Gosto amargo de frustração na ida de Gabriel Jesus, por R$ 289 milhões, ao Arsenal. Ele não foi o artilheiro que Guardiola sonhava
O Manchester City fechou a venda. Guardiola errou na avaliação do brasileiro. Ele nunca teve o perfil para ser o substituto de Aguero, maior artilheiro do clube. Daí a liberação para o Arsenal
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"Ele é como Kelechi e Sergio Agüero. Quando a bola está lá, é gol. Ele tem o senso para marcar. Então, nós estamos comprando gols. Isso não é fácil hoje. Ele se movimenta muito e abre espaço. O City comprou o jogador certo", resumia Pep Guardiola, em 2016.
Mas tudo mudou em 2022.
Por 45 milhões de libras, R$ 289 milhões.
Com direito ao Palmeiras receber ainda R$ 20 milhões.
Dinheiro que se soma aos R$ 120 milhões, correspondendo a 33 milhões de euros, da venda feita em agosto de 2016.
O salário era de 6 milhões de libras esterlinas, cerca de R$ 38 milhões, por ano em Manchester. Passou para 10 milhões de libras, cerca de R$ 64 milhões, anuais, em Londres.
Foram 236 partidas, 95 gols.
Quatro conquistas da Premier League. Uma Copa da Inglaterra. Quatros Copas da Liga Inglesa. E uma Supercopa da Inglaterra.
Financeiramente foi excepcional para Gabriel Jesus.
Mas sua saída do Manchester City ao Arsenal, aos 25 anos, esconde a decepção de Pep Guardiola. A passagem do brasileiro foi muito aquém do que o catalão esperava.
O catalão via no atacante um artilheiro de inúmeros recursos, além velocidade e habilidade. Jogador capaz de se impor com técnica para driblar, tabelar, arrancar com a bola.
Gabriel Jesus era acompanhado por Guardiola, desde quando treinava o Bayern de Munique. Ao desembarcar na Inglaterra, pediu o jogador do Palmeiras, da Seleção Olímpica.
Só que o atacante, que foi apontado pela imprensa inglesa como o 'substituto natural' de Sergio Aguero.
Acabou sendo enorme erro. Porque Gabriel Jesus nunca teve como característica ser um definidor. Muito pelo contrário. Ele é um jogador que atua pelos lados do campo, partindo com a bola dominada ou recebendo lançamentos.
O que a imprensa de Manchester e a torcida do City esperavam não tiveram no brasileiro. Tanto que ele alternou durante os cinco anos que ficou na Inglaterra, momentos que foi fundamental ao time. E outros nos quais foi mero reserva.
Para piorar, na Seleção Brasileira, Tite fez questão de escalá-lo 'no sacrifício', na Copa do Mundo da Rússia. Como o atacante incumbido de correr atrás de laterais, tentar atrapalhar a saída de bola adversária de forma insana. Enquanto Neymar era privilegiado no esquema tático.
Gabriel Jesus teve participação pífia, saiu em jejum.
Nos últimos anos, foi perdendo prestígio.
O City já havia desistido de apostar em Gabriel Jesus como seu artilheiro. Tanto que a direção insistiu, implorou pela contratação de Harry Kane. Mas o Tottenham sempre dificultou a transação, desistindo quando o negócio estava para ser fechado.
O clube, que pertence à família real dos Emirados Árabes, decidiu então investir em outro sonho de Guardiola. O norueguês Erling Haaland. Depois de enorme insistência e muita concorrência, a contratação foi efetivada. Por 75 milhões de euros, cerca de R$ 414 milhões, a negociação acabou fechada, com o Borussia Dortmund.
O treinador catalão fez repetiu o que fez com Gabriel Jesus. Telefonou para o norueguês e o convenceu a deixar de lado o Real Madrid, Barcelona e o Manchester United.
Ao mesmo tempo em que o City fechava a transação, Gabriel Jesus sabia que seu espaço acabaria de vez como titular. Para piorar, ele já havia conversado com Guardiola, que não queria mais atuar centralizado. E sim pelos lados. Iria brigar com Sterling, Mahrez, Foden e Grealish.
Guardiola agiu como manager. Deixou claro para a direção do City : Gabriel Jesus não era imprescindível para a temporada 2022/2023.
O espanhol Mikel Arteta pedia por Gabriel Jesus desde 2021.
O ex-coordenador da Seleção Brasileira, Edu Gaspar, fez questão de garantir a Gabriel Jesus que ele teria no Arsenal o protagonismo que sempre sonhou, e nunca teve, no Manchester Ciy e seria titular absoluto da equipe. Situação que encaminharia de vez a disputa da Copa do Catar.
A transação foi fechada.
Palmeiras e City lucraram.
Ele está rico, pai de uma menina, Helena.
Terá mais chance de brigar por uma vaga no Mundial .
O atacante sai do Manchester City com um leve toque de frustração.
Mas jamais irá admitir publicamente.
E Guardiola mostrou não ser infalível.
Gabriel Jesus nunca foi o 'substituto ideal' para Sergio Aguero.
O maior artilheiro da história do Manchester City, com 260 gols...
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