Luiz Henrique, de ‘vilão’ no Brasileiro a protagonista na espetacular goleada do Botafogo. Destroçou o Peñarol. 5 a 0 foi pouco. Tite é xingado
No primeiro tempo, o time cometeu o erro de aceitar as provocações dos uruguaios. Quando se acalmou, e tratou apenas de jogar futebol, Luiz Henrique foi sensacional. Teve em Savarino um grande parceiro. O caminho para a final da Libertadores está mais que traçado
Cosme Rímoli|Do R7
O futebol é incrível.
O vilão de ontem é o herói de hoje.
Cinco dias e a volta espetacular por cima.
Na sexta-feira passada, Luiz Henrique foi vaiado e xingado por parte da torcida do Botafogo.
No mesmo Nilton Santos.
De maneira infantil, ele perdeu a bola na intermediária e permitiu que o Criciúma atacasse e empatasse o jogo com o Botafogo, o que permitiu que o Palmeiras ficasse só a um ponto de distância, na briga pela liderança do Brasileiro.
O atacante da Seleção Brasileira saiu, escondido, sem dar entrevistas.
Mas ontem, não.
Assim que o péssimo árbitro Andrés Rojas terminou a partida, ele era só sorriso.
E fazia questão de falar com os jornalistas.
Ele foi o grande responsável por ‘destruir’ o Peñarol, na histórica goleada por 5 a 0, na semifinal da Libertadores.
Para mostrar todo seu talento, ele teve a colaboração do juiz colombiano, que não teve coragem de expulsá-lo.
Aos 13 minutos do primeiro tempo, Luiz Henrique deu uma cotovelada violenta, e explícita, em Léo Fernández.
Tomou o injusto cartão amarelo e seguiu em campo.
Mas não foi só ele quem se perdeu no primeiro tempo.
O time todo se deixou levar pelo clima de guerra provocado, de propósito, por Diego Aguirre.
O experiente treinador sabia que o selvagem confronto na tarde de ontem, entre torcedores do Peñarol e a Polícia Militar do Rio de Janeiro, que acabou com a prisão de 287 uruguaios, era responsável pela tensão no estádio Nilton Santos.
O que era excelente para seu time, muito inferior tecnicamente.
E os uruguaios conseguiram desestabilizar emocionalmente a equipe de Artur Jorge.
No fixo 5-4-1, o Peñarol conseguiu segurar o 0 a 0 nos primeiros 45 minutos.
Se Andrés Rojas não viu a gravidade da cotovelada de Luiz Henrique, fez que não percebeu a irritante cera dos uruguaios, que consumiram nove minutos, fingindo contusões, demorando para cobrar faltas, tiros de meta ou laterais.
O que deixou ainda mais os botafoguenses irritadíssimos.
Em duas jogadas individuais, Luiz Henrique cortou da direita para a esquerda e chutou fortíssimo da entrada da área.
Na primeira vez, a bola subiu. Na segunda, obrigou Aguerre a grande defesa.
Mas veio o segundo tempo.
O que fez Artur Jorge, além do óbvio pedido de tranquilidade, de evitar confrontos e brigas com os uruguaios.
Ele detectou que o ponto fraco do Peñarol passava pelo veterano lateral esquerdo Maxi Olivera.
O português fez com que Savarino se infiltrasse entre Olivera e o zagueiro Guzmán Rodriguez.
E liberou Vitinho como ponta direita.
Com Luiz Henrique atuando mais pelo meio, abrindo o corredor para o lateral/ponta botafoguense.
E o jogo desandou.
Os gols foram saindo em sequência.
Luiz Henrique deixou Savarino cara a cara com Aguerre.
1 a 0, Botafogo, aos cinco minutos.
Os uruguaios ficaram atordoados com o futebol do time brasileiro.
E perderam a concentração.
Em um escanteio cobrado por Savarino, Igor Jesus ajeitou e o ‘tanque’ Barboza dividiu, dominou e bateu forte.
2 a 0, Botafogo, aos nove minutos.
A goleada se aproximava.
Luiz Henrique atordoava a zaga do Peñarol, com sua movimentação, dribles.
Confiante, é um grande jogador.
Ele deu passe perfeito para o cruzamento de Vitinho.
E Savarino chutou forte, mas Aguerre foi mal para a bola e tomou 3 a 0, aos 13 minutos.
Aguirre demorou para perceber que o Botafogo fazia o que queria pelo setor direito de seu ataque.
Reforçou a marcação, depois da porta arrombada.
E adiantou as linhas do Penãrol, buscando diminuir o placar.
Tudo que conseguiu foi sofrer um contragolpe fatal, que terminou com toque genial de Luiz Henrique, sobre Aguerre.
4 a 0, aos 28 minutos.
O time uruguaio estava completamente perdido.
Em seguida, Artur Jorge tirou o atacante que desequilibrou a semifinal.
Foi uma atitude mais do que inteligente, para Luiz Henrique ser aplaudido de pé pelos torcedores.
Muitos o vaiaram e xingaram na sexta-feira passada.
O clima não era de rancor.
Era de entusiasmo.
Aos 33 minutos, Almada chutou fortíssimo e Aguerre rebateu.
Igor Jesus cabeceou por cima do goleiro e marcou 5 a 0.
A partir daí, o Botafogo diminuiu o ritmo.
Os uruguaios tentaram marcar pelo menos o gol ‘de honra’, mas nem isso.
Luiz Henrique ‘revelou’ o que Artur Jorge falou no intervalo da partida.
Destacou o lado emocional.
Segurou a blitz pela direita no ataque, que o técnico exigiu.
“Ele pediu mais consciência, tranquilidade, tocar a bola mais rápido para fazer o time deles cansar. Voltamos com mais vontade de fazer gol. Quando a gente fez o primeiro, conseguimos mais espaço nas costas deles. Fomos muito felizes, sabíamos que ia ser muito difícil, mas sabíamos da nossa capacidade. Contente com essa vitória, mas temos que ter foco e pés no chão.
“Mesmo ganhando de 5 a 0, não podemos ser surpreendidos lá.”
Enquanto Luiz Henrique sorria, foi muito interessante a reação da torcida do Flamengo nas redes sociais.
Durante a madrugada, inúmeros internautas postaram ofensas a Tite, ex-técnico rubro-negro.
Ele foi incapaz de fazer o caríssimo elenco do Flamengo marcar sequer um gol no fraquíssimo Peñarol.
E o clube acabou eliminado pelo uruguaio.
O Botafogo de Artur Jorge mostrou como se faz.
Uma lição para o desempregado ex-treinador da Seleção, que fracassou nas duas últimas Copas.
E também no clube mais rico do país...
Veja também: Artur Jorge destaca resposta após ajustes no intervalo e 'vantagem confortável'
Treinado do Botafogo aprovou o desempenho do time na vitória por 5 a 0 pela ida da semifinal da CONMEBOL Libertadores, contra o Peñarol, no Nilton Santos.
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