Sylvinho não conseguiu dar padrão ao time. Inexperiente, incoerente, péssima aposta
ANDRÉ ANSELMO/ESTADÃO CONTEÚDO - 2.2.2022São Paulo, Brasil
"Após o jogo, nos reunimos nos vestiários, eu e a diretoria de futebol, e entendemos ser o momento de interromper o trabalho do nosso treinador e corrigir rota.
"Vim comunicá-los. Aproveito o momento para agradecer o empenho e trabalho do Sylvinho, toda dedicação dele e sua comissão.
"Vamos nos reunir nesta quinta-feira para definir quais serão os próximos passos."
Foi dessa maneira lacônica, triste, derrotada, que o presidente Duilio Monteiro Alves comunicou aos jornalistas, no começo da madrugada, o final da passagem de Sylvinho como treinador do Corinthians.
Após a péssima partida que o Corinthians fez, ao perder de virada, por 2 a 1, para o limitado Santos, de Fábio Carille, em plena arena de Itaquera, diante de 28 mil corintianos que xingaram Sylvinho até perder o fôlego, Duilio não teve outra saída a não ser a demissão. Até mesmo o grande defensor do treinador, o vice Roberto de Andrade, teve de concordar que havia chegado a hora de mandá-lo embora.
A pressão das organizadas, principalmente a Gaviões da Fiel, pela demissão imediata, após o vexame no clássico, foi determinante.
Sylvinho foi uma aposta desesperada, depois da recusa de Renato Gaúcho e Diego Aguirre. Ele foi contratado em maio de 2021. Sua única experiência como treinador foi comandar o Lyon. Suportou apenas 11 partidas, com direito à sumária demissão, em outubro de 2019.
Roberto de Andrade insistiu que, assim como ídolo corintiano e como jogador, Sylvinho daria certo como treinador.
Mas ele jamais conseguiu dar padrão ao time. Passar confiança aos jogadores. O "grande" mérito de Sylvinho como treinador foi ter conquistado uma vaga para a Libertadores, com o Corinthians terminando em quinto lugar no Brasileiro do ano passado.
Jorge Jesus é um dos desejos de conselheiros próximos de Duílio e Roberto de Andrade
FlamengoMas todos no Corinthians sabiam que os méritos foram muito mais dos jogadores importantes que chegaram ao Parque São Jorge, como Renato Augusto, Giuliano, Róger Guedes e Willian.
Com o treinador, o time tinha um comportamento bipolar. Em casa, com o apoio da torcida, sempre atacou muito, buscou vencer. Fora, se comportava de forma acovardada, defensiva demais, nitidamente irritando os jogadores, conselheiros, torcedores.
A esperança de Duilio e Roberto de Andrade era que, em 2022, tudo seria "diferente". Só que mesmo com mais tempo para pensar no time, na maneira de jogar, o Corinthians voltou pior.
Bastaram três jogos no Paulista.
Eles se somaram à desilusão do fim de 2021.
Empate em 0 a 0 com a Ferroviária, vitória contra o Santo André por 1 a 0, e a derrota por 2 a 1, ontem, para o Santos.
A demissão foi sumária nesta madrugada.
Sob seu comando, foram 43 jogos, com 16 vitórias, 14 empates e 13 derrotas. O time marcou 42 gols e sofreu 40.
A partir de hoje, a busca por um novo treinador.
Mas que tenha algo muito diferente de Sylvinho: experiência.
O português Jorge Jesus e os brasileiros Renato Gaúcho e Cuca são os primeiros nomes a circular no Parque São Jorge.
Sylvinho foi uma péssima aposta.
O ex-auxiliar de Tite já havia demonstrado sua falta de rumo no Lyon.
Mesmo assim, Roberto de Andrade insistiu na contratação.
A diretoria perdeu a pré-temporada e três jogos em 2022, o demite.
Os dirigentes têm muita culpa no fracasso anunciado de Sylvinho...
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