Globo impôs clássico na segunda. Assim nasceu "matar os gambás"
A Globo exerceu poder de escolher dia e horário dos jogos no Paulista. Desesperou o presidente do Santos, que perdeu o bom senso
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Segunda-feira, às 20 horas.
Quando o presidente José Carlos Peres soube que a Globo impôs que a semifinal do Paulista seria em um dia de semana, às 20 horas, no Pacaembu, se viu encurralado.
A chance de ganhar dinheiro, como clube mandante, estava para ir ao ralo.
Ele esperava vender os 37.730 lugares disponíveis no estádio.
Sonhava com a decisão no domingo dia 7, às 16 horas.
Ou até no sábado dia 6, ás 18 horas.
Na sua visão o confronto teria de ser no final de semana.
"Se o Corinthians fosse o mandante também não me agradaria jogar na segunda-feira", disse, com todas as letras, o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez.
Como a Globo é dona do direito de transmissão das partidas, ela exige quando quer e qual horário quer. A Federação Paulista, submissa pelo dinheiro, apenas homologa.
A emissora carioca exigiu o clássico decisivo na segunda-feira por dois motivos.
O primeiro é dinheiro.
O jogo será mostrado pelo Premiere, ou seja, só quem paga caro assiste.
É muito comum bares, restaurantes e público em geral comprar apenas eventos decisivos.
Essa é a aposta.
A segunda razão é alavancar o programa de Galvão Bueno, Bem Amigos.
Por contrato com os clubes, as estrelas do confronto, geralmente os técnicos e um atleta de cada time, precisam ficar à disposição de entrevistas exclusivas para o Bem, Amigos, atração do Sportv, após as partidas.
A semifinal poderia ser dividida no próximo final de semana com um jogo no sábado e outro no domingo.
Sem problema algum de segurança.
Só que a Globo não quis.
A Federação Paulista repetiu o que faz todos os anos.
Declarou que a decisão foi 'dos clubes'.
Ao perceber que o Santos seria mandante na segunda-feira, péssimo dia para futebol, resolveu agir.
Sem o menor bom senso.
E, de caso pensado, fez a pior opção.
Chamar os santistas para 'matar os gambás'.
Os clubes e federações permitem.
A Globo paga.
E faz o que quer com o futebol brasileiro.
Pensa apenas nos seus cofres.
E ponto final...
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