar no dia 23 de agosto, em Lisboa.
Já houve os fracassos na Champions de 2017/2018, 2018/2019, 2019/2020.
As duas primeiras por conta da fissura no quinto metatarso do pé direito.
Na última, conseguiu ser o principal jogador do clube francês. Acabou com a maldição das eliminações nas oitavas-de-final e foi muito além.
Fez o PSG decidir o desejado título.
Perdendo para o Bayern, e com uma atuação discreta, decepcionante.
As lágrimas ao tocar o troféu que não era seu, após a final.
Sua péssima imagem que cultivou nos três anos de França, com simulações, chiliques com juízes, provocações aos adversários, arrogância gratuita, farras intermináveis, fizeram com que fosse esquecido pela Fifa e pela France Football.

Não ficou nem entre os três melhores do mundo em 2020.
Lewandowski foi o melhor, ganhou o prêmio que o brasileiro sonha há dez anos, quando trocou o Brasil pela Europa.
Messi e Cristiano Ronaldo foram injustos coadjuvantes.
O prêmio de melhor do mundo está à disposição de Neymar.
Aberto.
O caminho é dificílimo, tortuoso, mas ideal.
Chegou a hora de mostrar que, aos 29 anos, se continuará sendo o adulto infantilizado. Que coloca tudo a perder para dar um drible a mais, esquece a força coletiva do time para humilhar o adversário, fica histérico quando o árbitro não marca uma falta clara. Ou que aceita provocações de atletas sem a sua qualidade.
O destino é cruel, irônico.
O sorteio colocou nas quartas-de-final o grande favorito para vencer novamente a Champions.
O bávaro Bayern de Munique, com seu mesmo poder de destruição.
Com oito jogos e oito vitórias na Champions de 2021, com 24 gols a favor e oito gols contra.
Neymar está descansado, treinado e recuperado.
Ele sofreu uma lesão muscular há um mês, contra o Caen.

Foi a sétima vez que teve lesão na coxa esquerda, desde 2017.
Teve cinco problemas médicos no pé direito. Inclusive duas fraturas no mesmo dedo.
Quatro na coxa direita.
Três no pé esquerdo.
Dois nas costelas.
Um na lombar.
Além de caxumba e Covid-19.
Todos esses problemas físicos, fora os disciplinares, mais as convocações para a Seleção, fizeram o jogador mais caro do mundo atuar só 52% das partidas oficiais do PSG.
É quase uma partida sim e outra não.
O que acabou em uma equação que irrita, especialmente, a mídia francesa.
O acúmulo de títulos nacionais do PSG, equipe montada por R$ 3,6 bilhões. R$ 1,5 bilhão gasto só com Neymar.
Mas acumula títulos nacionais, do desvalorizado futebol francês.
A expectativa sempre foi o torneio mais importante entre clubes do mundo, a Champions.
E a espera de quase quatro anos, para a resposta com a conquista do título.
Agora, o Bayern não é visto como uma enorme barreira.
Mas como a chance de redenção.
Para, em seguida, ter pela frente o vencedor de Manchester City, de Guardiola, e do Borussia, do mortal Haaland, na semifinal.
E decidir o título com o melhor de um quarteto de respeito. Com favoritismo absoluto para Liverpool e Real Madrid, que se enfrentam. Porto e Chelsea duelam para surpreender.
Enquanto Haaland tem dez gols na competição, Neymar, mesmo contundido, segue empatado com Mbappé, seu companheiro e rival no protagonismo do PSG, com seis gols.

O argentino Mauricio Pochettino montou um time ainda mais coletivo e ousado do vice campeão da Champions, na temporada passada.
Ao contrário do alemão Thomas Tuchel, ele não aceita que Neymar se perca com questões disciplinares e exige um comportamento de atleta da elite mundial. Até fora de campo. Com a esbórnia reservada para as férias.
Depois do sorteio, Neymar resolveu se calar.
Nas suas redes sociais, uma foto mostrando que treina no penúltimo dia do gelado inverno europeu.
Ele, melhor do que ninguém, sabe.
Chegou a hora decisiva de sua carreira.
Mostrar que nasceu para ser o melhor do mundo, apesar de ter sabotado tanto a própria carreira.
O caminho passa pela conquista da Champions.
Não há Cristiano Ronaldo e Messi no cenário.
Não conseguiram levar seus times nem até os oito melhores.
Não estarão entre os três melhores.
A melhor colocação do Brasileiro foi em 2015 e 2017.
O terceiro lugar.
No ano passado, apelar do PSG ser vice, ele foi nono colocado, enorme injustiça.
A chance chegou.
Ele sabe o que fazer.
Se calar.
E mostrar tudo o que sabe dias 7, em Berlim, e dia 13 de abril, em Paris.
Para estar no dia 29 de maio em Istambul, na final.
Não haverá meio termo a Neymar.
Ou a consagração.
Ou mais uma enorme decepção...