Mais do que decepção, 0 a 0 com o São Bento foi um aviso. O Palmeiras precisa contratar reforços. Chega de economia
Na primeira partida do ano, sem Danilo e Scarpa, Abel sofreu. Sem criatividade e opções para vencer o limitado São Bento. 0 a 0 frustrante. O Palmeiras é o único clube da Série A que não contratou em 2023
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
O Palmeiras parou no sistema defensivo do São Bento.
0 a 0 decepcionante no Allianz Parque.
Na sua primeira partida de 2023, o time sentiu o lado físico, melhor da equipe de Sorocaba, como é habitual nos jogos iniciais dos Estaduais, com os menores com mais fôlegos do que os grandes. Por conta dos até meses de treinamentos a mais.
Gustavo Gómez e Zé Rafael acertaram as traves, sim. Houve dois gols do Palmeiras muito bem anulados, Jaílson e Dudu estavam impedidos.
Mas ficou muito evidenciado que a presidente Leila Pereira precisa parar de economizar. E buscar reforços, que dêem outras opções para Abel Ferreira. Ainda mais com as saídas de Danilo e Gustavo Scarpa.
Não há lógica no planejamento, em apenas aproveitar garotos da base.
O elenco palmeirense se tornou muito pequeno e previsível.
O frustrante 0 a 0 tem de ser avaliado muito mais como aviso do o resultado em si.
"Tenho que trabalhar para ajudar mais meus companheiros, se Deus quiser vamos fazer muito nesta temporada. Entrei para me divertir, minha maior diversão é jogar futebol, não importa se tenho 16 ou 36 anos, quero me divertir. Quero estar sempre jogando, preciso entregar mais, acho que não fui bem na partida. O que o professor Abel pedir vou tentar fazer, claro que tem posições que gosto mais, mas quero estar ajudando e me sinto a vontade e agradeço meus companheiros pelos conselhos", disse Endrick, que não teve a ajuda que precisava, atuando isolado, como jogador de referência pelo meio.
Foi desperdiçado.
Abel Ferreira sabe que não tem tempo a perder.
Ele tem outro título inédito para tentar buscar com o Palmeiras. A decisão da Supercopa do Brasil contra o Flamengo, daqui duas semanas, em Brasília.
E logo na primeira partida de 2023, o treinador tratou de colocar os seus melhores jogadores contra o São Bento, no Allianz Parque. O técnico quer também vencer pela segunda vez o Estadual.
Como sempre acontece em todos os anos, as equipes pequenas se apresentam antes e começam fisicamente muito melhores do que as grandes.
Para piorar a situação, o time de Abel Ferreira sentiu demais, principalmente no primeiro tempo, as ausências de dois jogadores fundamentais nos últimos anos: Danilo e Gustavo Scarpa, que foram para o Nottingham Forest, da Inglaterra.
Jailson e Raphael Veiga, voltando de contusão, deixaram muito a desejar. O efeito colateral atingia em cheio Marcos Rocha, com enorme dificuldade em defender, tinha de se virar com dois jogadores nas suas costas.
A novidade no Palmeiras era a presença desde os primeiros minutos de Endrick como titular. Mas ele sentia a ausência de jogadores de criação. Dudu e Rony estavam muito abertos nos lados do campo.
O treinador mais velho do Paulista, Paulo Roberto Santos, aos 64 anos, sabia o que viria pela frente. E tratou de fazer as previsíveis duas linhas de quatro na intermediária, quando o time de Sorocaba era atacado. Os contragolpes eram, obrigatoriamente, pela esquerda, em cima de Marcos Rocha.
O primeiro tempo já deixou evidente a necessidade de a direção palmeirense deixar de agir como instituição financeira. E buscar reforços no mercado. Alguém precisa ter coragem de dizer para a presidente Leila Pereira que são obrigatórias as chegadas de reforços. O clube é o único da Série A que não contratou em 2023. Ela acredita que só os jogadores da base são suficientes. Não são.
Até porque os adversários já decoraram as alternâncias ofensivas do Palmeiras. O que facilita a marcação, mesmo de times inferiores tecnicamente, como foi hoje, no Allianz Parque.
O Palmeiras conseguiu um lance real de perigo no primeiro tempo. Uma cabeçada do excelente zagueiro Gustavo Gómez na trave, depois de escanteio cobrado por Raphael Veiga.
Mas foi só.
No início do segundo tempo, nada mudava.
A marcação forte, firme e bem montada do São Bento se juntou à falta de ritmo de jogo de Raphael Veiga e Jailson. Os dois foram substituídos por Rodrigo Tabata e Gabriel Menino.
Mas o jogo seguia na mesma toada.
Ainda mais sem emoção, porque Abel Ferreira fez com que a recomposição palmeirense ajudasse Marcos Rocha.
O mérito do São Bento foi óbvio, não desfazer sua formação tática quando atacado.
A decepção era o Palmeiras, sem imaginação, com Endrick, Dudu e Rony esperando a bola chegar. Marcos Rocha e Piquerez não ajudavam em nada pelas laterais.
A torcida do Palmeiras, que foi em grande número ao estádio, esperando uma goleada, foi ficando impaciente. Descontando sua frustração em Marcos Rocha, que teve atuação insegura, fraca.
Nos últimos 25 minutos de jogo, sem a menor criatividade, a saída foram cruzamentos e mais cruzamentos para a área interiorana.
Não havia outra opção, maneira de Abel Ferreira mudar seu time.
O São Bento não sofreu para segurar o resultado, importante para dar moral, para a única pretensão do time no Paulista, evitar o rebaixamento.
A responsabilidade toda da partida era do Palmeiras.
E o time não conseguiu o resultado que era obrigatório, vencer.
Passou da hora de Leila Pereira dar sua contribuição.
Bancar reforços para o clube que deseja ganhar, de novo, a Libertadores, o Brasileiro, a Copa do Brasil, a Supercopa do Brasil, o Paulista.
O 0 a 0 não foi só decepcionante.
Foi um grande alerta...
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