Juiz que marcou pênalti contra o Cruzeiro chora. Ainda não voltou para casa. Com medo de morrer
Igor Benevenuto marcou pênalti para o Atlético, ontem no Mineirão. Ele recebeu ameaças de morte não só pelas redes sociais. Pessoas em carros gritaram em frente à sua casa que ele morreria
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Os jogadores do Atlético e do Cruzeiro fizeram questão de aceitar a sugestão da Federação Mineira de Futebol. E entraram em campo juntos, com uma bandeira da Ucrânia, pedindo paz.
O gesto ia muito além da guerra entre a Rússia e Ucrânia. Infelizmente se encaixava na morte do cruzeirense Rodrigo Marlon Caetano, de apenas 25 anos. Ele foi atingido por um tiro no abdômen em uma briga entre as organizadas cruzeirenses e atleticanas, combinada pela Internet, horas antes do clássico, em Belo Horizonte.
A lição não serviu.
Aos 40 minutos do segundo tempo, Lucas Oliveira dá um carrinho na área em direção à bola, mas sua perna direita toca a do atacante atleticano, que conseguiu antecipar o lance.
O juiz Igor Benevenuto marcou o pênalti.
Hulk foi para a cobrança.
Empatou o jogo.
O lance desconcentrou o time do uruguaio Paulo Pezzolano.
A ponto de Ademir virar o jogo.
Vitória atleticana por 2 a 1, aos 52 minutos do segundo tempo.
A direção do Cruzeiro ficou revoltada.
A começar pelo dono do clube, Ronaldo Fenômeno.
"Infelizmente a arbitragem interferiu mais uma vez diretamente no resultado. Seguimos contra tudo e contra todos querendo um campeonato melhor e mais justo."
O treinador do Cruzeiro, não deixou por menos, ao final da partida.
"Ao término do jogo o Sr. Paulo Cesar Pezzolano Suarez, da equipe do Cruzeiro Esporte Clube, subiu o túnel dos vestiários e adentrou as limitações do campo de jogo gritando:
'Árbitro ladrão, vocês são todos ladrões, olha o que vocês fizeram, quero falar com o árbitro, esse ladrão!'
O Sr. Paulo foi contido pelos seguranças do clube, que o levaram de volta para o vestiário de sua equipe."
O relato é do árbitro Igor Benevenuto.
De nada adiantou a postura da Comissão de Arbitragem da Federação Mineira.
O presidente Juliano Lopes Lobato ficou ao lado de Benevenuto.
"O atleta do Cruzeiro dá um carrinho na área, de forma imprudente, acertando o atleta do Atlético. E dentro da área, é pênalti."
Só que não foi assim que entenderam várias pessoas que trataram de invadir as redes socias do árbitro.
Com ameaças de morte.
Para deixar mais terrível a situação, o árbitro já havia recebido ameaças de morte, se marcasse pênaltis antes do jogo começar.
Após a partida, carros rondaram sua casa, com pessoas gritando que iriam matá-lo, assim como membros de sua família.
O juiz ainda não teve coragem de ir para a própria casa.
24 horas após o jogo.
Está com medo de morrer.
"Horas antes do clássico, eu recebi várias mensagens de ameaças. Falando que se eu marcasse pênalti contra determinada equipe, que eu ia ver com essas pessoas, que sabem onde eu moro. E após o jogo, meu Instagram e WhatsApp viraram uma tristeza. Só mensagens abusivas, falando que vão me pegar, que vão me matar."
"Ontem, por duas vezes, passou um carro na frente da minha casa falando que iriam me matar, que iam matar pessoas da minha família."
"Eu não fui para casa ainda, não sei que dia que eu volto. Minha vida virou um estresse por causa dessa penalidade, o único lance questionável na partida."
"Minha vida está conturbada", disse, chorando, há pouco ao SporTV.
A violência em Minas Gerais se tornou infelizmente corriqueira.
A ponto de o deputado estadual do Cidadania, João Vitor Xavier, ter proposto um projeto que proíbe a entrada nos estádios de Minas Gerais, por dez anos, quem se envolver em brigas de torcida.
Segundo ele, quer separar os torcedores de bandidos.
A situação chegou em ponto insuportável.
E há a necessidade de cobrança de todos os envolvidos.
Dirigentes e técnicos que provem suas acusações.
Xingar, sem provas, movido pela emoção, só atiça ainda mais os vândalos infiltrados nas organizadas.
Passou da hora de acabar com a impunidade...
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