O 'professor' está cansado. Pela primeira vez, Luxa admite aposentadoria. Aos 71 anos, a demissão do Corinthians foi pesada demais

São Paulo, Brasil

São 55 anos de futebol.

Doze anos como jogador.

43 trabalhando como técnico.

A caminho dos 72 anos de vida.

Seus 26 títulos, ninguém esquece.

Mas a carreira entrou em uma descendente impressionante.

Com a saída do Corinthians, no dia 27 de setembro, já são 17 demissões seguidas, acumuladas.

Desde 2004, seus projetos acabaram rejeitados.

Ou antes do fim ou não despertaram interesse para que seguissem.

O polêmico Vanderlei Luxemburgo da Silva está cansado.

E pela primeira vez fala em aposentadoria a sério.

Foram tantos questionamentos, ironias e humilhações no Corinthians que o feriram e também à sua família.

Como ouvir se "não tinha vergonha" de ser um comandante de um time incapaz de impedir que o adversário chute 30 bolas no seu gol.

O raciocínio, sempre ágil, ferino, não conseguia mais defendê-lo de tantos ataques, questionamentos, acusações de estar ultrapassado.

Não entendia a modernidade do futebol, a necessidade da intensidade, o valor da recomposição, as triangulações pelas beiradas do campo, a necessidade do jogo posicional em algumas circunstâncias.

Tentava ironizar termos como amplitude, transição, bloco alto, bloco baixo.

E acabava expondo ter ficado preso a conceitos das décadas de 90 e do início dos anos 2000, quando foi mais vitorioso.

Luxemburgo não enxergava a necessidade de respeitar a ciência, analisar os dados básicos biológicos dos atletas. Sua briga pública com Bruno Mazziotti, gerente de saúde e performance no Corinthians, por conta de Renato Augusto, foi lastimável.

E suas respostas começaram a perder o sentido.

As coletivas eram assustadoras. A falta de traquejo para responder questionamentos cada vez mais duros, afinal, o Corinthians passou, com ele, a atuar como time pequeno. Acovardado taticamente.

"Eu consegui fazer um trabalho que não é tático, que é um pouco tático, que não é técnico, mas é um pouco técnico, não é físico, mas o mais importante é que eu consegui trazer o time de uma derrota por 3 a 0 para ter condições para jogar um clássico com condições de poder ganhar, empatar ou até perder."

"Atitude é fundamental na vida. Se tiver dois banheiros na sua casa e tiver dúvida, vai fazer na calça. Tem que tomar atitude de ir ao banheiro, se fizer nas calças nunca mais vai errar."

"Muitas mudanças (no futebol) aconteceram, eu acompanhei todas. Só que discordo com algumas (críticas), concordo com algumas e não concordo com outras. Seria a motivação? Estou com ela apontada para o céu (risos). Já viu? Então não queira ver."

A última era para ser uma piada pesada, que faria sucesso 30 anos atrás. Agora, não. Provocou mero constrangimento na sala de imprensa do Corinthians, lotada de jornalistas homens e mulheres.

O blog teve acesso a uma conversa muito recente que o treinador teve com Marcelo Copertino.

O ex-zagueiro foi seu auxiliar no Corinthians.

Saiu do clube, demitido com Luxemburgo.

O treinador foi claro com Copertino.

Falou para que ele procurasse investir na sua carreira solo.

O motivo: Luxa disse estar cansado e, finalmente, pensando em aposentadoria.

A demissão do Corinthians foi pesada, desgastante demais.

Para ele e para sua família.

A exposição na mídia teve momentos constrangedores.

Muito ofensivos.

Luxa pensa em talvez trocar o cargo de treinador para coordenador.

Entrar de sócio em uma SAF.

No máximo.

Isso, se não parar de vez com o futebol.

E voltar a investir na política. Ele quase saiu candidato a senador pelo Tocantins, nas últimas eleições. 

Luxemburgo está muito bem financeiramente.

O esporte o transformou em um milionário.

Com direito a muitos investimentos.

Principalmente em imóveis.

Em São Paulo, Rio, Alagoas e Tocantins.

Virou um dos sócios da cachaçaria Brejo dos Bois.

Ou seja, ele pode parar, na hora que quiser.

Mas mesmo com 55 anos de trabalho, não há como garantir que não aceitará o convite de um clube.

Vanderlei é muito impulsivo.

Pode mudar de ideia.

Só que é a primeira vez que fala abertamente em aposentadoria.

O professor está cansado...

Veja sete frases difíceis de entender de Luxemburgo no Corinthians

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