Leila Pereira não só enfrenta o Flamengo. E empresta dinheiro ao Vasco. Ela trabalha para ser a dirigente mais importante do futebol do Brasil
A briga na Justiça para destravar R$ 77 milhões da Libra, bloqueados pelo Flamengo, é só a ponta do iceberg. A empresária bilionária, e presidente do Palmeiras, trabalha para ocupar o vácuo de liderança entre os dirigentes brasileiros

Leila Pereira percebeu haver um vácuo de líderes entres os clubes de futebol brasileiro.
E ela quer ser a líder com chance de brigar até pela presidência de uma liga que una todas as principais equipes do país, quando acabar seu mandato no Palmeiras, em 2027.
Primeiro, ela deu o exemplo, tornando o Palmeiras, com o apoio financeiro de suas próprias empresas, a Crefisa e a Faculdade das Américas, como o clube mais bem estruturado. Melhor até que o Flamengo, que mais arrecada no país.
Depois, se revoltou e não aceitou submissão às torcidas organizadas do clube, situação raríssima no Brasil.
Em seguida mostrou ser possível a manutenção de um treinador competente, desejado até pelo Oriente Médio. Abel Ferreira já está no clube há cinco anos, conquistando 10 títulos.
Leila brigou nos bastidores da CBF para o aprimoramento da arbitragem. E publicamente, sem medo de represálias.
Não contente com o domínio político completo no Palmeiras, extinguindo a oposição, ela venceu a licitação e tem o domínio da arena de Barueri, com direito aos naming rights. Ela se chama Arena Crefisa Barueri desde 2023.
Com patrimônio de cerca de R$ 8 bilhões, a presidente comprou um luxuoso avião para transportar o time principal do Palmeiras. Por atuais R$ 394 milhões.
Ávida de mais poder, ela quer que os clubes tenham um liga só. Para ficar mais forte nas negociações. Principalmente com as tevês e com o domínio dos campeonatos. Deixando a CBF só com a Seleção Brasileira. Atualmente há a Liga Forte União (LFU) e a Libra (Liga do Futebol Brasileiro).
O Flamengo, por décadas e décadas, sempre foi o clube mais forte nos bastidores do futebol deste país. Usou e abusou do poder de possuir a maior torcida, maior arrecadação, que garantia a cota muito mais alta nas transmissões.
Leila entendeu que era hora de acabar com tanto poder. E, muito firme na articulação, conseguiu a união das duas ligas nas transmissões, nos próximos três anos, pela tevê aberta, fechada e streaming dos jogos dos Brasileiros, Séries A e B, para o exterior. O Flamengo, que não concordou com a divisão do dinheiro, ficou de fora.
Irritado com a situação, o presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, decidiu lutar para que seu clube, o mais popular do país, continuasse com os privilégios na distribuição financeira, que vinha tendo há décadas. E começou por bloquear na justiça R$ 77 milhões, que os clubes da Libra deveriam receber da TV Globo. Por exigir uma profunda revisão na divisão dos direitos, com o Flamengo recebendo mais.
O Palmeiras faz parte desta liga. E Leila ficou revoltada. Chamou a postura do Flamengo de ‘torpe e autoritária’. Promete ir para a Justiça para destravar esse bloqueio.
E enquanto isso, a sua empresa, Crefisa, aceitou emprestar R$ 80 milhões para o Vasco, clube do Rio de Janeiro. E que seria ‘do coração’ da carioca Leila Pereira. Embora possa parecer conflito de interesses, a negociação é legal. Já que a Crefisa deixou de patrocinar o Palmeiras. Só não é segredo que a financeira pertence à Leila.
Ela segue brigando publicamente, e com muita repercussão, com o Flamengo.
Mas a presidente do Palmeiras segue firme com seu objetivo.
De se tornar a dirigente mais poderosa do futebol deste país...