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Cosme Rímoli - Blogs

Lobby por Dorival Júnior na CBF para o lugar de Tite. Xenofobia, medo de técnicos estrangeiros, ajuda o treinador do Flamengo

Dorival, campeão da Libertadores, já tem proposta para renovar com o Flamengo. Só a seleção brasileira o faria mudar de ideia. Tite, que vai sair depois da Copa, defende um brasileiro no seu lugar

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Dorival Júnior 'jogado ao alto' pelos jogadores do Flamengo. Há lobby por ele na seleção
Dorival Júnior 'jogado ao alto' pelos jogadores do Flamengo. Há lobby por ele na seleção

São Paulo, Brasil

"Torço para que seja um profissional brasileiro."

"É o meu sentimento."

"Dos últimos cinco campeões mundiais sul-americanos (incluindo clubes), quatro foram treinados por brasileiros: Tite, Abel (Braga), (Paulo) Autuori e Felipão. O outro foi (o argentino Carlos) Bianchi."


Essas são as palavras de um grande cabo eleitoral de brasileiros para o cargo de técnico da seleção: Tite.

Ele é assumidamente xenofóbico, ou seja, defende que estrangeiros não tenham acesso ao comando do selecionado, quando abandonar o cargo, assim que terminar a Copa.


Juntando-se a Tite há uma grande ala na CBF que comemorou muito a conquista da Libertadores pelo Flamengo. Não pelo clube carioca. Mas por Dorival Júnior, que, dez dias antes, havia vencido a Copa do Brasil.

Essa ala defende um técnico brasileiro na sucessão de Tite. E é muito volúvel. Já foi defensora de Renato Gaúcho, depois passou para o lado de Cuca, hoje está com Dorival.


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O motivo é simples.

Assim como Tite, esse trio assumiria a flexibilidade com a maneira de a CBF trabalhar e até fracassar em pontos fundamentais.

Como fazer jogos amistosos contra adversários fraquíssimos, para ganhar os 2 milhões de dólares por partida, R$ 10,5 milhões, pagos por empresas que compram as partidas. Entender a incompetência da coordenação, incapaz de encontrar maneira de o Brasil fazer amistosos contra seleções europeias. E aceitar os privilégios para o mimado Neymar.

Essa ala acredita que treinadores estrangeiros, como sonha o presidente Ednaldo Rodrigues, criariam enormes problemas. Não cederiam às imposições do cargo.

Dois nomes portugueses seguem citados entre os aliados de Ednaldo. O primeiro é o de Abel Ferreira, do Palmeiras. Bicampeão da Libertadores, vencedor da Copa do Brasil, Recopa Sul-Americana, Paulista e mais do que certo campeão brasileiro. 

O problema seria conter suas queixas, reclamações, personalidade. Ele já denunciou inúmeras vezes o calendário criado pela CBF. Além disso é o técnico mais indisciplinado do país.

E costuma ser sincero. A tendência, por sua maneira de agir, é que amistosos inúteis, privilégios a Neymar, falta de intercâmbio com seleções europeias seriam cobrados publicamente.

Jorge Jesus, que já foi a preferência de Ednaldo, corre na mesma direção. Com um agravante. Ele é mais rígido ainda com jogadores. O que poderia ser um tormento, se Neymar não se submetesse aos seus gritos.

Dorival Júnior vai por outro perfil.

De gênio forte, ele foi se adaptando. Foi se moldando ao egocentrismo de jogadores importantes. O que fez com Gabigol e Pedro é um grande exemplo.

Depois da sua inédita conquista da Libertadores, o treinador explicava, com entusiasmo, como encaixou os dois. Sem despertar ciúmes.

"É uma dupla que se completa (Pedro e Gabigol). Não era diferente daquilo que eu imaginava na minha cabeça. Eu não tinha dúvidas que eles poderiam jogar juntos, com uma aproximação maior entre eles. O Gabriel não alterou por completo a sua função. Houve uma alternância de movimento e ataques na última linha."

"Eles sabem fazer isso como ninguém, uma harmonia muito grande. Essa pequena mudança fez a diferença. O Gabriel decidiu uma Libertadores como artilheiro da equipe e, agora, outra Libertadores como um jogador de equipe. Talvez a doação dele tenha sido ainda superior à que ele teve em 2019."

Dorival Júnior, que começou o ano desempregado, assumiu o Ceará em março, e em junho se tornou o técnico do Flamengo, está em um contrato de risco. O clube carioca ofereceu a ele largar o clube de Fortaleza para um compromisso de apenas seis meses.

Dorival foi mais do que aprovado. E o presidente Rodolfo Landim confirmou que há proposta de renovação de contrato por um ano, com a possibilidade de renovação automática por mais outro.

"Estou felicíssimo com o trabalho do Dorival. E quero sua sequência no Flamengo", confirmava Landim.

O acordo ainda não foi assinado, mas Dorival está mais do que disposto a aceitar.

Só um convite para a seleção brasileira o faria mudar de rumo.

Muito orgulhoso, perguntado sobre a possibilidade, Dorival disfarçou.

"É muito difícil falar sobre hipóteses na minha posição. Meu contrato com o Flamengo vai até o fim do ano. Meu maior prêmio seria continuar e dar sequência ao trabalho."

"Caso haja a possibilidade (de assumir a seleção), isso seria após Copa do Mundo. Você postula uma condição como essa, mas é tudo ainda muito distante e muito vago."

Dorival Júnior. Copa do Brasil e Libertadores, em um intervalo de dez dias. Títulos impressionantes
Dorival Júnior. Copa do Brasil e Libertadores, em um intervalo de dez dias. Títulos impressionantes

Dorival Júnior conta com o apoio de Tite. E de todos os treinadores brasileiros de clubes grandes do país. Por conta do corporativismo. Ou seja, reserva de mercado.

Há um grande e silencioso medo de que treinadores estrangeiros de ponta, como Guardiola, Klopp, Ancelotti, assumam a seleção e os técnicos brasileiros acabem desvalorizados.

Aliás, já são.

No mercado internacional não há um sequer comandando um grande clube europeu, continente onde é jogado o melhor futebol do mundo.

"A Europa contrata pés (jogadores) brasileiros. E não cérebros (técnicos). Porque não acha que são brilhantes. Pelo contário, há a certeza que têm um conceito atrasado do futebol", ironiza um empresário vivido ao blog.

Na CBF, medo das reclamações públicas de Abel. Por amistosos inúteis, falta de intercâmbio, Neymar...
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O presidente Ednaldo Rodrigues vai analisar com cuidado o que acontecer no Catar.

Ele tem a mente muito mais aberta a treinadores estrangeiros do que seus antecessores.

Mas a pressão por um brasileiro no lugar de Tite é enorme na CBF.

Hoje, o nome mais forte é o de Dorival Júnior.

Já foi o de Renato Gaúcho.

E de Cuca...

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