Heroico, com dois a menos, o São Paulo calou o Allianz. Felipe Alves sensacional. Defendeu até pênalti. Empate com gosto de vitória
Mesmo com dois jogadores a mais, o líder, e virtual campeão brasileiro, Palmeiras, não conseguiu vencer o São Paulo. 0 a 0, com direito a atuação de gala de Felipe Alves
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
O São Paulo fazia um primeiro tempo seguro, firme, sofrera pouco com o Palmeiras, em pleno Allianz Parque.
Mas aos 44 minutos, na cobrança de escanteio a favor do time de Rogério Ceni, Danilo correu para marcar Ferraresi. O zagueiro venezuelano irritado com o volante, primeiro o empurrou. E depois, em seguida, de forma irresponsável, boba, infantil, fechou a mão e deixou o braço com força no peito do palmeirense.
Cartão vermelho direto. Mas do que justo. Ferraresi sabotava o plano tático de Rogério Ceni.
No segundo tempo, com um jogador a mais, começou um duelo todo especial.
Entre Gustavo Scarpa e Felipe Alves.
O meia, principal articulador do Palmeiras, tentou de todas as maneiras vencer o goleiro. Mas não teve como. Nem mesmo na cobrança de pênalti, cometido também de forma bizarra por Calleri, que deu um tapa na bola, depois de um escanteio, aos 16 minutos.
Gustavo Scarpa foi para a bola e bateu no canto direito de Felipe Alves, que havia estudado muito as cobranças do jogador, e saltou convicto, evitando o gol.
Nem mesmo após a expulsão de Beraldo, por cometer falta em Endrick, com dois jogadores a mais, o Palmeiras conseguiu marcar um gol. Os nove que restaram pelo São Paulo deixaram a alma em campo e seguraram, de forma valente, o 0 a 0.
Heroico.
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Foi um clássico de tirar o fôlego.
O Palmeiras segue líder absoluto, caminhando para o título. E o ponto que o time de Rogério Ceni, 11º na classificação, conseguiu pode ser fundamental na briga pela pré-Libertadores.
"Jogo difícil, até a expulsão (de Ferraresi) estava bem equilibrado. A gente estava criando, sofrendo um pouco mas criando também. Depois a gente teve que se defender um pouco mais, pude contribuir com algumas defesas, fico feliz, mas tem que parabenizar todos pela entrega e dedicação. Todo mundo se doou ao máximo, marcar com um a menos não é fácil. Tem que parabenizar o grupo."
"É complicado, a gente vem de uma derrota em uma final, que pesou bastante para a gente, a gente sabe disso, tem essa cobrança interna, pensando o que podemos fazer melhor. Sabemos que estamos em uma briga diária para se classificar à pré-Libertadores. Esse ponto com certeza vai ser muito importante", dizia o grande jogador da partida, o goleiro Felipe Alves.
"Difícil, né? Sempre que um jogador perde o pênalti é complicado. Independente do mérito do goleiro, a responsabilidade do batedor é muito grande. Nunca fugi disso e não vou fugir. Mas, claro, fico muito chateado por ter errado", dizia, conformado, Gustavo Scarpa.
Mas a partida teve muitos outros ingredientes além do duelo particular entre os dois.
A diretoria e a Comissão Técnica do Palmeiras queriam vencer, não só pela rivalidade, por vingança pela eliminação na Copa do Brasil, quando o VAR favoreceu o São Paulo.
A proposta de jogo de Abel Ferreira foi clara desde os primeiros minutos de partida. Pressionar, marcar a saída de bola, impor um ritmo veloz, intenso. Queria ver seu time marcando um gol logo. Para desarmar o sistema defensivo de Rogério Ceni.
Merentiel foi o titular, como antecipou o blog, com a suspensão de Rony. E ficou de novo escancarado o maior erro na montagem de elenco do Palmeiras. A ausência de um artilheiro de verdade, pronto, que tenha potencial para se impor no futebol brasileiro. A filosofia de investimentos, como se o time fosse um banco, de comprar jovens jogadores no futebol sul-americano para lucrar com futuras vendas, permite arriscar em laterais esquerdos, zagueiros.
Mas artilheiro é algo muito importante. Merentiel e López se esforçam, dão tudo que podem. Só que não têm grande potencial. Estão abaixo do time. Assim como Navarro, que veio da segunda divisão, do Botafogo.
A falta desse definidor atrapalhou demais o Palmeiras na Libertadores e na Copa do Brasil. Assim como hoje.
Abel também mandou que seus jogadores fizessem faltas táticas em Patrick, atleta que deu muito trabalho nos confrontos contra o São Paulo.
Já Rogério Ceni montou seu time com três zagueiros. E se preocupou em não perder, se possível, fazer com que a equipe encaixasse contragolpes, com inversões de jogadas, para pegar os atacantes nas costas da zaga palmeirense, que atuava adiantada.
O primeiro tempo foi de muita pressão do Palmeiras, com jogadas pelos lados do campo. E com contragolpes perigosos do São Paulo, com Calleri segurando Gustavo Gómez e Murilo, dando espaço para jogadores que vinham de trás.
Até que veio a absurda expulsão de Ferraresi.
No intervalo, Ceni trocou Luciano por Galoppo, muito mais vibrante no meio-campo. E trocou seu sistema defensivo para quatro defensores, dois laterais e dois zagueiros. Montou mais uma linha de quatro na intermediária e só Calleri lutando na frente.
Abel fez com que seu time continuasse forçando pelas laterais. Fez muita falta Rony. Mesmo improvisado como atacante, seu aparecimento na diagonal, por trás da zaga em alta velocidade, seria muito mais produtiva que a timidez de Merentiel. E a falta de confiança de López. Duas contratações que foram dois erros da direção.
Mesmo vigiado por Rodrigo Nestor e Pablo Maia, Gustavo Scarpa teve todas as chances para armar e bater para o gol, começando o excelente duelo com Felipe Alves.
A maior chance veio com o pênalti desperdiçado.
Faltando dez minutos, Endrick, que entrou tardiamente no jogo, conseguiu a expulsão de Beraldo. Abel, como quis ensinar para Cuca, quando o Atlético teve dois jogadores a mais que o Palmeiras e não venceu, na Libertadores, tratou de fazer o que pregou. Insistiu que o Palmeiras jogasse pelo meio para que jogadores surgissem de surpresa pelos lados, na área do São Paulo.
Sua estratégia deu errado. Porque até facilitou a marcação do time de Ceni. Ainda mais com López em campo. Ele mais atrapalhou do que ajudou o Palmeiras. Atuesta também não tem nível técnico para o time campeão brasileiro. Outro erro que Abel Ferreira não quer assumir.
O São Paulo se desdobrou com seus nove jogadores.
E conseguiu sair do Allianz com um empate com gosto de vitória.
O Palmeiras e sua torcida, que queriam 'vingança', se frustraram.
0 a 0 bom para a busca do título.
Mas decepcionante para quem queria atrapalhar, tirar o São Paulo da pré-Libertadores.
Ainda mais com o rival com dois a menos.
Para o time de Ceni, um resultado para comemorar.
Com capacidade de dar mais confiança na luta por 2023.
Foi heroico o que o time fez no Allianz hoje...
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