Levou quatro anos o 'trauma Glenda'. Globo terá narradora
A emissora cedeu. Decidiu apostar de novo em uma mulher narrando futebol. Os testes estão no final. O desejo é ter a escolhida na Olimpíada de Tóquio
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"A coisa foi reverberando, fui vendo os meus 27 anos de dedicação ao Esporte jogados fora, indo pro lixo.
"Eu não tinha coragem de andar no corredor, aquilo me tomou de um jeito que eu andava curvada, só chorava."
"Eu me preparei muito para essa Olimpíada. Ninguém sabia mais sobre ginástica artística do que eu. Eu conhecia os atletas, sabia a história, o nome de todo mundo, passei seis meses antes, eu sabia tudo."
"E falei eu não vou passar por isso."
"Eu saí."
Esses foram alguns dos desabafos de Glenda Kozlowski.
A apresentadora, repórter, ainda não digeriu as inúmeras críticas por ter sido colocada como narradora da ginástica olímpica, pela Globo, nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016.
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Ela jamais superou a rejeição do público.
Se viu em uma armadilha, porque nunca quis narrar.
Mas não teve como escapar da ideia do alto comando da Globo, que queria uma mulher narrando, de qualquer jeito.
Mal orientada, nervosa, ela conseguiu gritar mais do que o Galvão Bueno.
E as redes sociais não perdoaram.
A Globo voltou a tentar fazer de Glenda narradora da Copa do Mundo de Futebol Feminino, no ano passado.
Seria histórico.
Uma equipe só de mulheres.
A comentarista foi Ana Thaís Matos.
A repórter, Carol Barcellos.
Faltou a narradora.
Glenda não aceitou.
De forma firme, se posicionou.
Mesmo sabendo que poderia ter consequências.
"Eu não quero fazer futebol, não quero. Falei que não quero porque não é o meu negócio", confessou, na recusa.
Os telespectadores tiveram de suportar Galvão Bueno narrando a Copa do Mundo feminina.
Enquanto isso, Glenda perdeu definitivamente espaço na Globo.
Passou para o Sportv.
E acabou saindo da emissora.
Glenda já encaminha um novo emprego, ser apresentadora na FlaTV, com a camisa do clube rubro negro e tudo.
E a Globo, depois de quatro anos, superou o trauma.
Decidiu ter uma narradora de futebol.
Está na fase final de inúmeros testes, laboratório.
Tem até candidata aprovada.
O planejamento é que a primeira narradora de futebol do grupo Globo comece no Sportv. Ganhe experiência e depois passe para a TV aberta.
O quadro otimista é colocar narradora, comentarista e repórter mulheres na cobertura da seleção brasileira feminina na Olimpíada de Tóquio.
O mais pessimista, na Copa do Mundo Feminina de 2023.
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