Incrível vitória de Galvão sobre o infarto. Para narrar o Fla no Mundial
Apenas 24 dias depois do infarto que sofreu em Lima, Galvão, 69 anos, narrará o primeiro jogo do Flamengo no Mundial. Ele está no Qatar. Coragem
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
69 anos.
Muito bem vividos.
Madrugada do dia 23 de novembro.
Lima, Peru.
Quarto de luxuoso hotel, em Lima.
As dores no peito e a dificuldade para respirar não cessaram durante a madrugada.
Pelo contrário, ganharam a terrível companhia da dormência no braço esquerdo inteiro.
Incomodado, acorda a esposa Desiree, que estava deitada ao seu lado. Ela se assusta com a palidez do rosto do marido.
E, firme, o enfrenta.
"Vamos no médico agora!"
Galvão Bueno chegou à clínica Anglo-Americana, o melhor hospital do Peru.
Foi constatada a necessidade do cateterismo, a desobstrução de uma artéria que levava sangue ao seu coração.
A palavra 'infarto' foi evitada o tempo todo.
Mas foi o que o narrador enfrentou.
Ele foi substituído às pressas por Luis Roberto na transmissão da decisão da Libertadores da América, entre Flamengo e River Plate.
A sua voz, que durante quatro décadas narra as principais competições esportivas do mundo, estava calada.
Como tudo foi diagnosticado muito rápido e Galvão foi muito bem assistido pelos médicos, a recuperação prometia ser rápida.
Ele poderia voltar a trabalhar em semanas, avisaram os médicos.
Mas o bom senso não indicava uma viagem de 15 horas de avião até o Qatar.
A TV Globo o queria na transmissão dos jogos do Flamengo no Mundial.
A princípio, os executivos esperavam que ele narrasse dos estúdios.
Afinal, o princípio do infarto aconteceu há apenas 23 dias.
Só que o narrador procurou médicos brasileiros.
Fez inúmeros exames.
Começou uma série de exercícios.
Obstinado, embarcou para o Qatar.
Está tratando essa cobertura com garra e determinação invejáveis, dizem os repórteres que estão no Oriente.
Se comporta como tivesse de 'dar tudo'.
Como se fosse a última.
É impossível prever como estará daqui dois anos e meio, na Copa do Mundo do Qatar, quando pretende encerrar a carreira como narrador.
E se transformar em comentarista.
Suas cordas vocais já não são as mesmas.
Mas Galvão decidiu enfrentar as limitações, próprias da idade.
Não fez como Arnaldo Cesar Coelho, que se recolheu, para tratar de um câncer na próstrata.
Galvão, não.
E, como um homem que teve uma segunda chance para viver, está aproveitando cada instante.
Fez questão de visitar a delegação do Flamengo, cumprimentar todos os jogadores.
Mostrar ao time e ao Brasil todo.
Ele não se intimidou diante do infarto.
Estará transmitindo, in loco, não em estúdio, os jogos do seu Flamengo no Mundial de Clubes.
Já começa amanhã à tarde.
Diante do Al-Hilal.
Como havia dito a amigos.
"Nem se fosse a última coisa que fizesse na vida."
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